"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 24, 2014

Governo impõe à Petrobras pagamento de R$ 15 bi por excedente do pré-sal

Em mais uma intervenção desastrada, o governo federal impôs um novo fardo à Petrobras, o que fez as ações da estatal caírem mais de 3%. Em reunião nesta terça-feira, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), com aval da presidente Dilma Rousseff, decidiu que a empresa será a única a explorar o óleo excedente em quatro áreas da chamada cessão onerosa do pré-sal. A escolha da Petrobras, sem licitação ou leilão, garante reservas adicionais entre 10 e 15 bilhões de barris de petróleo, o que é bom. 

Contudo, impõe à empresa altamente endividada um custo de 15 bilhões de reais em bônus e antecipações, segundo fato relevante divulgado nesta terça-feira.

Como a Petrobras não tem caixa suficiente para pagar o Tesouro pelo direito de explorar o excedente dos quatro campos (Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi), o governo desenhou condições consideradas, digamos, de pai para filho. A estatal arcará com o pagamento de 2 bilhões de reais este ano e fará a provisão dos 13 bilhões de reais restantes em barris de petróleo. Na prática, o governo contabilizará o recebimento de 15 bilhões de reais este ano, o que ajuda a engordar o superávit primário. Mas o pagamento ocorrerá ano a ano, até 2018, da seguinte forma: 2 bilhões serão desembolsados em 2015, 3 bilhões em 2016, 4 bilhões em 2017 e 4 bilhões em 2018.

Os papéis preferenciais da companhia fecharam com perdas de 3,61%, revertendo ganhos de mais de 3% durante a manhã de terça. Apesar de o governo ter afirmado que a Petrobras tem caixa para arcar com o bônus de 2 bilhões este ano, as ações despencaram influenciadas, sobretudo, pelos efeitos da mão pesada do governo na gestão da empresa.

 "A diretoria da Petrobras, em reuniões com o mercado, disse que não esperava nenhum impacto no caixa da empresa por conta dessa reavaliação de reservas. Parece que não será assim", afirmou a Elite Corretora, em nota.

Outro fator negativo evidenciado pelo fato relevante é a impossibilidade de a estatal manter seu plano de investimentos em dia e ao mesmo tempo satisfazer a ânsia do Tesouro por recursos para fechar suas contas. O Itaú BBA afirmou que a notícia "confirmou seus piores medos" e que não há forma de a Petrobras antecipar a produção do volume previsto no acordo a menos que adie outros projetos em seu portfólio. "Em outras palavras, a Petrobras vai pagar 15 bilhões de reais ao governo em cinco anos para barris que serão produzidos no longo prazo", afirmou banco em relatório a seus clientes.

Cessão onerosa — 
Em setembro de 2010, a Petrobras fechou acordo com o governo federal para pagar cerca de 75 bilhões de reais pelos 5 bilhões de barris iniciais do contrato de cessão onerosa do pré-sal, que incluiu um total de sete áreas de exploração. A estatal informou que os volumes adicionais ao contrato da cessão eram de entre 6,5 bilhões e 10 bilhões de barris em Búzios; entre 2,5 bilhões e 4 bilhões de barris em Entorno de Iara; de 300 milhões a 500 milhões de barris em Florim e entre 500 milhões e 700 milhões de barris em Nordeste de Tupi.

O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antônio Martins Almeida, ressaltou que estes volumes são "meras estimativas", colocando ainda mais dúvidas sobre o que esperar das reservas do pré-sal, num período em que a empresa é varrida por uma CPI e inúmeras suspeitas de irregularidades ao longo da gestão de José Sergio Gabrielli.

A estimativa é de que a Petrobras comece a produzir os cerca de 14 bilhões barris excedentes dos campos de Búzios, Entorno de Iara, Florim e Nordeste de Tupi entre 2020 e 2021. A estatal terá 35 anos para fazer a exploração desses campos, sem sócios. A empresa já possui uma cessão onerosa para explorar outros 5 bilhões de barris por 40 anos, contados a partir da concessão em 2010, com previsão para começar a produzir em 2016.

Veja.com
(Com agência Reuters)

Brasil perde uma posição em ranking de investimento estrangeiro direto. Levantamento é da UNCTAD. Em 2013, País recebeu US$ 64 bilhões, recuo de 1,9% em relação a 2012



O Brasil recebeu US$ 64 bilhões em investimento estrangeiro direto (IED) durante 2013, 1,9% menos do que os US$ 65,3 bilhões de 2012. Os dados foram divulgados nesta terça-feira em um relatório da UNCTAD, agência das Organizações das Nações Unidas (ONU) para o comércio e desenvolvimento. Agora, portanto, o país caiu da quarta para a quinta posição no ranking de países que mais receberam recursos internacionais — atrás dos Estados Unidos, China, Rússia e Hong Kong.

— Há a necessidade de abrir novas portas. A ausência de reformas e de impulso à produtividade fizeram o Brasil perder a quarta posição para a Rússia. Se isso não for revertido, a tendência é de seguir em queda — explicou Luís Afonso, diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e Globalização Econômica (Sobeet), responsável pela divulgação dos dados da ONU.

A perspectiva de seguir caindo se deve também pela diminuição da diferença do volume de investimentos recebido por Singapura (que está na sexta posição, com US$ 63,8 bi) e Canadá (na sétima colocação, com US$ 62,3 bilhões).

— Se o investimento nos outros países continuar na mesma velocidade de crescimento e aqui for concretizada a projeção do Banco Central de US$ 60 bilhões em IED neste ano, cairemos para a sétima posição em 2014 — estimou Afonso.

Ainda assim, o Brasil segue à frente, além de Singapura e Canadá, de países como Reino Unido, Alemanha e Chile, conforme frisou Reynaldo Passanezi, diretor da Sobeet. Em suas palavras, embora “o Brasil não seja mais a bola da vez, ainda é uma bola importante”.

O IED é todo recurso aplicado na estrutura produtiva de um país, como infraestrutura, criação de empresas ou também por meio de participação acionária em empresas já existentes.

América Latina e Caribe

O destaque positivo da América Latina e Caribe ficou com o México, que embora esteja na 10ª posição do ranking, viu o volume de investimentos recebidos saltar de US$ 18 bilhões em 2012 para US$ 38 bilhões — equivalente a 111%. Além do setor de óleo e gás, o relatório da UNCTAD chama atenção para as reformas feitas no país e para o setor automotivo do “México que, assim como o Brasil, está estimulando planos de investimentos”.

“O desenvolvimento da indústria automotiva é promissor no México e no Brasil, com diferenças claras entre as políticas governamentais”, diz o relatório, ressaltando ainda que no país na América Central há “ elevado fluxo de exportação de automóveis” ao passo que aqui “a produção é para o mercado local”.

Fluxo global

O fluxo global total do IED subiu 9% em 2013, chegando a US$ 1,45 trilhão. Afonso explica, em sintonia com o relatório da UNCTAD, que o número deve ser visto como um “otimismo cauteloso” já que o volume ainda está abaixo do verificado em 2006.

A participação das economias emergentes neste fluxo total também caiu no ano passado, de 54,8% para 53,6%. O percentual dos países desenvolvidos, por sua vez, subiu de 38,8% para 39% de um ano para outro.

— O Brasil ainda é um bom mercado, mas depende de reformas. Enquanto isso, de novo, tudo está se voltando para o primeiro mundo — acrescentou o economista Nicola Tingas, diretor da Sobeet.

Internacionalização brasileira em baixa

Um outro estudo divulgado nesta terça-feira pela consultoria Maksen, em parceria com o Insper, mostra também que as empresas brasileiras estão “abaixo de seu real potencial de internacionalização”. O material mostra que das 50 maiores empresas do Brasil, 56% são internacionalizadas. Nos Estados Unidos, esse índice é de 90%.


— O Brasil está ficando para trás em termos de internacionalização. De 2004 para 2012, o Brasil subiu do 14º lugar para 7º no ranking das maiores potências mundiais. No entanto, o nível da internacionalização apenas passou de 24º para 20º — diz Sérgio do Monte Lee, diretor da Maksen no Brasil.

ROBERTA SCRIVANO
O Globo

Esperança no futuro. Qual futuro?

Na entrevista que o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, deu à revista Conjuntura Econômica na edição de abril de 2014, com o titulo “Esperança no Futuro”, o secretário falou que:

“Os investidores estrangeiros têm visto o Brasil de forma muito positiva e isso pode ser demonstrado facilmente. O investimento feito por eles cada vez mais ocupa uma parcela maior da dívida interna. Isso significa que estão entrando para investir na nossa dívida e confiam, portanto, nela e também nas nossas emissões externas…”

Essa é uma meia verdade e digo isso porque já fiz a mesma pergunta a vários investidores estrangeiros. Nenhum investidor estrangeiro acredita que o Brasil, um país que é credor liquido em dólar, corre o risco de dar calote. Assim, ninguém trabalha com o risco de default. Todos consideram a gestão macroeconômica recente desastrosa, mas como me falou um deles:

“Quem sem importa! Você estão me pagando muito bem para eu colocar meu dinheiro aqui em renda fixa e ainda tenho a segurança da taxa de câmbio com as intervenções do Banco Central. Vocês que deveriam estar preocupados com uma combinação de juros elevados, baixo crescimento e inflação elevada”.

Vamos aos fatos. 
Em outubro de 2010, o governo brasileiro elevou o IOF sobre aplicações em renda fixa de 2% para 6%. O sinal era muito claro: não queremos a entrada forte de recursos para renda fixa. A queda da taxa de juros também ajudou a reduzir a atratividade do investimento estrangeiro em renda fixa.

O gráfico abaixo mostra que, um ano depois dessa medida, o investimento externo líquido em renda fixa no Brasil (série 8225 do BACEN), acumulado em 12 meses, passou de um saldo positivo de US$ 16,6 bilhões para um saldo negativo de US$ 735 milhões. Em outubro de 2011, o Investimento Direto Externo (IDE) em 12 meses era de US$ 75 bilhões para um déficit em conta corrente em 12 meses de US$ 48 bilhões. Ou seja, o IDE era mais do que suficiente para financiar o déficit em conta corrente no final de 2011.

Tudo isso mudou para pior. 
O déficit em conta corrente agora é de US$ 81 bilhões e o IDE foi reduzido para US$ 64,4 bilhões, insuficiente para cobrir o déficit em conta corrente. Em condições normais de temperatura e pressão, a taxa de câmbio deveria estar se desvalorizando, mas as intervenções do Banco Central no mercado cambial e a forte entrada de recursos para investimento em renda fixa evitam a depreciação do Real.

E no caso do investimento em renda fixa, o governo agradece a forte entrada de capital que, em 12 meses até abril de 2014, alcançou um saldo liquido acumulado de quase US$ 37 bilhões, ante um saldo negativo de US$ 735 milhões em 12 meses de outubro de 2011. 

O que aconteceu? 
Duas coisas.

A forte elevação da taxa de juros doméstica de 7,25% ao ano para 11% ao ano e o governo, em junho de 2013, reduziu o IOF sobre aplicações de estrangeiros em renda fixa de 6% para “zero” – observem o forte crescimento do investimento estrangeiro em renda fixa de maio a setembro de 2013.

Moral da história: 
a turma de fora está trazendo muita grana para o Brasil não porque “confia no Brasil”, mas sim porque : 
(i) pagamos a eles uma taxa de juros estratosférica, 
(ii) o governo reduziu de 6% para “zero” o IOF de aplicações de estrangeiros em renda fixa, e (iii) ainda sinalizamos este ano uma banda cambial que diminui o risco de aplicar em renda fixa no mercado doméstico.

Atrair “capital especulativo” é uma política consciente do governo e uma forma de financiar nosso déficit em conta corrente sem perder reservas cambiais. 
Não é sinal de confiança. Estamos pagando muito caro para que os estrangeiros “confiem no Brasil”. 

Investimento Externo em Carteira – 
Renda Fixa Curto e Longo Prazo negociado no País (líquido) 
– acumulado em 12 meses – 
JAN/2008-ABR/2014 – US$ bilhões


Saldo em Conta Corrente - acumulado em 12 meses – 
JAN/2008-ABR/2014 - US$ bilhões


Investimento Direto Externo- acumulado em 12 meses – 
JAN/2008-ABR/2014 - US$ bilhões


Original/Íntegra:

NA LINHA DO GATO POR LEBRE OU BOCA FALA C. PAGA ... OS VELHACOS do brasil maravilha E A VERDADEIRA HERANÇA MALDITA 2015 PARA O BRASIL REAL


Quem vencer a eleição presidencial no fim do ano terá de pensar, com urgência, em como carregar a desastrosa herança econômica deixada pelo atual governo. Se for reeleita, a presidente Dilma Rousseff precisará mudar muito mais do que prometeu no discurso de lançamento de sua candidatura.

 A parte mais visível da herança está indicada nas projeções de inflação alta, crescimento baixo e contas externas ainda em mau estado formuladas por economistas de uma centena de instituições financeiras e consultorias. Essas projeções são coletadas emanalmente pelo Banco Central (BC) na pesquisa Focus.
Na pesquisa divulgada ontem, a inflação estimada para 2014 continuou em 6,46%, muito perto do limite de tolerância, 6,50%, mas o número previsto para o próximo ano subiu ligeiramente, de 6,08% para 6,10%. 

A variação pode parecer pequena, mas está longe de ser insignificante. 
Na mesma sondagem, a alta projetada para os preços administrados chegou a 7%. Na semana anterior, a taxa estimada era 6,85%. Quatro semanas antes, 6,50%.
A mensagem contida nesses números parece muito clara.
 Economistas do mercado continuam prevendo um forte ajuste, em 2015, dos preços e tarifas contidos politicamente. Esse grupo inclui preços de combustíveis e tarifas de energia elétrica e de transporte público.
Parte desses valores tem sido corrigida neste ano, mas em proporção insuficiente para eliminar o atraso.

Com a correção, a defasagem poderá até desaparecer. 
Dificilmente serão compensadas, no entanto, as perdas acumuladas pelas empresas prestadoras de serviços e pela Petrobrás, vítima habitual do controle político dos preços de combustíveis.

O primeiro ano de um mandato - novo ou renovado - é em geral o mais propício, politicamente, para medidas duras na área econômica. 
Mas o governo terá de ser muito mais severo e ambicioso do que tem sido há muito anos. Se quiser, de fato, conduzir a inflação à meta, 4,5%, terá de cuidar mais seriamente das contas públicas, cortar a gastança e ser muito mais seletivo na concessão de benefícios fiscais.

Os incentivos concedidos a partir da crise de 2008 foram inúteis para estimular o crescimento geral ou perderam eficácia muito rapidamente. As contas nacionais deixam pouca ou nenhuma dúvida quanto a isso. Não há, portanto, como defender tecnicamente a manutenção dessa estratégia.

O governo deveria saber disso, mas prorrogou na semana passada parte dos incentivos. Reafirmou, assim, a disposição de continuar trabalhando com remendos tributários, em vez de batalhar por uma efetiva reforma do sistema. Para mudar de rumo, as autoridades terão de mostrar coragem, afastar-se do populismo e exibir imaginação e competência.

Quanto mais séria a política fiscal, menos o BC precisará elevar os juros para conter os preços. De todo modo, uma política monetária menos sujeita a interferências da cúpula governamental poderá ser mais eficaz. Quanto maior a credibilidade do BC, maior tende a ser o efeito de suas ações. Isso tem sido comprovado pela experiência internacional.

As projeções do mercado indicam, também, uma piora das expectativas de crescimento. O quadro geral inclui, além da inflação elevada neste e no próximo ano, estimativas menores de expansão econômica. Em uma semana a previsão para 2014 caiu de 1,24% para 1,16%. Para 2015, a redução foi de 1,73% para 1,60%, mesmo sem a expectativa de ações muito mais duras contra a inflação.

Para a produção industrial neste ano, a mudança foi de um crescimento de 0,51%, abaixo de medíocre, para uma contração de 0,14%. Para 2015, a expansão prevista aumentou de 2,25% para 2,30%, um número ainda muito ruim e explicável, pelo menos em parte, pela base de comparação muito baixa.

O quadro se completa com um desempenho fraco no comércio exterior, com superávits previstos de US$ 2 bilhões neste ano e US$ 10 bilhões no próximo.
 São resultados muito baixos para as necessidades do País, por causa do déficit estrutural em serviços e rendas.

A herança para 2015
O Estado de São Paulo

SE É BOM PARA O P artido T orpe NÃO É BOM PARA O BRASIL : Depois de registrar rombo bilionário, FAT pode ser ‘blindado’ pelo governo. Projeto de lei do governo federal prevê a reestruturação do Ministério do Trabalho, seguindo o modelo do Ministério da Saúde.


O governo Dilma Rousseff tem um projeto de lei pronto que altera toda a estrutura institucional da área trabalhista federal. Pela minuta do projeto, obtida pelo ‘Estado’, o governo altera o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), criado com a Constituição, que passará a ser chamado de Fundo Nacional do Trabalho (FNT) e será blindado das desonerações tributárias aplicadas pelo Ministério da Fazenda. 

Responsável pelo pagamento do seguro-desemprego, do abono salarial e da qualificação da mão de obra, o fundo tem registrado déficits bilionários diante da queda de arrecadação e das despesas crescentes.

O governo vai criar o Sistema Único do Trabalho (SUT), instituir a criação de 27 conselhos estaduais do trabalho, além de conselhos municipais. 

O SUT será encarregado de elaborar as políticas públicas de emprego, fiscalizar as práticas de trabalho escravo e terá como braço financeiro o FNT (sucessor do FAT), que pagará pelas despesas do seguro-desemprego, o abono salarial e a qualificação profissional. Além disso, o FNT continuará transferindo 40% de suas receitas para o BNDES.

Tal como o FAT, o futuro FNT será bancado pela arrecadação do PIS e do Pasep, tributos que têm sido escolhidos pela Fazenda como instrumento de estímulo às empresas. Pelo projeto, a União passa a ser obrigada a “compensar o fundo, no valor correspondente à estimativa de renúncia sobre quaisquer das suas receitas decorrente de desoneração tributária”. 

O Conselho Deliberativo do FAT (Codefat) estima que o fundo terá déficit de R$ 19 bilhões em 2015. 
Hoje, os rombos são cobertos pelo Tesouro. 
Mas contabilmente o FAT é deficitário, o que limita sua atuação, diz um conselheiro do fundo.

No caso dos benefícios do seguro-desemprego, por exemplo, o governo só tem concedido reajustes iguais à inflação, alegando falta de caixa. 
Com um fundo superavitário, os reajustes podem aumentar. 

Mudanças.
O projeto muda a estrutura do Ministério do Trabalho, a exemplo do Ministério da Saúde e o Sistema Único de Saúde (SUS). Isto é, o ministério determina as diretrizes, tocadas pelo SUS. Com a área trabalhista será a mesma coisa. 

O SUT será uma megaestrutura, a ser gerida pelo Ministério do Trabalho, no âmbito federal, capaz de fechar convênios com “SUTs” regionais, tocados pelas secretarias estaduais e municipais de Trabalho. Cada estrutura terá um comissão nacional de gestores do SUT e conselhos, que serão formados por empresários, sindicalistas e integrantes do setor público.

Formado com recursos do PIS e do Pasep, que o governo tem usado para estimular setores específicos, o fundo, que paga seguro-desemprego e abono salarial, caminha para um déficit de R$ 19 bilhões no ano que vem, segundo Severo.

Além disso, o projeto institui o Conselho Nacional do Trabalho (CNT), que vai determinar as políticas do Sistema Único do Trabalho (SUT). O objetivo do projeto é reestruturar a área trabalhista no setor público, equiparando o Ministério do Trabalho ao Ministério da Saúde, que tem no Sistema Único de Saúde (SUS) seu braço operador.

O novo conselho vai determinar as políticas do SUT. "Além de câmaras, comissões, comitês, grupos que poderão ser criados, a estrutura do CNT consiste em plenário, uma secretaria executiva e um grupo de apoio técnico", explica o projeto de lei do governo.

O CNT também passará a substituir o Codefat, acumulando funções, portanto, tanto de definição de diretrizes quanto de aplicação dos recursos do fundo. O projeto também determina que o CNT deve convocar, a cada quatro anos, a Conferência Nacional do Trabalho (Conat), com a participação de empresários, sindicalistas e integrantes do governo para "avaliar a situação do trabalho no País e propor diretrizes para a formulação da política nacional de trabalho e o aperfeiçoamento do SUT"

Assinada pelo ministro do Trabalho, Manoel Dias, a minuta do projeto de lei foi enviada anteontem aos conselheiros do FAT. O ministro tem pressa: 
ele quer receber as reações ao texto até o dia 2 de julho. 

Procurado pelo Estado, o conselheiro do FAT, Sérgio Luiz Leite, da Força Sindical, disse ser “amplamente favorável” à blindagem do fundo das desonerações. Mas tem uma preocupação. “Não acho razoável mandar ao Congresso, em clima eleitoral, um projeto que cria conselhos, altera o FAT, e mexe na estrutura federal.”

João Villaverde - O Estado de S. Paulo

AO CRÉDULOS ÚTEIS OU IMBECIS : O "PAPU" FURADO DA DESAVERGONHADA VIGARISTA

Se o pacto fiscal solenemente anunciado em 24 de junho de 2013, diante de todos os governadores e prefeitos de capitais pela presidente Dilma Rousseff - como sua resposta mais efetiva aos clamores da massa que ocupara as ruas das principais cidade exigindo melhores serviços públicos -, tinha algo além de palavras e vento, um ano depois dele só restam palavras. 

Se dúvidas ainda havia quanto ao caráter meramente demagógico do anúncio, elas desaparecem diante da piora das contas públicas nos últimos 12 meses em razão de decisões livremente tomadas pelas autoridades federais, como mostrou o Estado (15/6).
Levantamento feito pela reportagem do jornal constatou que só as medidas provisórias editadas de junho do ano passado para cá criaram despesas, provocaram renúncia fiscal ou ampliaram a dívida pública no valor de R$ 58,2 bilhões. Os efeitos se estenderão por vários exercícios, mas já em 2014 o impacto será de R$ 27,9 bilhões.
Também considerado parte do pacto, o Congresso até que o cumpriu em parte, ao rejeitar medidas ou adiar decisões que resultariam em mais despesas. 
Mas aprovou outras que as ampliam, como a que cria a Defensoria Pública da União e a que inclui no quadro de servidores da União funcionários dos antigos territórios.

O resultado não poderia ser outro. 
O superávit primário (que exclui das contas o custo da dívida pública) apurado nos 12 meses encerrados em abril último foi inferior, como porcentagem do PIB, ao registrado 12 meses antes.

E isso ocorreu a despeito das medidas do governo para melhorar o saldo das contas públicas, como a antecipação do pagamento de dividendos das estatais, adiamento de despesas obrigatórias e a não contabilização de determinados investimentos. Embora legais, medidas como essas dificultam a comparação dos resultados fiscais ao longo do tempo.

Não era o que se prometia em junho do ano passado.
Convocados então pelo Palácio do Planalto, ali compareceram 27 governadores e 26 prefeitos de capitais, para, junto com a presidente, apresentar à população, assustada com a extensão e os rumos das manifestações de rua, uma resposta que a tranquilizasse. Embora não tivesse discutido previamente com governadores e prefeitos o que anunciaria naquele dia, Dilma falou em pactos.

Foram cinco, ao todo: 
um político (a convocação de um plebiscito para a formação de uma Constituinte para a reforma política), 
um para a saúde, 
outro para a educação e outro para os transportes, 
além daquele voltado para a área fiscal. 
Parecia que, desse modo, se buscariam respostas para as principais reivindicações dos manifestantes.

Espertamente, porém, Dilma não anunciou metas nem se referiu a outros pontos do que chamara de pacto. Na área fiscal, apenas garantiu que "este é um pacto perene para todos nós", pois, diria em seguida, a preservação dos fundamentos da economia "é uma dimensão especialmente importante no momento atual, quando a prolongada crise econômica mundial ainda castiga as nações".
Nada a discordar do palavrório presidencial.

 A preservação de uma política fiscal responsável, que aponte para a eliminação do déficit nominal, e não apenas para a geração do superávit primário prometido, é essencial para assegurar a estabilidade econômica a longo prazo. Se o governo Dilma assumisse, efetivamente, compromisso com uma política fiscal com essas características e a colocasse em prática, o pacto teria tido algum sentido.

Em novembro, quando já eram claras as indicações de que o pacto fiscal, como os demais anunciados por ela, eram apenas tentativas demagógicas de conter as manifestações de rua, a presidente Dilma Rousseff voltou a insistir no tema. 

O governo tem perfeita consciência da importância da estabilidade fiscal.
 A estabilidade fiscal é o alicerce de tudo o que conquistamos", afirmou em reunião de seu Conselho Político, realizada no momento em que seu governo era intensamente criticado pela má qualidade da política fiscal. 
O resultado dessa política é um alicerce tão frágil que ameaça a estabilidade econômica.

O Estado de São Paulo 
O pacto furado de Dilma