"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

julho 24, 2012

brasil maravilha "SEM MARQUETINGUE" : 350 mil servidores já aderiram às paralisações em todo o País.

Servidores federais de diversos órgãos e ministérios estão em greve em todos os Estados, reivindicando recomposição salarial e restruturação de carreira, entre outros pontos.

Professores de universidades federais estão parados desde 17 de maio e a maioria dos demais servidores cruzou os braços em 11 de junho. Nas agências reguladoras, o movimento foi iniciado em 16 de julho.


Veja abaixo outras informações sobre as greves:

Quantos são.
A estimativa dos sindicatos é que 350 mil servidores aderiram à greve, que atinge mais de 30 setores em todos os Estados, segundo a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef).

O governo, porém, diz que a adesão não chega à metade desse número.

O que querem.
Entre as reinvidicações dos grevistas estão recomposição salarial, reestruturação da carreira, mais concursos e melhores condições de trabalho. Os pedidos de aumento variam de 4 por cento a 150 por cento, dependendo da categoria.

O que diz o governo.
Para o governo, seria impossível atender todos os reajustes diante da necessidade de conter o aumento de gastos devido às incertezas provocadas pelo crise econômica internacional, que deve continuar a provocar efeitos no Brasil em 2013.

O impacto nas contas da União, caso todos os reajustes fossem concedidos, seria de 92 bilhões de reais anuais, o que representa metade da atual folha de pagamentos, segundo o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Responsável pelas negociações, o Planejamento diz estar fazendo estudos técnicos para indicar a viabilidade de atender algumas das reivindicações.

Quem são.
A greve atinge servidores em Brasília dos ministérios da Agricultura,
Desenvolvimento Agrário,
Integração Nacional,
Justiça,
Planejamento,
Previdência Social,
Saúde e Trabalho.


Funcionários do Ministério da Saúde também estão parados nos Estados de Amazonas,
Ceará,
Goiás,
Mato Grosso,
Paraíba,
Rondônia e Sergipe.

A paralisação também é feita por professores das universidades federais e funcionários de órgãos federais em diversos Estados.

Os mais atingidos são Eletrobras,
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Fundação Nacional da Saúde (Funasa),
Fundação Nacional do Índio (Funai),
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Incra.

O movimento também atinge as agências reguladoras, como
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel),
Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel),
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Estadão

Arrecadação cai 6,5% e soma R$ 81,1 bilhões em junho

Depois de meses sucessivos de recordes, a arrecadação da Receita Federal em junho perde fôlego e sente os efeitos da desaceleração do crescimento brasileiro.

Os dados da Receita, divulgados nesta terça-feira, 24, mostram pela primeira vez no ano uma queda real da arrecadação, indicando um cenário mais difícil para o governo. A arrecadação teve uma queda real (com correção pelo IPCA) de 6,55% em junho ante junho de 2011, e somou R$ 81,107 bilhões.

Em relação a maio, apresentou um crescimento de 3,94%.


Entre as razões apresentadas pela Receita para o desempenho fraco da arrecadação está a queda de 4,26% da produção industrial em junho ante o mesmo mês do ano passado. O desempenho fraco da indústria tem efeitos na arrecadação dos impostos, o que ficou mais evidente no resultado divulgado hoje.

A Receita também colocou na lista de razões para o desempenho favorável da arrecadação a queda de 5,87% do valor em dólar das importações.

No semestre, a arrecadação também mostra desaceleração do ritmo de crescimento. O crescimento das receitas administradas pela Receita Federal (que exclui taxas e contribuições cobradas por outros órgãos), que chegou a bater de 6,68% em março, caiu agora para 3,04% de janeiro a junho.

Abaixo das expectativas

A arrecadação de junho ficou abaixo da mediana das projeções dos analistas consultados pelo AE Projeções, de R$ 82,9 bilhões. O intervalo das estimativas ia de R$ 80 bilhões a R$ 88 bilhões.

No ano, a arrecadação de impostos e contribuições federais apresenta um crescimento de 3,66%, em relação a igual período de 2011.

O crescimento da arrecadação no primeiro semestre de 2012, de 3,66% já está abaixo da previsão da Receita Federal, que é entre 4% e 4,5% este ano. A previsão da Receita, no entanto, não contempla a revisão de crescimento do PIB, este ano, de 4,5% para 3%, conforme divulgado no relatório de Receitas e Despesas do Ministério do Planejamento.

Desde março deste ano a arrecadação vem desacelerando. No acumulado do primeiro trimestre, a alta real era de 7,32%, caindo para 6,28% no primeiro quadrimestre. Uma nova desaceleração foi registrada em maio, quando o aumento do recolhimento de tributos passou para 5,83%, e atingindo agora, no fechamento do primeiro semestre uma alta de apenas 3,66%.

Pela primeira vez este ano foi registrada uma queda na arrecadação em relação ao mesmo mês do ano anterior. O recolhimento de tributos em junho teve uma redução real de 6,55% em relação ao junho de 2011.

Estadão

Lucro do Itaú Unibanco cai 5,6% no semestre


O Itaú Unibanco, maior banco privado do país, teve lucro líquido de R$ 6,73 bilhões no primeiro semestre do ano, uma queda de 5,65% na comparação com o primeiro semestre do ano passado, informou o banco nesta terça-feira.


Já o segundo trimestre registrou lucro de R$ 3,304 bilhões, uma queda de 8,29% na comparação com igual período de 2011. Em relação ao trimestre anterior, houve retração de 3,56%. O resultado também veio abaixo dos R$ 3,5 bilhões previstos pelos analistas.

O lucro trimestral foi afetado pelas elevação das despesas com provisão para devedores duvidosos, que alcançaram R$ 4,86 bilhões, com alta de 30,89% ante igual trimestre de 2011.

A taxa de inadimplência atingiu 5,2%, o que representou uma alta de 0,1 ponto percentual em relação ao trimestre anterior e de 0,7 ponto percentual ante igual período de 2011.

Na segunda-feira o Bradesco também divulgou seu balanço trimestral. O banco fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 2,83 bilhões, valor 1,7% maior que o do mesmo período de 2011.

O aumento da inadimplência e a lentidão da economia também fez com que o resultado fosse abaixo do previsto.

Segundo a consultoria Economática, apesar de o lucro semestral do Itaú Unibanco ter sido maior, a rentabilidade sobre o patrimômio médio (ROE) do Bradesco é de 19,01% contra do 18,96% do concorrente. O ROE do Bradesco está em níveis de 2004, enquanto o do Unibanco é semelhante ao de 1998.

No trimestre, o Itaú Unibanco também sofreu com a venda da participação de 18,87% que detinha no banco português BPI. Isso gerou um resultado negativo de R$ 205 milhões no período. A carteira de crédito do Itaú Unibanco atingiu R$ 356,789 bilhões, com expansão de 2,71% no trimestre e de 12,56% em 12 meses.

O índice de Basileia do banco a relação entre o quanto ele empresta e o seu patrimônio ficou em 16,9%, com alta de 0,8 ponto percentual ante o período encerrado em março. O índice de eficiência ficou em 45%, com alta de 0,5 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior.

Quanto menor esse índice, mais eficiente é um banco. Os ativos totais ficaram em R$ 888,809 bilhões, com queda de 0,89% em relação ao primeiro trimestre. Em 12 meses, houve crescimento de 11,98%.

Brasil tem déficit de US$4,4 bilhões em transações correntes em junho . Dados divulgados pelo BC mostram déficit menor que o previsto

O Brasil registrou em junho déficit em transações correntes de US$ 4,419 bilhões, abaixo da previsão de economistas ouvidos pela agência de notícias Reuters, de US$ 4,8 bilhões, informou o Banco Central nesta terça-feira.

No acumulado de 12 meses encerrados em junho, o déficit em conta corrente do país ficou em 2,16% do Produto Interno Bruto (PIB).

O BC informou ainda que os investimentos estrangeiros diretos no país somaram 5,822 bilhões de dólares no mês passado.

O Globo

Cachoeira vai falar, diz defesa.


Preso há 147 dias, o bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, dará amanhã as primeiras explicações sobre o esquema comandado por ele que custou o mandato do ex-senador Demóstenes Torres e mobilizou o Congresso em torno de uma CPI.

O contraventor deixou a Penitenciária na Papuda da manhã de ontem rumo à carceragem da Polícia Federal em Goiás. Cachoeira estará presente na audiência de instrução e julgamento de processo que responde na 11ª Vara Federal, em sessões marcadas para hoje e amanhã.

Na primeira fase da audiência, oito réus ouvirão relatos de quatro testemunhas de acusação e 10 de defesa.


As testemunhas de acusação são agentes que atuaram na Operação Monte Carlo, com o monitoramento de campo e telefônico dos investigados. O objetivo das testemunhas de defesa é delinear a “qualificação” dos acusados, informando dados sobre residência fixa, trabalho e atestando a idoneidade dos réus.

Amanhã, Cachoeira e Idalberto Matias de Araújo, o Dadá,
Lenine Araújo de Souza,
Wladmir Garcez,
Gleyb Ferreira da Cruz,
José Olímpio de Queiroga,
Raimundo Washington
e Geovani Pereira da Silva, apontados no inquérito como operadores da organização criminosa comandada pelo bicheiro, prestarão depoimento à Justiça.
Entre os acusados, Cachoeira permanece preso e Geovani foragido.

Diferentemente do ocorrido em 31 de maio, quando a defesa de Cachoeira conseguiu uma liminar para suspender o depoimento, a advogada Dora Calvalcanti, que representa o contraventor, afirma que não fará nenhuma tentativa de adiamento.

“Só se for a defesa de outros depoentes. Da nossa parte não.” Dora e o advogado Augusto de Arruda Botelho acompanharão Cachoeira na audiência.

A audiência deve ser marcada por uma guerra de oratória entre os depoentes e o juiz Alderico Rocha Santos, que assumiu como substituto da 11ª Vara Federal depois que o juiz Paulo Augusto Moreira Lima se afastou do caso, alegando ter sofrido ameaças.

Há cerca de um mês, Alderico assumiu o processo e teve que se inteirar de seus 53 volumes para remarcar a audiência. À época da suspensão do depoimento, os advogados do bicheiro impetraram habeas corpus alegando que o direito de defesa estava cerceado, pois a defesa não pode falar reservadamente com Cachoeira.

A decisão foi do desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região Tourinho Neto, que acatou parcialmente a demanda da defesa de Cachoeira. O desembargador determinou que diligências solicitadas pela defesa fossem cumpridas antes da audiência.

Os advogados de Cachoeira tentaram adiar novamente o depoimento, mas a 11ª Vara Federal informou que todas as diligências foram cumpridas.

O advogado de Wladmir Garcez, Neiron Cruvinel, explica que orientou o cliente a não responder a perguntas que tenham o objetivo de confirmar informações que constem apenas em escutas telefônicas, pois ao admitir que o conteúdo dos grampos corresponde ao contexto reproduzido no inquérito, os próprios réus estarão validando as provas eletrônicas.

“Só se basearam em interceptações telefônicas, não têm provas. Mas se forem confirmadas as gravações elas valem como prova. A ordem dos depoimentos deve ser a mesma da denúncia.” Falarão Cachoeira, seguido de Lenine, Geovani, Garcez, Olímpio, Dadá, Gleyb e Washington.

Congresso de olho

Parlamentares que integram a CPI criada para apurar as ligações de Cachoeira com autoridades públicas informaram que escalariam representante para acompanhar o depoimento. Como Cachoeira se recusou a falar quando foi convocado, parlamentares pretendem usar as explicações à Justiça nas investigações do Congresso.

Ontem, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) montou esquema de segurança para transferir Cachoeira da Papuda até a carceragem da PF em Goiânia. A transferência foi feita de carro. Antes de chegar à Polícia Federal n a capital de Goiás, o bicheiro passou por exame de corpo de delito. A família dele informou que o contraventor também passou por exames psicológicos, para avaliar quadro de depressão.

Ele teria emagrecido mais de 20 quilos desde de sua prisão, em 29 de fevereiro. A mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, foi à PF tentar conseguir a permissão para uma visita. diante da negativa, acabou enviando apenas um bilhete dizendo que o contraventor era “o amor de sua vida”.

JOSIE JERONIMO Correio Braziliense

O novo voo da galinha


Não há muito tempo, quando o País ainda tentava sair de duas décadas de estagnação, tornou-se usual comparar nossas desventuras ao voo de uma galinha. A comparação remetia à vulnerabilidade do balanço de pagamentos que demandava desvalorizações cambiais espasmódicas, que pressionavam a inflação e exigiam elevações periódicas nas taxas de juros, estancando o crescimento.

Muita coisa mudou.
O excesso de reservas, quem diria, passou a ser visto como um problema.
A economia, no entanto, voltou a patinar.
Estamos parando.

Culpar apenas a crise internacional é descabido. Seria melhor se o mundo não tivesse se transformado num lugar tão perigoso, mas as conexões que mantemos com o resto do globo são limitadas. O Brasil é uma economia ensimesmada. Somos locais.

As exportações representam uma parcela pequena do PIB, o financiamento internacional é apenas complementar, os bancos brasileiros dominam o mercado, o financiamento da dívida pública é feito quase totalmente por brasileiros.

Nossa estagnação reflete, predominantemente, nossas próprias fraquezas e é, na sua maior parte, explicada pela conjugação entre o esgotamento de um ciclo de endividamento acoplado ao exaurimento do padrão de crescimento industrial. A história do crédito é conhecida. Em números:
nos dez anos terminados em 2011, o crédito total na economia brasileira cresceu mais de 500%.

No ano passado, no entanto, a inadimplência deu um salto (35%), continuou crescendo e forçou os bancos a uma política de crédito mais seletiva.

Um típico sofisma da composição, ensinado no primeiro ano dos cursos de Economia. Se cada um dos bancos corta o crédito, todos, no conjunto, tendem a ter mais inadimplência (porque a produção e a renda se contraem). Assim funciona uma economia de mercado (a alternativa seria uma planilha do Gosplan, o que ainda não se cogita).

Com o tempo - nada como o tempo para passar - as famílias vão gradativamente recuperar a capacidade e o apetite para um novo ciclo de crédito.

A vulnerabilidade da indústria é mais complexa, porque nem o tempo resolve.
O setor vem sendo esmagado por custos crescentes e progressiva exposição aos produtos importados. Também em números:
nos dez anos terminados em 2011, o custo da energia elétrica industrial aumentou 165%, para uma inflação medida pelo IPCA de 88%.

Os salários industriais, por sua vez, subiram 134%, ao passo que o recolhimento de IPI saltou quase o mesmo, 133%.

O valor do dólar, no entanto, caiu 28%, o que ofereceu a indústria à concorrência predatória das importações (a importação de bens duráveis, medida em reais, subiu 764% nesse período). Nesse contexto, o único "espírito animal" que ainda resta no empresariado é o medo, muito medo.

Mitigar essa defasagem exigiria ganhos de produtividade extremamente significativos, o que não está na pauta.

O Insead divulgou, há dias, pesquisa internacional sobre inovação e ambiente de negócios que realizou em conjunto com a Organização Internacional de Propriedade Intelectual.
O Brasil foi classificado em 58.º lugar, atrás de países como Jordânia, Croácia e Omã. No quesito "ambiente de negócios" ficamos em 127.º lugar, atrás do Burundi.

As frenéticas medidas pontuais que o governo vem tomando não resolverão nossos problemas estruturais. Reformas amplas, por outro lado, estão além do raio de manobra política da atual gestão, que se equilibra sobre uma coalizão bizarra e fica, assim, premida por interesses difusos e contraditórios.

Resta torcer para que a Europa não se desintegre, que a China passe muito bem e que o tempo se encarregue de preparar um novo ciclo de consumo baseado no crédito.

Sem mudanças estruturais, porém, mais uma vez parte expressiva desta demanda vazará para o exterior na forma de aumento das importações, o que poderá tornar o crescimento cronicamente mirrado.

Galinhas não voam. Galinhas ciscam para trás.


Luis Eduardo Assis O Estado de S. Paulo