"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 08, 2015

ESTÁ DURA A VIDA

Políticas e iniciativas do governo do PT tendem a tornar a sobrevivência mais custosa, o emprego mais difícil, o dia a dia mais penoso. A recessão vai surgindo em flashes

Está dura a vida no Brasil e, possivelmente, vai ficar pior. Políticas e iniciativas do governo tendem a tornar a sobrevivência ainda mais custosa, o emprego bem mais difícil, o dia a dia muito mais penoso. É a inflação que não cede, a fila do desemprego que cresce e o custo do dinheiro mais alto a cada dia, no mesmo momento em que a gestão do PT faz avançar seu arrocho recessivo.

A inflação brasileira alcançou em apenas quatro meses a meta prevista para o ano todo. Segundo divulgou o IBGE nesta manhã, até abril o custo de vida no país subiu 4,56%, acima, portanto, da meta de 4,5% fixada para 2015. É a mais alta para o primeiro quadrimestre desde 2003.

Neste ano, assim como aconteceu nos últimos quatro, novamente a política econômica irá fracassar em baixar os índices de preços no país. O Banco Central, mais uma vez, promete ter sucesso no combate à carestia - só que, agora, apenas no fim de 2016...

A meta, na realidade, transformou-se em peça de ficção. Nos últimos 12 meses, os preços ficaram 8,17% mais altos em média no país, depois da alta de 0,71% registrada em abril. É a inflação do choque elétrico: a alta da energia - aquela que Dilma Rousseff e o PT diziam que ficaria baratinha - acumula aumento de 60% em um ano.

O remédio amargo para a carestia tem sido o venenoso elixir dos juros elevados. Desde o fim do ano passado, a taxa real tornou-se a mais alta do mundo e deve subir ainda mais, de acordo com o que comunicou o Banco Central por meio da ata relativa à reunião do Copom realizada na semana passada, quando a Selic - aquela que Dilma e o PT juravam que não subiria - sofreu seu quinto aumento seguido e foi a 13,25% ao ano. É "o aperto mais intenso em dez anos", analisa o Valor Econômico.

Esta combinação tóxica deprime a atividade econômica, afasta investimentos, freia a produção e, pior de tudo, gera desemprego. Ontem o IBGE divulgou que a situação do mercado de trabalhou brasileiro piorou bastante no primeiro trimestre deste ano, e todas as análises apontam para um horizonte ainda mais grave doravante.

A taxa de desemprego atingiu 7,9% no trimestre até março. O índice médio - o mesmo que Dilma e o PT afirmavam que era "o mais baixo do mundo" - já é superior ao de economias que até outro dia estavam na lona. Em casos específicos, como no Nordeste, é ainda mais elevado. Desde dezembro, o contingente de desocupados aumentou 1,5 milhão.

A única resposta que o governo do PT tem a dar a este desarranjo que ele próprio criou é o arrocho recessivo, com perda de direitos trabalhistas, corte de benefícios previdenciários, aumento de impostos e alta de tarifas públicas. Com o torniquete cada vez mais apertado, a asfixia caminha para tornar-se mortal.

Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela

Sua conta de luz subiu? Ela vai aumentar ainda mais.


Os brasileiros podem preparar o bolso para mais um ano de aumento nas contas de luz. O preço médio da energia para consumidores já subiu 32% em 2015 e deve chegar ao fim do ano com um aumento acumulado de 45%. Para o ano que vem, é esperado um reajuste de mais 30%, de acordo com uma estimativa da consultoria Thymos. Na prática, isso significa que uma família de São Paulo que pagava 82 reais na conta de luz em 2013 pode passar a pagar quase 225 reais no ano que vem.

A conta de luz está encarecendo por causa do acionamento das termelétricas, plano executado desde 2012. Naquele ano, o governo tentou baixar a conta de luz de maneira artificial, renegociando os contratos com as distribuidoras de energia. O consumo de energia foi incentivado através do barateamento da conta, contrariando todos os sinais de que o período seco poderia ser mais rigoroso, o que causaria um esvaziamento os reservatórios das hidrelétricas.

O planejamento de geração de energia foi negligenciado por anos e, quando o cenário de seca se confirmou, a única solução emergencial foi pagar caro pela energia. O Brasil só escapou de um novo apagão porque recorreu à energia térmica, que chega a ser quatro vezes custosa que a hidrelétrica. A última vez em que as usinas hidrelétricas ficaram tão secas em maio foi em 2001, na véspera do último racionamento oficial. Os reservatórios da região Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por dois terços da geração hidráulica no país, estão com 34,2% da capacidade total. Em 2001, o ano do racionamento, marcavam 29,7% do total nesse mesmo período do ano.

O governo mostra que está disposto a pagar o que for necessário para evitar o decreto de um racionamento. O plano é continuar com as termelétricas a todo vapor e recorrer a planos emergenciais, como a compra de energia de geradores instalados em empresas, indústrias e comércios. Além do planejamento falho, o governo terá que lidar com o problema das geradoras, que estão se endividando para comprar energia no mercado de curto prazo para compensar o déficit de geração ocasionado pelos baixos níveis dos reservatórios. 

A fatura será repassada a todos os brasileiros.
 Especialistas do setor acreditam que a situação não se resolverá tão cedo. 

"Os repasses na conta de luz nos próximos dois anos serão inevitáveis. O consumidor já está em uma situação de arrocho, com o avanço da inflação e do desemprego, e terá que continuar custeando a falta de planejamento do governo", afirma Christopher Vlavianos, presidente da Comerc.

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