"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

novembro 14, 2013

EM REPÚBLICA ASSENHOREADA POR VELHACOS... Má gestão e corrupção


Incompetência e desídia são duas características da administração pública que emergem de declarações - serenas e de tom muito mais técnico do que político, ressalve-se - do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes. São muitas as falhas de gestão dos recursos públicos detectadas pelo TCU que revelam essas duas características.

Entre outras, Nardes apontou a má qualidade da gestão financeira, a falta de planejamento e o despreparo do pessoal técnico do setor público, deficiências que abrem o caminho para o sobrepreço das obras e das compras públicas e para a corrupção.

Uma dessas falhas, em particular, deixa nítidas algumas das piores características da administração pública brasileira. Trata-se da forma generosa como o governo federal concede benefícios tributários a diferentes setores e classes de contribuintes, que resultam anualmente em cifras bilionárias, sem que nunca tenham sido avaliados os efeitos práticos dessas medidas. 
São as chamadas renúncias fiscais. 
 
Só em 2012, as renúncias somaram nada menos do que R$ 212 bilhões, como informou o presidente do TCU. Trata-se de um valor que vem crescendo rapidamente nos últimos anos, em razão das sucessivas isenções tributárias concedidas pelo governo Dilma para tentar estimular determinados setores da economia escolhidos pelo próprio governo, com resultados até agora pouco visíveis para o País.

O total de renúncias fiscais no ano passado foi 15,3% maior do que em 2011 (R$ 187,3 bilhões), que, por sua vez, fora 30,1% maior do que em 2010 (R$ 144 bilhões). São valores maiores do que a soma dos orçamentos das áreas de saúde, educação e assistência social.

Há tempos, o TCU, no exame das prestações anuais de contas do governo federal, vem cobrando do Executivo a apresentação de indicadores da eficácia da utilização dessa forma de benefício tributário, para que seja possível a avaliação de seu impacto sobre o crescimento da economia e sobre a qualidade de vida da população. 


"A informação que temos é de que não há acompanhamento dos impactos", disse Nardes. O governo não consegue avaliar o efeito das medidas. No caso dos incentivos para a área de tecnologia, o TCU conseguiu aferir que as medidas ajudam a sustentar o nível de emprego, mas não sabe se elas resultaram em melhoria da competitividade da economia, como era seu objetivo.

Há dois meses, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, retirou das Secretarias de Política Econômica e do Tesouro a competência para fazer esse trabalho, transferindo-a para a Secretaria da Receita Federal, que, como mostraram episódios recentes,está sob inteiro domínio do ministro.
 
A falta de controle sobre as renúncias fiscais é apenas um dos males da administração pública - que são antigos e existem em todos os níveis, como fez questão de destacar o presidente do TCU. Há muitas outras, mas algumas dessas deficiências se tornaram agudas nos governos chefiados pelo PT. O fato de, só nos últimos cinco anos, as auditorias do TCU terem forçado a revisão de contratos que resultaram em economia de R$ 102 bilhões para os cofres públicos parece comprovar isso.

Projetos mal elaborados ou incompletos, mesmo em áreas críticas como rodovias, aeroportos e ferrovias, são outros exemplos conhecidos de falhas dé gestão que implicam perdas para o contribuinte ou atraso nos programas do governo. 
A incapacidade do governo Dilma de executar o que está no Orçamento da União é outro exemplo.

No ano passado, dos investimentos previstos para transportes, o governo aplicou apenas 33%, o que explica a persistência ou o agravamento das deficiências de infraestrutura do País. Em saneamento, os investimentos não passaram de 28% do valor orçado e, em urbanismo, de 9%.Entende-se por que não avançam as políticas de mobilidade urbana e por que continuam ruins as condições do saneamento básico. Também se entende por que o governo do PT acumula restos a pagar, despesas contratadas, mas não liquidadas no mesmo exercício.

 O Estado de S. Paulo

PIB recua 0,12% no 3º trimestre, aponta prévia do BC


A prévia do Produto Interno Bruto (PIB), medida pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), caiu 0,12% no terceiro trimestre de 2013 em relação aos três meses anteriores, nos dados com ajuste sazonal.


A variação ficou abaixo da mediana das projeções dos analistas do mercado financeiro ouvidos pela Agência Estado, de 0%, mas dentro do intervalo das estimativas (-0,20% a 0,10%). O índice passou de uma média mensal de 145,94 pontos para 145,77 pontos nessa comparação. 

Em relação ao terceiro trimestre de 2012, o IBC-Br teve alta de 2,66%, sem ajuste. O índice avançou de uma média mensal de 144,14 pontos para 147,98 pontos nessa comparação. 

O resultado do PIB do terceiro trimestre de 2013 será conhecido no início de dezembro, no dia 3. No segundo trimestre, houve alta de 1,50% na comparação com os primeiros três meses de 2013 e, na comparação com o mesmo período do ano passado, uma elevação de 3,30%.

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O indicador ficou praticamente estável em setembro ante agosto, registrando taxa de -0,01%, após ter leve alta de 0,09% em agosto ante o mês anterior (dado revisado), na série com ajuste sazonal. De acordo com dados divulgados há pouco pelo BC, o núero passou de 145,82 pontos em agosto, na série dessazonalizada, para 145,80 pontos em setembro. 
O resultado do IBC-Br ficou abaixo da mediana das projeções dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE Projeções (0,20%), mas dentro do intervalo das estimativas (-0,40% a 0,60%).

Nos 12 meses encerrados em setembro de 2013, o crescimento foi de 2,49% na série sem ajuste. No acumulado do ano até o mesmo mês, houve alta de 2,82% (sem ajuste). Na comparação entres os meses de setembro de 2013 e de 2012, houve expansão de 3,33% na série sem ajustes sazonais.

Outro componente importante do índice do BC são os números do varejo divulgados pelo IBGE, que mostraram avanço de 0,5% em setembro ante agosto.

Revisão


O Banco Central revisou alguns dados do IBC-Br, na série com ajuste. 
Para agosto de 2013, o dado passou de 0,08% para 0,09%. 
No caso de julho, houve estabilidade da taxa em -0,34%. 
Para junho, o IBC-Br foi revisto de 1,02% para 1%. 
Para maio, alterado de -1,49% para -1,48%. 
Já em abril o ajuste foi de 0,93% para 0,92% e, em março, de 1,07% para 1,08%. O BC refinou também o resultado para fevereiro, que passou de -0,39% para -0,41%, mas, para janeiro, foi mantido em 1,18%.

Célia Froufe, da Agência Estado