"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 28, 2012

MP suspeita que Andressa seja laranja de Carlinhos Cachoeira. Ela negociou fazenda de R$ 20 milhões no interior de Goiás

Andressa Mendonça, a loira que provocou alvoroço na CPI do Cachoeira, pode ser mais do que uma simples namorada do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Na última quarta-feira, o Ministério Público Federal pediu à Polícia Federal que abra inquérito para apurar o suposto uso de Andressa como laranja de Cachoeira.


Documentos apreendidos na Operação Monte Carlo indicam que Cachoeira negociou a compra de uma fazenda de R$ 20 milhões entre Luziânia e Santa Maria, a cem quilômetros de Brasília, e passou para o nome da namorada.

Diálogos interceptados na operação mostram que Cachoeira planejava fracionar e revender pequenos lotes da propriedade. A venda de todos os lotes, perto de Luziânia, poderia render R$ 58 milhões ao bicheiro.

Ou seja, o negócio renderia lucro de quase R$ 40 milhões.


Um dos documentos obtidos pela polícia indica que Cachoeira ofereceu como entrada três carros Mitsubishi, e o restante seria parcelado até a legalização da fazenda. A terra está sendo pleiteada pelos supostos proprietários por usucapião.

Tal aquisição já foi objeto de relatório específico o qual demonstrou que no caso da compra da fazenda Santa Maria integrantes da ORGCRIM (organização criminosa) confiaram que o investimento de milhões de reais seria viabilizado mesmo com dificuldades, que seriam barreira para qualquer investidor sem ramificações ou influência no setor público uma vez que a fazenda Santa Maria encontra-se sub-judice, informa relatório da Polícia Federal obtido pelo GLOBO.

O processo para a legalização da fazenda tramita na Justiça, em Brasília.

A polícia começou a desconfiar do uso de Andressa como laranja da organização de Cachoeira depois de apreender, no computador de Gleyb Ferreira, a cópia de um contrato particular de compra e venda com recibo de sinal em nome da namorada do bicheiro.

Pelo documento, a fazenda seria comprada de Dinah Cardoso Mendes e Norgente Pereira Mendes e repassada para a namorada de Cachoeira. Como sinal, foram oferecidos três veículos automáticos da Mitsubishi.

O restante seria dividido em parcelas de R$ 65 mil por mês a partir de março deste ano até a legalização da terra, com o julgamento final da ação de usucapião. O negócio era de alto risco. Afinal, não seria possível antecipar o resultado de uma decisão judicial. Mas, ainda assim, a organização de Cachoeira apostou alto no negócio.

Em 2 de fevereiro, 26 dias antes de ser preso, Cachoeira tratou da compra da fazenda com Andressa. O diálogo foi gravado na Operação Monte Carlo.


Cachoeira orientou conversa com contador

Depois de um rápido cumprimento, Cachoeira orienta a namorada a passar alguns dados pessoais para Geovani Pereira da Silva, contador da organização.

Pega a empresa sua, passa pro Geovani o nome, CPF, tudo, pra escriturar 25% de uma área que nós compramos aqui, e põe ela no ramo imobiliário, tá! Loteamento, essas coisas, ok? orienta o contraventor.

Ok! Então tem que sentar com o meu contador, né? Mas eu já vou passar os dados, pra ele agora, pedir pra minha secretária passar obedece Andressa.

Tá bom, faz isso agora que passa a escritura aqui, tchau! encerra Cachoeira.

Num outro diálogo, também interceptado na Monte Carlo, Cachoeira acerta com Gleyb o fracionamento da propriedade em 570 lotes. A venda dos lotes, numa área em que a urbanização avança celeremente, renderia R$ 58 milhões, pelos cálculos da organização.

Procurada pelo GLOBO, Andressa se defendeu com o argumento de que o contrato de compra e venda, com data de 30 de janeiro deste ano, não está assinado.

Este contrato está assinado? Não está. Não existe imóvel nenhum. Não tem nada no meu nome. Eu bem que gostaria de ter uma fazenda para lazer com meus filhos no fim de semana, mas não tenho. Provavelmente era uma vontade do Carlos disse.

Andressa também negou que tivesse conversado com Cachoeira sobre a compra da fazenda. Depois, confrontada com os diálogos interceptados na Monte Carlo, mudou a versão.

Ele (Cachoeira) foi grampeado durante dois anos. Não meu lembro (de falar sobre a fazenda). Conversava com o Carlos todos os dias afirmou.


O Globo

SEM "MARQUETINGUE ! A CIGARRA EUFÓRICA PODE ESTAR ENTRANDO NA FASE DA RESSACA :Crescem, e preocupam, os sinais negativos na economia brasileira

Ao contrário do que se viu quando a turbulência financeira assombrou o mundo há três anos, o Brasil não vive mais uma onda forte de crescimento.

O consumo travado por causa do endividamento das famílias já não consegue dar fôlego para a economia. A indústria, por sua vez, ainda se ressente da fraca demanda e da falta de competitividade.

Ainda assim, o país ainda mantem um mercado de trabalho com desemprego baixo e redução da informalidade. O que, contudo, não é forte o suficiente para criar condições para a recuperação da atividade, que vem sendo adiada a cada trimestre que passa.

De todo modo, apesar de números pessimistas, o país deve encerrar 2012 com crescimento baixo.


Há razões para que analistas comecem deteriorar as expectativas. Setores alvos de benefícios do governo como o automotivo começam a demitir. As previsões para a indústria entraram no campo negativo e uma retração de 0,04% é esperada para este ano.

O setor industrial fala em semestre perdido, por causa da queda de produção e emprego, baixa utilização dos pátios das fábricas e aumento de estoques.


Já o comércio teve a primeira queda das vendas desde 2009, de 0,8%, em maio. A confiança da indústria voltou para patamares da crise há três anos.

A arrecadação de impostos caiu 6,5% pela primeira vez no ano, porque as empresas lucram menos. E também remeteram 47% menos lucros e dividendos para o exterior no primeiro semestre. Mesmo com o dólar alto como queria a indústria nacional houve uma retração das exportações de 45% nos seis primeiros meses do ano.

A criação de empregos com carteira caiu quase 33% nesse período.
A Previdência Social fechou junho com déficit de R$ 2,7 bilhões:
38% maior que em igual período de 2011.
Menos dinheiro entra no país:

o fluxo cambial foi negativo em US$ 1,9 bilhão em julho, por causa do desempenho negativo de exportações e das saídas de investidores.


Grandes bancos como Santander, Itaú e Bradesco perdem lucratividade e culpam o alto índice de inadimplência que começa a recuar, mas está ainda em nível recorde.

Bradesco prevê queda de 1,5% na indústria

Para o professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzo, um dos principais interlocutores do Palácio do Planalto no campo econômico, as famílias estão no maior nível de endividamento, de 43,3%, e no fim de um ciclo de consumo de bens duráveis.

As limitações são maiores, o nível de renda é menor disse Belluzzo. Não sou eu, mas a torcida do Flamengo, gregos e troianos acham que o governo tem de ir pelo caminho do investimento em infraestrutura para sair dessa crise.

Segundo José Márcio Camargo, da consultoria Opus, o sinal de fraqueza é o da indústria que não tem força para reagir nem aos menores juros da história. Hoje, a Selic é de 8% ao ano.

Ele argumentou que, além de não gerar empregos, os salários no setor subiram 10% no último ano. Isso comprimiu a competitividade da indústria já achatada pelo período de câmbio desfavorável e perda de espaço para importados:

Ficou ainda mais caro produzir no Brasil, mas ao mesmo tempo continua a circular dinheiro, a renda ainda está alta e isso faz com que o crescimento dependa do comércio e dos serviços daqui para frente.

O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, espera uma queda de 1,5% para a indústria neste ano e não vê uma retomada muito forte no ano que vem, porque há uma sobreoferta de produtos no mundo devido à crise.

Segundo ele, para o PIB brasileiro
crescer 4%, uma produção industrial avançando 1,5% já seria suficiente em 2013.


O Globo