"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 28, 2013

EXPECTATIVA x REALIDADE - Petebras: que fase!


A Petrobras comemorou 60 anos neste mês.
Deveria ser um momento de festa, ainda mais no país do pré-sal. 
Mas a maior empresa brasileira vive mau momento: 
nota de risco de crédito rebaixada, o maior endividamento do mundo e lucros em queda livre. A companhia é um dos mais gritantes exemplos dos males que um Estado balofo, perdulário, ineficiente e transformado em arma política pode causar ao bem-estar de uma sociedade.

Os últimos dias, porém, foram especialmente pródigos em ruindades. 
Que fase!

No último dia 3, quando completou 60 anos de existência, a Petrobras viu sua nota de risco de crédito ser rebaixada pela Moody's, uma das mais importantes agências de classificação do mundo. "O rebaixamento reflete a alta alavancagem financeira da Petrobras e a expectativa de que a empresa vai continuar a ter grande fluxo de caixa negativo nos próximos anos.
 A perspectiva permanece negativa", justificou a Moody's.

Logo depois, um relatório do Bank of America Merril Lynch apontou a Petrobras como a empresa não financeira mais endividada do mundo. 
Desde a descoberta do pré-sal, a dívida da estatal multiplicou-se por quatro, sem, contudo, produzir resultados visíveis. O endividamento decorre das necessidades da companhia para levar adiante seu ambicioso plano de negócios, que prevê investimentos de US$ 237 bilhões até 2017.

No entanto, com os preços dos produtos que vende congelados pela política de controle artificial de inflação adotada pela gestão petista, a Petrobras não gera caixa em volume suficiente para fazer frente a suas obrigações. 
Sua produção também não aumenta como o projetado - há dez anos, as metas traçadas não são cumpridas. Com isso, o desempenho negativo se perpetua e o rombo só faz crescer.

Na sexta-feira, a divulgação dos resultados alcançados pela Petrobras no terceiro trimestre coroou a má fase. O lucro da empresa caiu 39% em relação ao mesmo período de 2012 e 45% na comparação com o segundo trimestre. 
A Petrobras lucrou R$ 3,4 bilhões, enquanto a expectativa média dos analistas era que o valor alcançasse R$ 6 bilhões. 
Não passou nem perto.

A dívida líquida da Petrobras continuou sua escalada Himalaia acima. 
Atingiu R$ 193 bilhões, com alta de 30% só neste ano.
 O valor já equivale a mais do triplo do chamado Ebitda, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, anualizado. 
Patamar tão alto pode pôr em risco o grau de investimento da companhia, encarecer ainda mais seu crédito e afastar de vez investidores da empresa.

Graça Foster, a presidente da empresa, divulgou comunicado ao mercado em que não mede palavras para descrever a situação calamitosa por que passa a Petrobras. Admite que a defasagem de preços cobrados pelos combustíveis que a empresa produz está dificultando muito a vida da estatal. 
Por esta razão, foi posta sobre a mesa do conselho de administração da companhia a adoção de uma nova metodologia para a definição automática dos preços - algo que existia até 2003 e a gestão petista abandonou.

Segundo estimativas de mercado, os preços da Petrobras estão defasados entre 7% e 15%. Os prejuízos registrados pela área de refino da empresa já somam R$ 12,3 bilhões apenas neste ano. Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura, calcula que, desde 2002, as perdas da companhia com a defasagem dos preços chega a R$ 48 bilhões. 
Sangria assim empresa nenhuma aguenta.

A este pesado fardo, na semana passada a Petrobras acrescentou mais um: participar do consórcio que arrematou o campo de Libra na proporção de 40%. Com isso, nos próximos dias, o combalido caixa da empresa terá de se desfazer de R$ 6 bilhões, cerca de 10% de suas disponibilidades. 
A estatal também será a operadora única dos poços, arcando com grossa fatia dos US$ 200 bilhões de investimentos projetados.

A Petrobras dispõe de uma excelência raramente vista em empresas petrolíferas. Lidera a tecnologia de exploração em águas profundas e possui corpo técnico dos mais gabaritados no mundo. Mas está sendo asfixiada por uma gestão que a transformou em instrumento de temerárias políticas de um governo que acha que o Estado tem que tomar conta de tudo. 
Se esta sobrecarga consegue tombar uma empresa-gigante como a Petrobras, imagine o estrago que faz nas demais.

ITV

Petrobras: que fase!

PETEBRAS : Riscos ambientais no pré-sal

Com grande atraso, uma vez que era previsto em lei desde o ano 2000, o governo lançou nesta semana o Plano Nacional de Con­tingência (PNC) para casos de vazamento de petróleo de gran­des proporções no mar.

Um esquema desse tipo era reclamado pela sociedade, principalmente depois do grande acidente em um poço da British Petroleum (BP) no Golfo do México, em 2010, cujos efeitos devastadores soaram como um aleita mundial com relação à possibilidade de desastres em plataformas marítimas.

O PNC, anunciado um dia depois do leilão do Campo de Libra, representa um avanço, mas a adoção das medidas previstas é cercada de condicionantes - dependerá da quantidade de óleo vazado, dos impactos ambientais, da sensibilidade da área atingida e da capa­cidade das operadoras de solu­cionar o problema.

"Não é uma coisa objetiva, mas um conjunto de valores que serão analisados individualmente ou de maneira coletiva", afirmou o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Almeida. Assim, o PNC não seria posto em prática, por exemplo, no caso do vazamento ocorrido em 2011 no Campo de Frade, na Bacia de Santos, sob responsabilidade da Chevron e da Transocean. Segundo Almeida, "o volume que vazou foi para alto-mar e não provocou consequência nenhuma".

Ele se esqueceu de mencionar os danos à vida marinha e a controvérsia que o episódio gerou, resultando em ações na Justiça. Se aquele acidente foi visto com leniência pelo governo, pode-se imaginar o tratamento que se daria à Petrobrás, fosse ela a responsável. Lembre-se de que também já houve vazamento de 160 barris de petróleo na área do pré-sal no ano passado, no Campo de Carioca, operado pela estatal, igualmente na Bacia de Santos. 

O poço foi fechado na fase de testes.
No pré-sal, sendo as perfurações feitas a grandes profundidades, podendo ultrapassar 7 km, os riscos são grandes, tanto na fase de testes como na de exploração. Mas no papel, ao menos, o PNC institui um esquema articulado para emergências, envolvendo a participa­ção de diversos órgãos oficiais.

A coordenação caberá à Marinha, se o acidente ocorrer em águas internacionais; ao Ibama, se for dentro das fronteiras ma­rítimas nacionais; e à Agência Nacional do Petróleo (ANP), responsável também por aci­dentes que envolvam estrutu­ras submarinas de perfuração e produção de petróleo. 


O plano prevê que os custos de limpeza serão da operadora, que estará sujeita à aplicação de multas mais rigorosas - que, segundo a ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira, podem che­gar a R$ 1 bilhão, dependendo da gravidade.


A ênfase, naturalmente, deve recair sobre a prevenção de vazamentos. Sob esse aspecto, o PNC, além de delegar atribui­ções, estabelece medidas a serem tomadas para reduzir ris­cos, destacando-se entre elas a criação do Sinóleo, um sistema de monitoramento em tempo real de acidentes no mar, o que requererá a aquisição de equipa­mentos modernos e treinamen­to para capacitação de pessoal.

Logo após o leilão de Libra, a presidente da Petrobrás, Graça Foster, disse que o campo é o "grande desafio" para a empre­sa, e o ponto crucial é justamen­te como operá-lo. Sob o ponto de vista de segurança, as responsabilidades da estatal au­mentam exponencialmente, tanto mais considerando que é a única operadora do pré-sal, de acordo com o marco regulatório em vigor.

Dessa forma, no caso de aci­dentes considerados de gran­des dimensões, caberá à esta­tal o ônus de tomar as medi­das de prevenção absoluta­mente indispensáveis, bem co­mo arcar com os eventuais custos de limpeza, penas pecu­niárias e indenizações a em­presas ou pessoas prejudica­das por vazamentos.

Resta esperar que os órgãos do governo incumbidos de exe­cutar o plano, especialmente a ANP, ajam com rapidez em ca­so de acidentes, não se deixan­do enredar por empecilhos bu­rocráticos comuns quando vá­rios órgãos são envolvidos. É in­dispensável também total transparência, com vista inclu­sive a evitar especulações no mercado acionário. 

 O Estado de S. Paulo

O JEITO GERENTONA 1,99 FRENÉTICA/EXTRAORDINÁRIA DO PARLAPATÃO CACHACEIRO DE "GUVERNÁ" : País perde espaço nas transações globais


O Brasil tem hoje a maior tari­fa de importação sobre produ­tos industrializados entre as economias do G-20 e está fo­ra das grandes cadeias glo­bais. Isso é o que revela um le­vantamento publicado pela Organização Mundial do Co­mércio (OMC), cujos núme­ros apontam ser o Brasil hoje um mero abastecedor de li­nhas de produção que, em ou­tros mercados, darão maior valor agregado a produtos.

Os dados mostram que o go­verno brasileiro usou a última década para promover uma im­portante elevação nas tarifas de importação. Em 2004, a média aplicada sobre produtos entran­do no País era de 10,4%. Em 2008, essa tarifa passou a 11,5%. Hoje, ela chega a 13,5%. Se ape­nas os produtos industrializa­dos forem calculados, na média, ela sobe para 14,1%, a maior en­tre todas as economias do G-20.

O governo brasileiro insiste que tem o direito de aplicar es­sas tarifas. Isso porque, nos anos 90, se comprometeu na OMC a manter suas tarifas abai­xo de 35%. O governo também alega que os países ricos não têm do que se queixar, já que as importações têm sofrido forte elevações nos últimos anos. De fato, a OMC constata que o Bra­sil seria um dos principais im­portadores do mundo, com au­mento médio de 17% ao ano en­tre 2005 e 2012. Só a China au­mentou em 33% a cada ano suas vendas ao Brasil desde 2005.

Ainda assim, especialistas apontam que o comportamen­to protecionista brasileiro po­de estar tendo um impacto na produção nacional e afetando até mesmo as exportações. Isso porque as barreiras estariam im­pedindo que multinacionais op­tem por escolher o País como base de exportações de alto va­lor agregado que necessitem de insumos vindos de fora. As tarifas ainda estariam dificultando o acesso de empresas nacionais a produtos de ponta, prejudi­cando sua competitividade pa­ra depois exportar produtos de maior valor agregado.

De tudo que se vende do Bra­sil ao mundo hoje, 88% é de fa­bricação inteiramente nacio­nal. A taxa é uma das mais altas do mundo e só é superada por Brunei e por Arábia Saudita, com mais de 90%. A taxa brasileira ainda está bem acima dos 75% da média mundial.

Se aparentemente o índice brasileiro poderia ser considera­do algo como positivo e uma prova da capacidade da indús­tria nacional, na economia globalizada atual o dado é visto por especialistas como um sinal do fracasso da política comercial do País para se inserir de forma competitiva no mundo e de ser o ponto final da produção de bens de alto valor.

Os dados mostram que, no fundo, o Brasil se transformou nos últimos anos em mero abastecedor de cadeias produtivas estrangeiras que, em algum lu­gar do mundo, montarão produ­tos finais com alto valor agrega­do. Hoje, o Brasil é o 1oo.° maior exportador de bens intermediá­rios. Dos US$ 242 bilhões vendi­dos em 2012, US$ 168 bilhões ser­viram para fornecer outros paí­ses na construção de um produ­to final, e de maior valor.

De cada dez reais exportados, sete servem para abastecer uma linha de produção que adiciona­rá valor ao produto final.

Os dados também mostram que a participação do Brasil no mercado global no setor indus­trializado é insignificante. O País, por exemplo, representa 0,3% do abastecimento de bens manufaturados da Europa. En­tre 2005 e 2012, as vendas au­mentaram apenas 2% ao ano.

No mercado americano, os produtos brasileiros perdem es­paço para a China. Hoje, bens industrializados do Brasil aten­dem a apenas 0,9% das importa­ções dos EUA e, nos últimos se­te anos, o país viveu uma queda de 2% ao ano. Em 1953, o Brasil tinha 1,4% do mercado mun­dial. Hoje, tem 1,3%, incluindo agricultura e minérios.

De fora. Uma história bem dife­rente aparece entre os importa­dos. O fluxo de bens ao País do­brou em dez anos. Em 2000, o País consumia 0,7% de tudo o que se importava. Hoje, essa ta­xa é de 1,3% e os dados mostram um déficit cada vez maior em setores estratégicos da nova economia.

O problema é que essa alta não vem no abastecimento de indús­trias, mas principalmente em bens de consumo. No setor de te­lecomunicações, o Brasil tripli­cou suas importações em dez anos, para um total de US$ 9 bi­lhões. A elevação só foi superada por sauditas e pela economia de Cingapura. Hoje, o Brasil é o 12o.° maior importador do mun­do em produtos de tecnologia.

Já as exportações desse setor seguiram um caminho inverso. As vendas nacionais são hoje me­tade do que eram em 2000 e re­presentam apenas 0,3% das ex­portações brasileiras, taxa que só perde para a economia saudita.

Jamil Chade/O Estado de S. Paulo

E NA REPÚBLICA DE TORPES... Pornopolítica e black bloc

A História mundial está repleta de exemplos inspira­dores. E a saga brasileira, tam­bém. Os defeitos pessoais e as limitações huma­nas dos homens públicos, inevi­táveis e recorrentes como as chuvas de verão, não matavam a política. 
Hoje, no entanto, as­sistimos ao advento da pornopolítica. 
A vida pública, com ra­ras e contadas exceções, trans­formou-se num espaço mafioso, numa avenida transitada por governantes corruptos, po­líticos cínicos e gangues espe­cializadas no assalto ao dinhei­ro público.

O custo humano e social da corrupção brasileira é assusta­dor. 
O dinheiro que desaparece no ralo da delinquência é uma tremenda injustiça, uma bofeta­da na cidadania, um câncer que, aos poucos e insidiosamente, vai minando a República. As ins­tituições perdem credibilidade numa velocidade assustadora. Os protestos que tomam conta das cidades precisam ser inter­pretados à luz da corrupção epi­dêmica, da impunidade cínica e da incompetência absoluta da gestão pública.
A violência "black bloc", equivocadamente, visa a chamar a atenção de um Estado ausente. É a conclusão a que chegaram os pesquisadores Esther Solano, professora de Relações In­ternacionais da Unifesp, e Ra­fael Alcadipani, professor de Es­tudos Organizacionais da FGV- Eaesp, em recente matéria espe­cial para o jornal Folha de S.Pau­lo. A pesquisa consistiu em acompanhar de perto as mani­festações, observar, perguntar, conversar com pessoas que utilizam a tática "black bloc", poli­ciais e membros da imprensa. O universo "black bloc" é compos­to por jovens que estão na faixa etária entre 17 e 25 anos. São de classe média baixa, a maioria tra­balha, alguns são formados ou estão se formando em universi­dades particulares.

Das conversas que tiveram e das observações que realiza­ram ficou claro que para esses jovens a violência simbólica funciona como uma forma de se expressarem socialmente, um elemento provocador que tem o intuito de captar a aten­ção de um Estado percebido co­mo totalmente ausente. O uso da violência simbólica também serve, na versão deles, para in­duzir a sociedade a refletir so­bre a necessidade de uma mu­dança sistêmica: 
"Protesto pací­fico não adianta nada, só com violência é que o governo enxer­ga nossa revolta". A intenção é transgredir, incomodar, deixar visibilidade, chamar para um debate. Exemplos de frases que retratam isso são: 
"A causa de o Black Block agir é o descaso pú­blico. As pessoas estão sendo torturadas psicologicamente pelo cotidiano, não somos vân­dalos, vândalo é o Estado, que deixa as pessoas horas esperan­do na fila do SUS".

A pesquisa cumpriu um papel importante: 
procurou entender o que se passa na cabeça do pes­soal e decodificar o seu recado. A violência, não obstante even­tuais matizes ideológicos e for­tes marcas de vandalismo antissocial, está intimamente relacio­nada com uma percepção de que o Estado está na contramão da sociedade. 
O cidadão paga impostos extorsivos e o retomo dos governos é quase zero. 
Tu­do o que depende do Estado fun­ciona mal. 
Educação, 
saúde, 
se­gurança, 
transporte são incompatíveis com o tamanho e a im­portância do Brasil. 
Os gastos públicos aumentam assustado­ramente. 
O número de ministérios é uma piada.
 A corrupção rola solta. 
A percepção de impu­nidade é muito forte.

A situação do julgamento do mensalão, independentemente das razões técnicas que fun­damentaram alguns votos, transmitiu ao cidadão médio a convicção de que a lei não vale para todos. Estão conseguindo demonizar a política e, conse­quentemente, empurrando a democracia para uma zona de risco. Os governantes precisam acordar. As vozes das ruas, nas suas manifestações legítimas e mesmo nos seus excessos, espe­ram uma resposta efetiva, e não um discurso marqueteiro. A crise que está aí é brava. A gordura dos anos de bonança acabou. A realidade está gritando no bol­so e na frustração das pessoas. E não há marketing que supere a força inescapável dos fatos. O governo pode perder o contro­le da situação.

Nós, jornalistas, temos um papel importante. Devemos dar a notícia com toda a clareza. Precisamos fugir do jornalismo declaratório. Nossa missão é confrontar a declaração do go­vernante com a realidade dos fatos. Não se pode permitir que as assessorias de comunicação dos políticos definam o que de­ve ou não ser coberto. O jorna­lismo de registro, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas oculta a verdadeira dimensão do País real. Precisa­mos fugir do espetáculo e fazer a opção pela informação. Só as­sim, com equilíbrio e didatismo, conseguiremos separar a notícia do lixo declaratório.

Campanhas milionárias, pro­messas surrealistas e imagens produzidas fazem parte do mar­keting de alguns políticos e governantes. Assiste-se, diariamente, a um show de efeitos es­peciais capazes de seduzir o grande público, mas, no fundo, vazio de conteúdo e carente de seriedade. O marketing, ferra­menta importante para a trans­missão da verdade, pode ser transformado em instrumento de mistificação. Estamos assis­tindo à morte da política c ao advento da era da inconsistên­cia. Os programas eleitorais vendem uma bela embalagem, nus, de fato, são paupérrimos na discussão das ideias. 

Nós, jornalistas, somos (ou devería­mos ser) o contraponto a essa tendência. Cabe-nos a missão de rasgar a embalagem e desnu­dar os candidatos.
Transparência nos negócios públicos, ética, boa gestão e competência são as principais demandas da sociedade. Me­mória e voto consciente com­põem a melhor receita para sa­tisfazê-las. Devemos condenar a violência "black bloc", sem dúvida. Mas devemos também bater forte na pornopolítica. Ela está na raiz da espiral de vio­lência que sequestra a esperan­ça dos jovens e ameaça a nossa democracia.
Carlos Alberto Di Franco
O Estado de S. Paulo