"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 05, 2014

As elites vermelhas


Lula inventou uma bizarra luta de classes, em que não são os pobres que odeiam os ricos por sua opressão, exploração e privilégios, são os ricos que não suportam que os pobres comam, tenham um teto e, suprema afronta, viajem de avião pagando em dez vezes. E não se contentam em explorá-los e desprezá-los, amam odiá-los, logo eles, que vão consumir os bens e serviços que os ricos produzem para ficarem ainda mais ricos. Isso não é coisa de rico, é de burro, e Lula, rico, de burro não tem nada.

Com o país vivendo uma era de prosperidade desde o Plano Real, os três governos petistas não só tiraram milhões da miséria e alçaram milhões da pobreza à classe média, como criaram uma nova classe de ricos, ocupando milhares de cargos no governo, nas estatais, nos estados e nas prefeituras. 

É o pleno emprego, partidário.

Apenas com os altos salários e vantagens, sem falar nas infinitas possibilidades de intermediações, roubos e achaques, são legiões de novos ricos que formam uma “elite vermelha” — que ama os pobres, mas adora o luxo porque ninguém é de ferro, e não xinga presidentes, a não ser Sarney, Collor e FH. 
Nos anos 60, havia a “esquerda festiva”, mas hoje a esquerda é profissional. 
É o povo no poder… rsrs.

Pior do que ser pobre, que pode ficar rico, é ser burro, que não vira inteligente, ou fanático, para acreditar nisso. Mesmo rico e inteligente, Lula não está percebendo que velhos truques não estão mais funcionando — e está difícil criar novos bordões e bravatas. 
Essa de odiar os pobres não colou, porque os ricos agora “é nóis”. Como um Felipão atordoado, Lula volta ao velho “nós contra eles”, que o derrotou três vezes e o obrigou a fazer a “Carta aos brasileiros” para ganhar a eleição.

Doze anos de governos de um partido, até de bons governos, de qualquer partido, produzem profundo e inevitável desgaste e provocam desejos de mudança no eleitorado que progrediu nesse tempo, que está mais informado e exigente, e quer mais e melhor. Mas quando um governo é mal avaliado, com crescimento baixo e inflação alta, vítima de seus próprios erros...

É o eles contra eles.
Nelson Motta 
O Globo

UM EXEMPLO! A COPA DAS COPAS FEITA PARA "INGLÊS" VER E O BRASIL REAL ATRÁS DO TABIQUE QUE O "INGREIS NUM VÊ" : Fortaleza, sede da desigualdade na Copa do Mundo

Fortaleza tem sido o terceiro destino mais procurado na Copa 2014. Encanta pelo litoral, pela hospitalidade, mas abriga situações contraditórias. São várias as fortalezas dentro de uma só. Primeira cidade a entregar um dos estádios da Copa, não conseguiu ainda reduzir os fortes contrastes sociais. Apontada pelo relatório das Nações Unidas 'State of the World Cities’ como uma das 20 cidades mais desiguais do mundo, a capital cearense possui 75,7% dos bairros com Índice de Desenvolvimento Humano por Bairro (IDH-B) menor que 0,5 — quanto mais próximo de zero, piores as condições locais de desenvolvimento humano.

Nestes bairros habitam a maior parte das 134 mil pessoas que vivem em situação de extrema pobreza. Segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano 2013, esta população sobrevive com uma renda per capita média de R$ 39,42 mensais. Na quarta capital em número de aglomerados subnormais (ou seja, ocupações irregulares e/ou ilegais vivendo com serviços públicos precários), ao todo 369.370 habitantes (16% da população total) vivem em condições mínimas de vida, de acordo com dados do Censo Demográfico 2010 do IBGE.
Constraste nos arredores do Castelão - IGOR DE MELO

Para esta população, a notícia da vinda da Copa do Mundo e seus investimentos trouxe esperanças de melhoria na qualidade de vida. Entretanto, não é o que está acontecendo. Segurança, transporte, saneamento básico e moradia são algumas das lutas daqueles que moram em regiões cujo o IDH está entre os mais baixos da capital. O Índice de Gini de Fortaleza, por exemplo, é de 0,61 — o valor varia de zero (perfeita igualdade) até um (desigualdade máxima), e serve para medir o grau de desigualdade existente segundo a renda domiciliar per capita.

Em locais como as Grandes Regiões do Jangurussu, Ancuri e Bom Jardim, que juntas formam uma população de aproximadamente 300 mil habitantes, esta situação é bem clara. A poucos metros da Arena Castelão, vivem 63 mil pessoas às margens do antigo aterro sanitário do Jangurussu. 
A elas não falta apenas acesso aos jogos. Faltam condições essenciais para a garantia de direitos humanos.

Conjunto Novo Barroso, que integra o Grande Jangurussu - Igor de Melo
No Jangurussu (IDH-B 0,1), o aterro foi desativado há 16 anos, mas até hoje o chorume - líquido escuro que contém alta carga polidora e é proveniente de matérias orgânicas em putrefação - ainda brota da terra. A região trava uma luta histórica pelo saneamento básico, as casas não têm sequer fossa séptica e sofrem em dias de chuva com o esgoto invadindo as residências.

O Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Jeovah Meireles, comenta que o chorume, além de atingir a bacia hidrográfica do rio Cocó, contamina outros sistemas ambientais como o manguezal, as lagoas associadas e o lençol freático.

Um conjunto de impactos ambientais que, analisados, levando em conta as pessoas que moram nas imediações e que não tem acesso ao saneamento básico, estas são atingidas diretamente pelo chorume e demais derivados dos efluentes domiciliares. Evidencia-se aí, danos socioambientais de elevada magnitude, violação dos direitos humanos e injustiça ambiental — afirma Meireles.

A assessora político pedagógica da Organização Não Governamental (ONG) Diaconia, Luciana Brilhante, que trabalha nestas três grandes regiões (Jangurussu, Ancuri e Bom Jardim), atenta que com os protestos e manifestações que eclodiram desde a Copa das Confederações, também surgiram vários sentimentos de indignação em relação à situação vivida nos locais mais pobres, tais como a dificuldade de acesso à saúde, educação e violência.

 Na vivência dentro destas comunidades ouvimos muito a revolta aflorada com os gastos e investimentos com as obras da Copa, quando no dia a dia eles não têm nem os direitos mais básicos — diz Luciana.
No conjunto Novo Barroso (que integra o Grande Jangurussu) mora a dona-de-casa Albaniza da Silva. De sua residência, com vista para o Castelão, não existe iluminação pública desde o dia 10 de maio. No dia do jogo do Brasil e México, em Fortaleza, além dos gritos das torcidas, ela escutou outro mais forte, o de um homem sendo esfaqueado na esquina da sua casa.
A gente sabe que todos gostam de futebol, mas é inadmissível que, por conta de uma Copa, as pessoas que moram na periferia fiquem abandonadas, sejam esquecidas e completamente desrespeitadas, como se aqui não morassem pessoas, cidadãos que pagam seus impostos — desabafa Albaniza.

Fora a deficiência na segurança e a falta de saneamento, as três linhas de ônibus que servem à comunidade não conseguem prestar o serviço, pois as ruas que dão acesso ao bairro estão intransitáveis.

Enquanto isso a gente tem que se deslocar para locais distantes, correndo risco de vida. E, logo ali na Avenida Paulino Rocha tem um monte de ônibus levando os turistas de graça para o jogo. Dessa forma nós nos sentimos desrespeitados. Enquanto a gestão passa uma impressão boa da cidade para as pessoas de outros países, nós que moramos aqui estamos a mercê do que eles nos impõem, o completo abandono.
Barracos na Grande Jangurussu - Igor de Melo
Os ônibus gratuitos aos quais Albaniza se refere correspondem a um total de 300 transportes disponibilizados pela Prefeitura de Fortaleza para quem estiver com ingresso da Copa, e outros 50 para o local da Fan Fest, no aterro da Praia de Iracema. Alguns destes veículos trafegam, em dias de jogos, na Arena Castelão, pelas Avenidas Paulino Rocha, Alberto Craveiro e Juscelino Kubitschek levando os torcedores até os portões do estádio. As duas primeiras vias foram ampliadas e os investimentos estão em torno de R$ 87,5 milhões, conforme informações da Secretaria de Infraestrutura de Fortaleza. O recurso foi utilizado para construção de dois BRTs , rotatória e túnel.

Já no Grande Bom Jardim (IDH-B 0,1), a violência e a droga atinge grande parte dos jovens. Pertencente à Área Integrada de Segurança II (AIS II), mais violenta da Região Metropolitana de Fortaleza, onde os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSPDS) apontam que, somente em 2013, foram registrado 506 assassinatos, uma média de 42 registros por mês. Dos 19 bairros que integram a AIS II, cinco são do Grande Bom Jardim.

A situação não é muito diferente do Jangurussu. Os bairros que integram a região estão entre os mais pobres e com a mais baixa renda por pessoa da capital. Bom Jardim, Canindezinho, Granja Lisboa, Granja Portugal e Siqueira reúnem mais de 204 mil habitantes. O Grande Bom Jardim possui 20.459 pessoas vivendo com até R$ 70,00 mensais, ou seja, em situação classificada como de extrema pobreza.

Em carta aberta às autoridades, assinada por diversas lideranças comunitárias e mais de 30 entidades não governamentais, a população pede tanto por paz, quanto por melhorias nas condições de desenvolvimento humano, tais como acesso emprego, renda, esporte, lazer e saúde.

SEM DINHEIRO PARA IR À PRAIA
Regina Machado, 52 anos, mora no Bom Jardim e é uma das que assinou a carta. A Fortaleza que ela conhece não protege e não abriga ninguém. Se a cidade é turística por causa das atrações litorâneas, a realidade que Regina convive é a de pessoas que não vão à praia porque é longe, e porque não têm dinheiro para pagar o ônibus.
Aqui tem menino que nem conhece a praia, quanto mais entrar no Castelão. Nosso Castelão é a rua aqui da frente, que os meninos colocam a travinha e vão jogar. Quando muito a gente vai pedindo de real em real para conseguir alugar o campo vizinho, mas aí é só em datas comemorativas.

O que ela diz é traduzido na rima de João Bruno, 23 anos, um dos jovens atendidos pelo Projeto Paz. Quando indagado sobre a Fortaleza em que vive, de pronto ele responde:

Vivendo em gueto, sobrevivendo em favela. Aqui vida real é censurada em novela. A criança passa fome, o cara atira e some. Feche sua porta cedo, cuidado com o lobisomem.

Sobre o impacto da Copa nas vidas da população, a advogada e integrante do Comitê Popular da Copa, Magnólia Said, aponta como resultado uma maior desigualdade.

A mobilidade se restringiu a facilitar a locomoção de turistas e do setor do empresariado nacional e internacional entre o aeroporto, terminal de passageiros no porto e nos hotéis e destes para a Arena Castelão. Do nosso ponto de vista, o grande legado é a desestruturação em termos econômicos, sociais e psicológicos de todas essas famílias que têm sido brutalmente agredidas pela gestão pública.

Ao GLOBO, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Fortaleza, Robinson de Castro, informou que uma gama de programas atingem as grandes regiões do Jangurussu, Ancuri e Bom Jardim. Em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico afirmou que estes serviços, programas e projetos têm a finalidade de desenvolver a economia da cidade, com foco na geração de emprego e renda. Dessa forma, políticas de desenvolvimento e atração de empresas vêm sendo elaboradas, para atender microempresas, empresas de pequeno porte, médio porte ou, ainda, microempreendedores individuais para a região.

Todas essas ações são norteadas com base nos indicadores por bairros da cidade, medidos pela Secretaria, inclusive o Índice de Desenvolvimento Humano - que fornece indicativo de bairros que necessitam de uma maior atenção. 

POR THAYS LAVOR
O Globo

QUARTAS DE FINAL ! EM TEMPO DE COPA DAS COPAS... Na economia, nem todos os países batem um bolão


Os confrontos das quartas de final, que começam hoje(04/07), indicam um equilíbrio nas partidas em uma Copa do Mundo em que todos os grandes favoritos, incluindo o Brasil, passaram por agruras em algum jogo até o momento. Mas, fora de campo, a situação das nações rivais é bem diferente. 
Na economia, quatro países são considerados desenvolvidos mas alguns deles ainda enfrentam dificuldades para retomar o crescimento e resolver o desemprego, enquanto outros quatro são considerados em desenvolvimento.

Nesse segundo grupo há desde queridinhos do mercado a países que, como a Argentina, a cada dia ampliam crises e insegurança. 

Alemanha e França, por exemplo, representam o duelo entre duas lideranças europeias. Nos gramados, as duas seleções se destacam pelos ataques, mas, na economia, a França está na retranca e ainda não conseguiu decolar após a crise de 2008. Já a Alemanha confirmou ser o grande motor europeu, ganhando espaço sobre os vizinhos. As duas nações são as maiores economias do continente, mas vivem momentos um pouco distantes.

Deixando de lado a bola e entrando no campo da economia, Brasil e Colômbia repetem o que se passa em campo: enquanto a Colômbia é a sensação, o Brasil ganha, mas não convence. Assim como no futebol, onde quer roubar o protagonismo do Brasil, a Colômbia já superou o país como maior produtor e referência global em café.

Revelação da Copa do Mundo de 2014, a Costa Rica quer, no futebol, repetir o mesmo que tem feito no comércio com a Holanda: 

entregar um abacaxi. 
Explica-se: 
o país da América Central é um grande exportador de frutas para a Europa. 
O fechamento de parte da Intel, que possui uma das maiores fábricas do mundo, anunciado para o final do ano, deve provocar um forte impacto no país, já que a Intel representa cerca de 6% do PIB da Costa Rica, embora a empresa prometa ampliar os centros de pesquisa que existem no país. Tanto Costa Rica quanto Holanda são países pequenos, mas importantes em seus continentes. 

Entre Argentina e Bélgica, a distância econômica é enorme.
Enquanto o primeiro país vive uma crise que parece não ter fim, o segundo, sede da União Europeia, anda batendo um bolão no campo das exportações. 



França x Alemanha

A Alemanha está em uma fase mais liberal, enquanto a França ainda é um dos grandes representantes do estado europeu de bem-estar social. 
Grandes fiadores da União Europeia e do Euro, os dois países são historicamente rivais e se enfrentaram em diversos conflitos, inclusive ficando em lados opostos nas duas guerras mundiais. Mas, economicamente, são complementares: 
a França foi o maior importador da Alemanha, tendo comprado no ano passado US$ 138,1 bilhões em produtos alemães, e é o terceiro maior vendedor de produtos para os germânicos, atrás da Holanda e da China, tendo exportado US$ 88 bilhões em produtos franceses no ano passado.
Brasil x Colômbia
A Colômbia cresceu com quase o dobro da velocidade do Brasil, atraiu investimentos e, com a Aliança do Pacífico (associação com México, Chile e Peru), ampliou a participação no comércio internacional. Já o Brasil patina com baixo crescimento, inflação alta e falta de investimentos, mas tem mercado interno de dar inveja, baseado na redução da pobreza e do desemprego nos últimos anos.

 A corrente de comércio entre os dois não é tão elevada:
 US$ 4,1 bilhões no ano passado. No campo comercial, o Brasil leva vantagem: exportou US$ 2,6 bilhões e importou US$ 1,5 bilhão, mas as exportações brasileiras para a Colômbia tiveram queda de 9,75% em 2013, enquanto as importações cresceram 15,4%.
Argentina x Bélgica
A Bélgica está envolvida em um dos principais negócios dos argentinos: 
a dragagem do Rio da Prata, principal via de exportações do país e fonte de polêmicas com o Uruguai. Uma empresa do país europeu está a cargo das obras. Fora isso, os dois não possuem muita relação comercial. A Argentina sofre com um governo sem credibilidade, dados estatísticos pouco confiáveis, queda no preço das commodities agropecuárias e a questão da dívida, que voltou com força depois que a Justiça americana decidiu que os “fundos abutres”, que compraram títulos argentinos da época da crise com valores muito menores, devem receber o valor integral. Já a Bélgica é um dos países mais abertos do mundo: suas exportações somam US$ 295 bilhões, cerca de 58% de seu PIB.
Holanda x Costa Rica
A Costa Rica é um grande exportador de frutas para a Europa, e o abacaxi representa 11% das vendas do país aos holandeses no ano passado. Até então, a liderança nas exportações era de circuitos integrados, com 51,3%, pois o país conta com uma das maiores fábricas da Intel no mundo, mas que será parcialmente fechada. Ou seja, em breve, o abacaxi deverá voltar a liderar as exportações para a Holanda. Os países quase não possuem relações comerciais — embora os holandeses tivessem colônias no Caribe. As exportações costa-riquenhas somaram no ano passado cerca de US$ 900 milhões e as importações, US$ 130 milhões, baseada principalmente na venda de contêineres holandeses.


POR HENRIQUE GOMES BATISTA
O Globo