"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

outubro 11, 2013

O partido do vale-tudo


Deve estar indo tudo muito bem no país para que a presidente da República dedique cinco horas de seu expediente de trabalho para discutir política. Para o partido do vale-tudo, porém, nada é mais natural do que usar todas as armas ao alcance - as lícitas e, sobretudo, as ilícitas - para dizimar críticos e adversários.

Os jornais informam hoje que Dilma Rousseff passou a tarde inteira desta quinta-feira no Palácio da Alvorada discutindo com seu padrinho, o ex-presidente Lula, e uma penca de conselheiros como se reposicionar para conseguir seu segundo mandato nas eleições de daqui a um ano. 
Do que se soube, pode-se concluir que o PT está disposto a qualquer coisa para não largar o osso.

Uma das orientações advindas de Lula - que continua dando todas as cartas, não apenas no partido dele, quanto no governo dela - é sufocar alianças com partidários da união PSB-Rede, até anteontem tratados com alguma candura pelo petismo. Até aí, jogo jogado, porque é mais que sabido que, para o PT, quem não está com eles, inimigo é e precisa ser aniquilado, nada menos que isso.

O partido do vale-tudo já deixou claro que "fará o diabo" para não perder o poder que conquistou há 11 anos e que pretende conservar a qualquer preço, como disse a própria Dilma alguns meses atrás. Não se deve duvidar das palavras da candidata-presidente, pois os fatos corroboram a disposição para a guerra que subjaz no PT.

Há duas semanas, Lula voltou a ocupar espaços como "candidato dublê", pronto para se metamorfosear e fazer as vezes da candidata à reeleição pelo país afora. Até QG para tanto ele já tem, com especial atenção à guerrilha suja que o PT trava na internet, como mostrou a Folha de S.Paulo há duas semanas.

Não satisfeito, o tutor da presidente da República também retomou as articulações em torno das candidaturas regionais, esgrimidas na base do "quem conosco não está, está contra nós". 
A filosofia é a mesma com a qual o partido governa o Brasil, numa variação da máxima cara aos militares nos anos 70:
 algo mais ou menos na linha do "ame-nos (ao PT) ou deixe-o (o país e/ou o governo)".

Vendo-se acuado por uma oposição que cresce e se fortalece, o governo petista também não se constrange de "fidelizar" partidos da base aliada usando a mais abjeta forma de fazer política: o toma-lá-dá-cá. Segundo publica a Folha hoje, a reforma ministerial prevista para dezembro será a arma para amarrar siglas "sob risco de ataque especulativo", como PP, PR, PSD e PDT.

Mas tem mais. Também se soube recentemente das artimanhas que o partido no poder usa para instrumentalizar programas sociais, como o Minha Casa, Minha Vida - só recebe casa quem tem carteirinha com estrelinha vermelha, como mostrou O Estado de S.Paulo na semana passada -, e de cabos eleitorais "voluntários" pagos com dinheiro de caixa dois. Para o PT, o partido dos mensaleiros, tudo isso deve ser muito natural.

Tudo isso é muito condenável e muito deplorável, mas de todas as medidas deletérias que o PT assaca em seu desesperado tropel para manter-se no poder a pior delas talvez seja a desabalada renegociação das dívidas de estados e municípios que o Ministério da Fazenda anunciou nesta semana. Um dos pilares da estabilidade conquistada nas últimas décadas pode estar simplesmente ruindo.

A mudança de indexadores deverá retroagir à data de assinatura dos contratos, firmados em fins dos anos 90. Resumidamente, a União verá sua dívida aumentar ainda mais, estados e municípios ganharão espaço fiscal para contrair dívidas novas e uma porta para o endividamento dos entes subnacionais será escancarada. Trata-se de mais um golpe na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Neste processo, a principal contemplada será a prefeitura de São Paulo. Por anos, o município tentou rever as bases do contrato de refinanciamento de sua dívida, e por anos fracassou. Agora que a cidade é governada por um petista o pedido foi atendido. Para que não restem dúvidas quanto a quem será o maior beneficiado pela renegociação: a dívida da prefeitura paulistana será reduzida em R$ 24 bilhões e a dos estados em geral, em cerca de R$ 1 bilhão, informa o Valor Econômico.

"Se o passado é uma lição para o futuro, esse é um processo de endividamento que pode recolocar os entes da federação na situação falimentar que estavam nos anos 90, quando a União teve que assumir suas dívidas, renegociá-las por 30 anos e vedar novos empréstimos", escreve Claudia Safatle.

Como se percebe, o partido do vale-tudo não está para brincadeira. Na sua guerra insana para se manter no poder, está disposto a não deixar pedra sobre pedra - seja sufocando adversários, seja manipulando instituições de Estado, seja torrando o que ainda resta de solidez nas finanças públicas. Será dura a vida de quem herdar o país depois da devastação patrocinada pelo Partido dos Trabalhadores.

ITV

SEM O MARQUETINGUE FARSANTE ! BRASIL REAL : Criação de empregos caiu pela metade em 2012. País criou 1,148 milhão de postos de trabalho com carteira assinada em 2012, 48,8% menos que em 2011

Segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) nesta sexta-feira, com base nas informações da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), o Brasil criou 1,148 milhão de postos de trabalho com carteira assinada no ano passado. 
O valor representa uma queda de 48,8% em relação às vagas criadas em 2011, quando totalizaram 2,242 milhões. 

A região Sudeste liderou a criação de empregos em 2012, com 584,9 mil postos de trabalho, seguida, pela região Sul, com 227,3 mil. 
Em terceiro, ficou o Centro-Oeste, com incremento de 144,0 mil.
 O quarto lugar foi ocupado pela região Nordeste, com 132,5 mil postos; e em último, o Norte, com geração de 59,4 mil postos de trabalho.  

 Na comparação com o resultado do ano anterior, os maiores crescimentos foram da região Centro-Oeste, com 3,74%,
do Sul com 2,88% 
e Sudeste, com 2,49%. 

Entre os estados, o único que teve perda de vagas foi a Bahia, com redução de 9 mil postos. Segundo o governo, o desempenho pode ser justificado pelo comportamento negativo da indústria de calçados, que suprimiu 7,1 mil postos de trabalho, e da administração pública, que reduziu 53,3 mil empregos. 

Nos outros estados, houve elevação do emprego, com aumentos que variam entre 0,69%, em Sergipe, e 6,36%, no Piauí. 

Mulheres no mercado 
 Os dados do MTE ainda apontam que a participação das mulheres no mercado de trabalho formal cresceu mais que a dos homens no último ano, mas os salários aumentaram menos. Em 2012, os rendimentos médios dos homens cresceram 3,35% e os das mulheres, 2,62%. 

A média salarial dos homens com carteira assinada passou de 2.177,43 reais, em 2011, para 2.250,40 reais, em 2012. No mesmo período, o valor para as mulheres foi de 1.802,97 para 1.850,26 reais.

O mesmo documento aponta que a participação das mulheres no total da mão de obra brasileira cresceu mais que o dobro em relação aos homens: 
3,89% para elas e 1,46% para eles. 

Com isso, as mulheres passaram a representar 42,47% da força de trabalho. Mesmo com o pequeno aumento, o ministério aponta que ainda há uma disparidade, já que a quantidade de mulheres na população em idade ativa supera o número de homens.


Nos empregos com carteira assinada, a participação da mulher nas vagas com graus de instrução mais elevados é maior que a masculina. 

Nos postos de trabalho para ensino superior incompleto, as mulheres ocupam 52% e os homens, 48%. No ensino superior completo, participação feminina é de 59% e dos homens, 41%.


Veja
(com Estadão Conteúdo)

ENQUANTO ISSO NO BRASIL ASSENHOREADO... STF LITERALMENTE SE TORNANDO UM "TERRITÓRIO BARROSO(LODAÇAL?)" : STF condena, mas deputado escapa

Por cinco votos a três, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou ontem o deputado Jairo Ataíde(DEM-MG) por crime de responsabilidade.


Entretanto, como o julgamento demorou para ser realizado, houve prescrição, e ele não será punido. Ataíde gastou R$ 90 mil dos cofres públicos em publicidade em 2000, quando  era prefeito de Montes Claros.

Segundo o Ministério Público, a propaganda não tinha caráter educativo ou social, mas apenas o objetivo de promover a imagem do prefeito.


O relator, ministro Luiz Fux, propôs pena de quatro anos e quatro meses para o parlamentar. O ministro Luís Roberto Barroso fez outra proposta, de dois anos. 

Se o voto de Fux tivesse sido acompanhado pela maioria dos integrantes do STF, o crime não teria prescrito. Mas a maioria dos ministros acompanhou a sugestão de Barroso. Com isso, a possibilidade de punição acabou prescrita.


A ação penal foi aberta em 18 de outubro de 2005, na primeira instância do Judiciário. 0 caso chegou ao STF em junho de 2007, quando Ataíde assumiu o cargo de deputado federal. Segundo o MP, o parlamentar veiculou, "em horário nobre e em redes de televisão de abrangências local e estadual, propagandas de feitos e realizações de sua administração, com verbas públicas". Ainda segundo a acusação, houve "patente promoção pessoal" na publicidade.

— O acusado agiu conscientemente, conforme a denúncia—disse Fux.

Entre promessas e beijos


O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-senadora Marina Silva decidiram explorar politicamente a polêmica gerada nos últimos dias sobre quem será o cabeça de chapa nas eleições presidenciais do ano que vem. Os dois almoçaram ontem em São Paulo, no primeiro encontro deles após o anúncio da aliança, no último sábado, em Brasília. E decidiram esticar ao máximo a definição sobre quem será o candidato ao Planalto. 

"Temos a necessidade de começar a mudança política. E vamos começar cometendo os mesmos erros das práticas políticas que estamos condenando? Começar a discussão pela chapa, nomes, arranjo eleitoral para ir para o político de novo? Não, nós temos clareza de que essa é a hora de debater conteúdo, o futuro. Em 2014, vamos tomar a decisão sobre a chapa", afirmou Campos. 

Marina concordou com as palavras do presidente do PSB e afirmou que a parceria entre ambos inverte a lógica da política tradicional. "Tradicionalmente, faz-se uma aliança eleitoral, ganha-se o governo e depois inventa-se um programa. Nós estamos fazendo uma união programática, vamos adensar a aliança, dar substância ao conteúdo e, aí, sim, a aliança programática poderá se tornar uma aliança fática", disse Marina.

A estratégia foi desenhada durante a reunião de duas horas ontem entre Eduardo e Marina. Os dois avaliaram a repercussão da polêmica sobre a cabeça de chapa, que abriu uma discussão entre a militância dos dois partidos e ministros do governo Dilma Rousseff, além de fomentar debates em redes sociais e nas páginas de jornal. A análise é de que, nesse momento, o melhor a se fazer é deixar a dúvida no ar para confundir os adversários. 

Não sem antes alfinetar os demais postulantes ao Palácio do Planalto.

"Quem tem estrutura use a estrutura. Quem tem muito tempo de televisão use muito tempo de televisão. Nós temos histórias e ideias novas que haverão de encantar os corações, as mentes de muita gente que não está presa nisso", afirmou Eduardo. O governador pernambucano disse que a Rede e o PSB têm "paciência de sobra" para acompanhar as provocações. "Se acham que vão ficar nos provocando, que fiquem", disse. 

"Aqui não tem jogo, tem gente que tem coragem de fazer, gente que veio de uma história política que venceu muitas adversidades. Nós já enfrentamos coisas muito mais complicadas do que teremos que enfrentar até a hora certa em 2014." Marina estará em Recife na semana que vem e os integrantes da Rede e do PSB promoverão um seminário no próximo dia 29 para começar a rascunhar o programa de governo conjunto dos dois partidos.

Cautela

Um adversário de Eduardo, certa vez, afirmou que ele, a exemplo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é um exímio jogador de xadrez. Mas, ao contrário de Lula, que movimenta as peças no tabuleiro sob os olhos do oponente, Eduardo esconde os bispos e peões, tornando imprevisíveis os passos seguintes. É nisso que o presidente do PSB aposta nesse instante. Trabalhar em silêncio para evitar, uma exposição antecipada da própria candidatura. 

Vários fatores reforçam a cautela de Marina e Eduardo. O primeiro delese evitar a desmobilização da militância. Os socialistas sabem da insatisfação de boa parte dos marineiros com a aliança entre os dois presidenciáveis, pois um grupo preferia que ela ficasse de fora da disputa ao Planalto em 2014: para reverberar o argumento de que havia sido vítima de umar injustiça do Tribunal Superior Eleitoral. 

Já os socialistas queixaram-se com as declarações dúbias de Marina sobre quem seria o cabeça de chapa e apressaram-se em anunciar que não; há dúvidas de que o escolhido será Eduardo Campos.

"Se o candidato não for og Eduardo, o PSB implode. Mas não precisamos definir isso agora", confirmou um integrante da direção partidária. Outro fator que toma prudente o adiamento da definição é a ainda dispare situação de ambos nas pesquisas de intenção de voto. No último levantamento feito pelo Datafolha, Eduardo aparece com 8% dai intenções de voto e Marina, com 26%.

 "Isso tende a se dissipar no futuro.Até porque não fará mais sentia do medir a intenção de votos de alguém que não será mais candidata, prosseguiu o dirigente socialista. 

A aliança, contudo, comprou mais uma briga, além da polêmica entre pessebistas e marineiros. O DEM, que ensaiava um flerte com Eduardos saiu em defesa do deputado Ronaldo Caiado (GO), pré-candidato do partido ao governo de Goiás, que foi alijado da parceria com o PSB goiano após Marina criticar a possibilidade de aliança com um ruralista. Interlocutores do PSB disseram que o tema é página virada e que só valeria a pena comprar uma briga se o DEM nacional concordasse em se aliar aos socialistas.

A expectativa é de que os democratas apoiem o senador Aécio Neves (MG), do PSDB.

O presidente nacional do DEMÇ. senador José Agripino (RN), soltou nota defendendo Caiado. "O DENC entende ter no deputado Ronaldo Caiado, líder da bancada na Câmara dos Deputados, um honrado intérprete de suas ideias voltadas para a produção e a consequente geração , de empregos no campo. Repudia qualquer manifestação de demérito; ao seu líder, competente e bem intencionado, cuja ação objetiva, só e somente só, o interesse nacional."

Propaganda na tevê 

A propaganda partidária do PSB, que foi ar ontem à noite, destacou a aliança entre Eduardo Campos e Marina Silva. Eles defenderam fazer uma "nova política, com novas Lideranças". Na parte final do vídeo, aparecem trechos dos discursos de Eduardo e Marina, em forma de jogral, proferidos no último sábado, quando a ex-senadora firmou o acordo político com os socialistas.

PAULO DE TARSO LYRA/Correio Braziliense