"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

junho 26, 2012

O brasil maravilha 300% "PREPARADO" : BC muda o tom e está mais pessimista sobre inadimplência

O Banco Central mudou um pouco de tom ao tratar das perspectivas para a inadimplência na pessoa física.

Se até o mês passado a previsão era de que o problema iria se acomodar e começar a cair durante o 2º semestre, agora a instituição já fala que o problema só começará a se reverter no fim do ano. A espera parece ter sido postergada.


"A expectativa é que haja acomodação e retração até o final do ano na (inadimplência da) pessoa física", disse o chefe do departamento econômico do Banco Central, Túlio Maciel.

No mês passado, a afirmação foi um pouco diferente.
"Estamos atentos, principalmente nesse patamar ainda alto, mas a expectativa é que, com o crescimento e a geração de emprego e renda, ela venha a se acomodar e reverter lá na frente", disse Túlio um mês atrás, quando divulgou dados de abril.

Mesmo com esse aparente adiamento para a solução dos calotes, Maciel mantém o discurso otimista. Para isso, citou como argumento os dados de atrasos - falta de pagamento entre 15 e 90 dias.

Esse problema diminuiu em maio, de 7% para 6,7% dos financiamentos às famílias. O técnico do BC argumenta que isso pode indicar melhora futura da inadimplência - falta de pagamento de mais de 90 dias.


Em maio, segundo a instituição, os atrasos diminuíram em todas as linhas para pessoas físicas. Maciel destacou em especial a melhora nos financiamentos para compra de veículos, cujo porcentual de atraso caiu de 8,6% para 8,5%, a primeira queda desde dezembro do ano passado.

A expectativa de uma reversão do quadro prevalece mesmo com a inadimplência recorde, mercado de trabalho com menos fôlego e os alertas do Banco de Compensações Internacionais (BIS na sigla em inglês) sobre um patamar supostamente elevado de endividamento no País.

O calote no cartão de crédito aumentou com força no mês passado e atingiu o patamar recorde de 29,5%, maior marca da série histórica iniciada em 2000. Conforme dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira, a marca anterior era de abril, quando alcançou 28,7%.

O nível de inadimplência quer dizer que, em maio, quase um terço dos recursos acumulados no crédito rotativo, financiamentos com juros e saques está sem pagamento há pelo menos 90 dias. Em cifras, os bancos esperam R$ 10,835 bilhões em pagamentos no cartão de crédito há mais de três meses.

Fernando Nakagawa e Eduardo Cucolo, da Agência Estado

Senado julgará Demóstenes em votação secreta em julho

O senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) será julgado, em votação secreta no plenário, no dia 11 de julho. Com o apoio dos líderes partidários, o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), marcou a data e vai acelerar a tramitação do processo para que seja apreciado antes do recesso parlamentar do próximo mês.

Por unanimidade, o Conselho de Ética do Senado aprovou na noite desta terça o pedido de cassação de Demóstenes por envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Para agilizar a tramitação, Sarney vai convocar duas sessões ordinárias de votação extras para depois de amanhã, quinta-feira, e próxima segunda-feira.

As sessões são uma forma de abreviar a apreciação do caso pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), colegiado que analisará se o processo feriu algum preceito legal ou constitucional. O regimento do Senado determina que, para ser remetido ao plenário, é necessário esperar cinco sessões entre a decisão final do conselho e a CCJ.

Dessa forma, a CCJ apreciará o caso no dia 4, na próxima quarta-feira. O senador Pedro Taques (PDT-MT) será o relator do processo contra Demóstenes na comissão. Taques, que não é integrante do Conselho de Ética, mas acompanhou a votação contra o senador goiano na segunda-feira à noite, deve aprovar o processo.

A votação no plenário ocorrerá em sessão secreta. Para cassar o mandato de Demóstenes, são necessários pelo menos 41 votos favoráveis dos senadores, a maioria absoluta da Casa.

RICARDO BRITO/Estadão

Mensalão começará a ser julgado no dia 2 de agosto

STF adia discussão sobre julgamento do mensalão
O julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) acabou atrasando um dia e, agora, começará no dia 2 de agosto. A informação foi confirmada nesta segunda-feira, 26, pelo gabinete do presidente do STF, Carlos Ayres Britto.

De acordo com a assessoria de Britto, os ministros entenderam que não era conveniente publicar uma edição extra do Diário da Justiça Eletrônico (DJE) nesta terça-feira para dar tempo de começar o julgamento no prazo previsto anteriormente.

No início de junho, os ministros do STF decidiram, em sessão administrativa, que o julgamento da ação penal começaria no dia 1º de agosto. No entanto, o atraso ocorreu porque o revisor do processo, Ricardo Lewandowski, liberou o processo hoje, um dia depois do prazo possível para o cumprimento de algumas burocracias obrigatórias, como a publicação no DJE e a convocação de advogados.

As datas estão apertadas porque o STF estará em recesso durante todo o mês de julho, período em que os prazos processuais são suspensos.

Mesmo com o atraso, o julgamento ainda poderia começar no dia 1º de agosto caso o presidente do STF decidisse publicar uma edição extraordinária do diário. O STF já adotou a medida em pelo menos quatro ocasiões neste ano, mas Britto entendeu que essa não seria a melhor solução.

“Consultados vários ministros a partir do relator, (eles) avaliaram que a edição extra do DJ não seria conveniente para não ensejar alegações de casuísmo e, por consequência, de nulidade processual em matéria penal”, destacou Britto, em pronunciamento lido por sua assessoria.

A liberação do processo para a pauta sairá na edição do DJE desta quarta-feira, 27, mas a publicação só é considerada depois de 24 horas. Depois disso, há prazo de dois dias úteis para a comunicação dos advogados, que terminará no dia 1º de agosto devido ao recesso de um mês no STF. Só após esse rito o processo pode ser chamado para julgamento.

Agência Brasil

CHARGE : TEMOR

GRAÇA FOSTER SEM AS "GRAÇAS E OS DISFARCES " do brasil maravilha : GRAÇA EXPÕE PROBLEMAS E REPROGRAMA A PETROBRAS

Conhecida por seu estilo franco, a presidente da Petrobras, Graça Foster, traçou um retrato perturbador das dificuldades que a estatal atravessou no passado recente, ao apresentar um plano de investimentos de R$ 236,5 bilhões para 2012/16.

Ela sugeriu que a companhia divulgava metas irrealistas, convivia com certa indisciplina financeira, falta de planejamento e de controle. As metas, consideradas pouco críveis pelo mercado, pareciam contar com a sorte para ser atingidas.

"Não é possível considerar milagres na hora que tem demanda forte mundialmente e também no Brasil", disse Graça Fortes, enumerando todas as metas de produção não cumpridas desde 2003.

Ela sugeriu que a companhia costumava adquirir antecipadamente equipamentos de projetos ainda não aprovados em todas as fases, em uma crítica sutil à gestão anterior. Foi o que deu a entender quando se referiu a diversos projetos da empresa, incluindo refinarias.

Graça Foster, presidente:
"Trabalhamos sobre total desconforto, 365 dias por ano para atender a demanda de todos"

Ao detalhar ontem o plano de investimentos de US$ 236,5 bilhões da Petrobras, a presidente da companhia, Graça Foster, apontou que a estatal vinha divulgando metas que sistematicamente descumpria, convivia com falta de planejamento, controles insuficientes e ineficiência operacional.

As antigas projeções de produção, consideradas irrealistas pelo mercado e, agora, assumidas pela nova administração, indicou a presidente, contavam com a sorte para serem atingidas.

"Não é possível considerar milagres na hora que tem demanda forte mundialmente e também dentro do Brasil", disse a presidente da Petrobras ao apresentar todas as metas de produção não cumpridas desde 2003.

Graça Foster, que assumiu a diretoria de Gás e Energia em setembro de 2007, usou seu estilo franco ao responder perguntas de jornalistas e analistas ao apontar o que considerou como ineficiências da empresa.

Um analista curioso para saber se as novas metas de produção - que reduzem em até 1 milhão de barris a produção em determinado mês de 2017 - traziam conforto, recebeu a seguinte resposta da presidente:
"Aqui, ninguém trabalha com conforto de absolutamente nada. Conforto é uma palavra proibida entre nós. Nós trabalhamos sobre total desconforto. Aqui é desconforto 365 dias por ano para atender a demanda de todos os senhores e senhoras".

O discurso ouvido ontem indicou que a companhia costumava adquirir antecipadamente equipamentos de projetos ainda não aprovados em todas as fases. Foi o que Graça deu a entender quando se referiu a diversos projetos da empresa, incluindo refinarias.

Procurado, o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, secretário de Planejamento da Bahia, disse ao Valor que não ouviu a apresentação de Graça porque estava em uma celebração da independência do Estado e, por isso, não iria comentar.
(...)
No quesito atrasos, a refinaria do Nordeste, que está sendo construída em Pernambuco, vai ficar pronta só em novembro de 2014, com três anos de atraso e preço US$ 3,7 bilhões acima do planejado (US$ 13,362 bilhões).
(...)
"Certamente que a história da refinaria Abreu e Lima, em que nós estamos com 55% de realização física, é uma história a ser aprendida, a ser escrita e lida pela companhia, de tal forma que ela não seja repetida".

Já a refinaria que vai processar 165 mil barris de óleo pesado no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) saiu do orçamento imediato e não faz parte do plano de investimentos de US$ 208,7 bilhões de projetos com todas as fases aprovadas.

Ao mencionar o Comperj, adiado algumas vezes, a última para setembro de 2014, Graça foi dura ao dizer que nenhum diretor da companhia está autorizado a falar sobre novos prazos desse e outros projetos. Segundo a executiva, a nova gestão está fazendo um detalhamento até para saber quanto custam e o que já foi feito. "O físico e o financeiro andam juntos", ressaltou.

Quanto às refinarias do Maranhão e do Ceará, o diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza, disse que estão no plano estratégico de US$ 236,5 bilhões e recebendo recursos compatíveis com a atual fase [do projeto]. "Mas é evidente que têm que ter prazo, custo e rentabilidade".

A autonomia dos novos diretores é mais restrita agora, como fez questão de ressaltar. "O diretor não tem autorização de, por si, decidir fazer investimentos acima daquilo que está previsto para resolver o problema de desempenho do projeto.

Evidentemente estou falando dos grandes projetos da companhia, responsáveis pela produção, responsáveis pelo escoamento do petróleo e gás produzidos", afirmou Graça.

A Petrobras vai investir US$ 43,7 bilhões no desenvolvimento da produção de petróleo na área da camada pré-sal entre 2012-2016. O valor responde por 49% dos investimentos previstos na área de desenvolvimento da produção da petroleira no período, de US$ 89,9 bilhões. No total, a área vai receber 131,6 bilhões no Brasil até 2016, o equivalente a 60% do investimento da companhia.

A área internacional ficará menor. Com investimentos de US$ 10,7 bilhões, tem várias ativos que poderão ser vendidos. E os investimentos que surgirem terão que ser mais rentáveis do que qualquer projeto no Brasil para serem levados adiante.

Também descumprida, a meta de desinvestimento de ativos da Petrobras, agora de US$ 14,8 bilhões, será executada esse ano, como garantiu o diretor financeiro, Almir Barbassa. Ele citou como exemplo o desbloqueio de R$ 4,5 bilhões em recursos usados como garantias para a Petros.

" É tão importante quanto aumentar o preço da gasolina", afirmou Graça Foster.

"É como se fosse um projeto de produção de petróleo ou gás natural".


Cláudia Schüffner, Rodrigo Polito e Marta Nogueira | Do Rio Valor Econômico

Lewandowski ACORDA E entrega processo do mensalão

O revisor do processo do mensalão, ministro Ricardo Lewandowski, concluiu nesta terça-feira o voto e devolveu os autos para o Supremo Tribunal Federal (STF). Com isso, o processo está pronto para ir a julgamento. Antes disso, porém, é preciso publicar a movimentação processual e notificar os advogados dos réus.

Segundo o próprio revisor, se houver publicação ainda nesta terça-feira de uma edição extraordinária do Diário de Justiça, será possível cumprir o cronograma acertado pela Corte, no qual o julgamento começará dia 1º de agosto. Se o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, não fizer isso, o calendário será atrasado em um dia.

- Foi o voto-revisor mais curto da história do Supremo Tribunal Federal. A média para um réu é de seis meses. Fiz das tripas coração para respeitar o que foi estabelecido pela Suprema Corte - disse Lewandowski.

Tendo em conta a conclusão de meu voto-revisor na Ação Penal 470 de Minas Gerais, encaminho os autos ao eminente Presidente , Ministro Ayres Britto, (...) ensejando, assim, o cumprimento do cronograma de julgamento estabelecido pelo egrégio Plenário desta Corte, na Sessão Administrativa de 6 de junho de 2012, anotou o ministro. O revisor explicou que, no julgamento, comentará todos os pontos do voto do relator. Questionado se o prazo exíguo teria afetado na qualidade do trabalho, ele foi categórico:

- Sou magistrado há mais de duas décadas.

O ministro ficou irritado com a pressão para que devolvesse o processo e encaminhou ontem ofício ao presidente do STF, Carlos Ayres Britto, reforçando a promessa de que entregaria seu voto até o fim do mês, e que isso não atrasaria o cronograma do julgamento.

O motivo de sua irritação teve início na última quinta-feira, quando Ayres Britto também enviou ofício ao revisor explicando que o processo deveria ser devolvido até esta segunda-feira para que o cronograma fosse posto em prática, conforme publicado pelo O GLOBO, o que adiaria o início do julgamento por até mais uma semana.

No ofício, o revisor reclamou de ter sido informado do suposto prazo pela imprensa, antes mesmo de receber o ofício. Tirante o inusitado da situação, confesso que fiquei surpreso com a informação constante do mencionado ofício, visto que o Plenário desta Suprema Corte, na Sessão Administrativa de 6/6/2012, aprovou, pelo voto unânime dos presentes, o cronograma do julgamento da Ação Penal 470 de Minas Gerais, fixando o seu início em l°/8/2012, sob a condição de o revisor liberar o processo até o final de junho de 2012 (cf. ata da sessão anexa - grifei), diz o ofício de Lewandowski.

No mesmo documento, o ministro afirmou que o STF tem todas as condições de cumprir o cronograma já estabelecido e de iniciar o julgamento da Ação Penal 470/MG na data aprazada, considerando que o egrégio Plenário, integrado por experimentados juízes, detém a última palavra no que concerne à interpretação e ao alcance das normas regimentais.

Segundo o Regimento Interno do STF, 48 horas antes do julgamento, o processo precisa ser pautado por meio de publicação no Diário de Justiça, para a ciência dos advogados e dos réus. Quando o caso é disponibilizado pelo revisor, é preciso dar um prazo de 24 horas até a publicação formal dessa pauta. Para que tudo isso aconteça até sexta-feira, último dia do semestre no STF, a publicação no Diário de Justiça deve ser feita ainda nesta terça-feira. Ayres Britto teme publicar a pauta em uma edição extra do diário porque isso poderia dar motivo para os réus reclamarem de tratamento diferenciado ao processo.

O eventual adiamento do início do julgamento pode comprometer a participação do ministro Cezar Peluso. Ele completa 70 anos em 3 de setembro e, com isso, será aposentado. Para dar tempo de votar no caso, ele terá de pedir para votar logo após o relator, Joaquim Barbosa, e o revisor. A previsão é de que Barbosa comece a votar em 14 de agosto. Se o julgamento tiver o início adiado, há o risco de não dar tempo de Peluso votar.

Como revisor, o papel de Lewandowski é observar se o relatório entregue por Barbosa no final do ano passado resumiu corretamente o que está nos autos e, se for o caso, sugerir alterações.


brasil CONSUMISTA ! CLASSE LASCADA : Calote avança na nova classe média

O alto nível de endividamento das famílias está derrubando o otimismo entre os consumidores e minando o já fraco crescimento da economia. Foi o que constatou a Fundação Getulio Vargas (FGV), ao promover pesquisa com mais de 2 mil domicílios em todo o país.

É entre os integrantes da nova classe média, com renda mensal de até R$ 4,8 mil, que se registra o maior pessimismo. Não sem razão:
muitos já devem mais da metade do que ganham e enfrentam o maior nível de endividamento em sete anos.

Pelas contas da FGV, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) tombou 2,8% em junho ante o mês anterior. Foi a segunda queda consecutiva, refletindo a dificuldade maior das famílias em manter as contas em dia.

Entre os entrevistados com rendimentos mensais de até R$ 2,1 mil, 23,4% devem mais de 51% do salário e 19,1% já recorreram ao calote por total falta de recursos.

No grupo com renda entre R$ 2,1 mil e R$ 4,8 mil, 24,1% estão com mais da metade da renda comprometida com endividamento e 8,8% se tornaram inadimplentes.

Entre os que ganham mais de R$ 9,6 mil por mês, apenas 12,5% devem mais de 51% dos salários e 3,6% se dizem incapacitados para quitar as prestações assumidas.

Apesar desse quadro assustador, o governo não para de dar incentivos ao consumo e ao endividamento. A alegação é de que as dívidas das famílias são de curto prazo e há a possibilidade de se renegociar os débitos a juros menores. A coordenadora de sondagens de expectativa do consumidor da FGV, Viviane Seda, não endossa essa visão otimista.

Infelizmente, não se pode dizer que essas dívidas se resolverão na curto prazo, disse. A tendência, portanto, é de a inadimplência continuar apontando para cima, inibindo a retomada do crescimento econômico.

Não à toa, vários economistas apontam para alta de, no máximo, 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Os indicadores de confiança da FGV são preocupantes, pois mostram que as medidas recentes do governo para estimular o consumo (como corte do Imposto sobre Produtos Industrializados, IPI, de veículos) devem não surtir o efeito desejado de acelerar o PIB, afirmou o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) José Luís Oreiro.

O professor de economia do Insper Otto Nogami foi além:
Pacotes de estímulos à economia baseados no consumo das famílias estão esgotados. A seu ver, o cenário internacional conturbado e sem perspectivas de melhora deve aumentar a insegurança do consumidor. A tendência é que o pessimismo e a inadimplência continuem crescentes nos próximos meses, apostou.

ROSANA HESSEL Correio Braziliense

"desde o início do Governo , em 2003, a Petrobras nunca conseguiu cumprir as metas previstas." Tombo de R$ 22 bi


"Frustrante, pequeno demais, tarde demais".
É como os investidores qualificaram ontem o reajuste no preço dos combustíveis anunciado pela Petrobras na última sexta-feira.

Resultado:
as ações da empresa despencaram ontem e tiveram a maior queda desde novembro de 2008, auge da crise financeira internacional.

Os papéis preferenciais (PN, sem direito a voto) recuaram 8,95% e os ordinários (ON, com direito a voto), 8,33%. Em um único pregão, as ações perderam R$ 22,3 bilhões de valor de mercado, mais do que vale a Natura (R$ 20 bilhões).

O reajuste nos preços da gasolina (7,83%) e do óleo diesel (3,94%) entrou em vigor ontem. E, em apresentação para analistas de mercado do Plano de Negócios 2012-2016, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, deixou claro que os preços terão que sofrer novos reajustes nos próximos anos para garantir os recursos para os investimentos de US$ 236,5 bilhões previstos no plano.

Segundo ela, a defasagem em relação os preços internacionais não foi totalmente eliminada, mas o aumento ajudará a companhia a seguir com seu programa de investimentos.

- O plano aprovado pelo Conselho de Administração da Petrobras pressupõe paridade de preços internacionais - disse Graça.

Segundo ela, os investimentos também levarão em conta redução de custos, preço do petróleo e os atrasos nas obras:

- O controlador aprovou o plano de US$ 236,5 bilhões, em que o primeiro item é a paridade de preços. Nós não passamos a volatilidade dos preços internacionais ao consumidor, e vamos continuar não passando. Agora, vamos estar sempre que necessário, pelo menos uma vez por mês, mostrando ao nosso controlador a nossa condição de dar continuidade aos nossos projetos.

Hersz Ferman, gestor da Yield Capital, explica que o mercado esperava um reajuste maior, na faixa de 10% a 15%. Segundo estimativas do banco Credit Suisse, com o reajuste, a defasagem segue elevada na gasolina (7,5%) e no óleo diesel (18,6%).

Além disso, como o governo zerou a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) para não haver repasse ao consumidor do aumento aplicado nas refinarias o aumento praticado nas refinarias, a companhia terá cada vez mais dificuldades para negociar reajustes, afirma Emerson Leite, analista do banco. Isso porque o governo já não tem mais margem de manobra para evitar impacto na inflação.

- A Petrobras tem um plano de investimentos muito grande e precisa de caixa para executá-lo. Mas, se foi tão difícil e demorou tanto conseguir um reajuste na gasolina mesmo sem impacto na inflação, imagine agora - afirma Ricardo Corrêa, analista da Ativa Corretora. - Muita gente ficou otimista com a entrada de Graça Foster no começo do ano.

Mas a realidade é que a empresa continua um mecanismo do governo para controle de inflação..

Obra em Itaboraí sem previsão de acabar

Os analistas também não gostaram da apresentação do plano de negócios. Segundo Gustavo Gattass, do BTG Pactual, a Petrobras fez uma "apresentação para engenheiro" e não para investidores. Ele explicou que os diretores da companhia falaram muito sobre gestão e metas e pouco sobre as estratégias da companhia.

Graça embarcou ontem com diretores para apresentar o plano das empresas a investidores em Nova York, Boston e Londres.

Graça anunciou ontem que a Petrobras adiou o início da operação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em construção em Itaboraí, no Rio, e das duas refinarias Premium previstas para serem construídas no Maranhão e no Ceará. Ela garantiu que os projetos não foram cancelados, mas que seus prazos sendo reavaliados considerando seus custos e recursos disponíveis.

Pelo cronograma anterior, a primeira refinaria do Comperj deveria entrar em operação em 2014, e a segunda em 2016. No momento não tem prazo algum definido. Segundo o último balanço do PAC 2, divulgado em março, até o fim de 2011 o Comperj já tinha 25% de suas obras realizadas. O governo exigia da Petrobras no balanço do PAC realizar até 29% das obras até abril.

Foram investidos até 2010 (último dado disponível) R$ 2,9 bilhões no Comperj e a previsão é de mais R$ 19,2 bilhões para concluir a obra.

- Nenhum projeto foi retirado do plano. No Comperj, estamos reavaliando os prazos, de uma forma mais detalhada possível - destacou.

Já as refinarias Premium saíram do Plano de Negócios 2012-2016. No plano anterior, a Premium I, no Maranhão, deveria iniciar produção em 2016 e a Premium II, no Ceará, a partir de 2017. As obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, tiveram atraso de um ano em sua conclusão. A primeira unidade está prevista para novembro de 2014, contra setembro de 2013 previsto anteriormente.

A segunda entrará em operação em novembro de 2015. Ao detalhar o novo plano de negócios com novos prazos para todos os projetos da companhia, Graça informou que o custo passou para US$ 17 bilhões, contra US$ 13 bilhões anteriores.

Empresa não cumpre metas desde 2003

Graça e toda a nova diretoria, apresentaram também as novas metas de produção de petróleo que foram reduzidas em relação ao plano anterior de 2012-2015. Pelas novas metas a produção nacional de petróleo caiu para 2,5 milhões de barris em 2015, contra 3 milhões em 2015 previstos anteriormente.

Graça fez questão de demonstrar que, desde o início do Governo Lula, em 2003, a Petrobras nunca conseguiu cumprir as metas previstas.

Com o tombo das ações da Petrobras, o Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechou em queda de 2,95%, aos 53.805 pontos. Também influenciou um clima externo negativo, com investidores apostando na falta de resolução na cúpula da União Europeia no fim da semana.

O volume de negócios da Bolsa ficou em R$ 4,6 bilhões, num pregão marcado ainda por sérios problemas de conexão com o sistema da Bolsa. O dólar comercial fechou em leve alta de 0,09%, a R$ 2,066.

Ramona Ordoñez O Globo

O filho...do brasil, OS VÍCIOS INDECENTES E A PÚSTULA COMO HERANÇA : Uma nova política


Eu queria escrever sobre Rousseau.
Nesta quinta completam-se três séculos de seu nascimento.
Atacaria o coletivismo do filósofo, que jurava falar em nome da "vontade geral", na prática, a tirania de poucos.

Condenaria ainda o seu romantismo ingênuo, com a visão idílica do "bom selvagem", que transforma em vítima a escória da humanidade.

Mas os acontecimentos da política nacional atropelaram minha intenção. As novas peripécias de Lula, melhor dizendo. Aquela foto do ex-presidente sorrindo enquanto aperta a mão de Paulo Maluf é tão sintomática que não pode passar em branco. Rousseau pode esperar.

Ao contrário de alguns, eu não padeço de romantismo. Política é a "arte do possível". Concessões serão inevitáveis. Quem almeja pureza moral deve se ater ao campo das ideias. Meter as mãos no jogo sujo da política e sair totalmente limpo é utopia.

Concordo com tudo isso. Mas não posso conceber que exista somente esta forma de se fazer política! Se é ingenuidade cobrar pureza dos políticos, também é abjeto pensar que todos estarão sempre dispostos a tudo pelo poder.

É fundamental separar o joio do trigo.
Não podemos aceitar bovinamente que tudo isso é parte inevitável da política, e ponto final.

O melhor argumento de defesa dos petistas é que seu partido é "apenas" tão ruim quanto os outros. Mesmo se isso fosse verdade, seria patético para quem já tentou monopolizar a bandeira da ética no passado. Mas é mentira: o PT é pior!

Nunca antes na história deste país vimos um partido com tanta sede pelo poder, disposto aos mais nefastos meios para tanto. Aloprados, "mensalão", dinheiro na cueca, amizade com os piores ditadores, isso é o PT. Quem acompanhou sua trajetória não pode ficar surpreso com a aliança entre Lula e Maluf.

Este já tinha até apoiado Marta Suplicy em 2008.

O único "princípio" de Lula é o vale-tudo pelo poder. Todos os seus velhos desafetos da política, antes atacados com virulência, tornaram-se aliados. Jader Barbalho teve direito até a um beija-mão, uma "aula" de política, segundo o próprio Lula. Sarney, o eterno, virou um dos mais fiéis aliados.

Collor foi outro que mereceu a aproximação de Lula.

Podemos não esperar a moralidade plena na política. Mas Lula vai muito além: ele representa o que há de mais imoral na vida pública brasileira. Para conseguir mais um minuto de TV na campanha pela prefeitura paulista, sua obsessão do momento, Lula seria capaz até de beijar Carlinhos Cachoeira.

Ou alguém duvida disso?

Quando se trata de Lula, não há limites morais, não há um freio que diz "basta". Fosse ele somente mais um político na cena nacional, isso mereceria uma atenção menor. O problema é que Lula não é apenas mais um, e sim o ex-presidente da República, com grande popularidade.

Sua conduta deplorável tem efeitos secundários em toda a política.

O fato de ele ter sido reeleito mesmo com o "mensalão" representou um duro golpe nas frágeis instituições republicanas.
Foi aberta a caixa de Pandora.

Uma das consequências disso é o desprezo cada vez maior pela política das pessoas decentes. O círculo vicioso vai tomando proporções assustadoras, e boa parte da população já aceita de forma negligente que as coisas são assim mesmo. Só que, como alertava Platão, a punição que os bons sofrem, quando se recusam a agir, é viver sob o governo dos maus.

Longe de mim responsabilizar um único indivíduo por toda a podridão em nossa política. O modelo é ruim, as instituições são capengas, a mentalidade predominante é autoritária e antiliberal, dezenas de partidos não passam de legendas de aluguel, e a enorme concentração de poder e recursos no governo federal cria incentivos para esta pouca vergonha.

Mas é inegável que a postura de Lula serve para piorar o que já era ruim, para jogar mais lenha na fogueira da imoralidade de nossa política. Para agravar o quadro, temos uma oposição medíocre, acovardada, sem um programa alternativo de governo.

Luiz Felipe D"Ávila, em "Os virtuosos", mostra como o nascimento de nossa República dependeu de estadistas, indivíduos que entraram na vida pública "por uma questão de princípio, por um senso de missão e por um sentimento de dever". Será que ainda somos capazes de produzir estadistas como Prudente de Moraes?

Ou estaria nossa política condenada a abrigar tipos como Lula e Maluf, este procurado pela Interpol?

Volto a Rousseau para fechar.
Ele dizia amar a Humanidade, esta linda abstração, mas abandonou todos os cinco filhos no orfanato.
Voltaire o considerava um "poço de vileza".
O que ele diria sobre Lula?

Rodrigo Constantino O Globo
Uma nova política

"PREPOSTO" E NADA E COISA NENHUMA : O governo Dilma parece velho

O governo Dilma Rousseff completa 18 meses.
Acumulou fracassos e mais fracassos.
O papel de gerente eficiente foi um blefe.


Maior, só o de faxineira, imagem usada para combater o que chamou de malfeitos. Na história da República, não houve governo que, em um ano e meio, tenha sido obrigado a demitir tantos ministros por graves acusações de corrupção.

Como era esperado, a presidente não consegue ser a dirigente política do seu próprio governo. Quando tenta, acaba sempre se dando mal. É dependente visceralmente do seu criador. Está satisfeita com este papel. E resignada. Sabe dos seus limites.

O presidente oculto vai apontando o rumo e ela segue obediente.
Quando não sabe o que fazer, corre para São Bernardo do Campo. A antiga Detroit brasileira virou a Meca do petismo. Nunca tivemos um ex-presidente que tenha de forma tão cristalina interferido no governo do seu sucessor.

Lembra o que no México foi chamado de Maximato (1928-1934), quando Plutarco Elias Calles foi o homem forte durante anos, sem que tenha exercido diretamente a presidência. Lá acabou numa ruptura. Em 1935 Lázaro Cárdenas se afastou do "Chefe Máximo" da Revolução. Aqui, nada indica que isso possa ocorrer.

Pelo contrário, pode ser que em 2014 o criador queira retomar diretamente as rédeas do poder e mande para casa a criatura.


O PAC - pura invenção de marketing para dar aparência de planejamento estatal - tem como principal marca o atraso no cronograma das obras, além de graves denúncias de irregularidades. O maior feito do "programa" foi ter alçado uma desconhecida construtora para figurar entre as maiores empreiteiras brasileiras.

De resto, o PAC é o símbolo da incompetência gerencial: os conhecidos gargalos na infraestrutura continuam intocados, as obras da Copa do Mundo estão atrasadas, o programa "Minha Casa, Minha Vida" não conseguiu sequer atingir 1/3 das metas.

O Nordeste é o exemplo mais cristalino de como age o governo Dilma. A região passa pela seca mais severa dos últimos 30 anos. A falta de chuva já era sabida. Mas as autoridades federais não estavam preocupadas com isso. Pelo contrário.

O que interessava era resolver a partilha da máquina estatal na região entre os partidos da base.

Duas agências foram entregues salomonicamente:
uma para o PMDB (o DNOCS) e outra para o PT (o Banco do Nordeste).

E a imprensa noticiou graves desvios nos dois órgãos, que perfazem quase 300 milhões de reais. A "punição" foi a demissão dos gestores. Enquanto isso, desejando mostrar alguma preocupação com os sertanejos, o governo instituiu a bolsa-seca, 80 reais para cada família cadastrada durante 5 meses, perfazendo 400 reais (o benefício será extinto em novembro, pois, de acordo com a presidente, vai chover na região e tudo, magicamente, vai voltar ao normal).

Isto mesmo, leitor. Esta é a equidade petista:
para os mangões, tudo; para os sertanejos, uma esmola.

Greves pipocam pelo serviço público.
As promessas de novos planos de carreiras nunca foram cumpridas.
A educação é o setor mais caótico.
Não é para menos.
Tem à frente o ministro Aloizio Mercadante.
Quando passou pelo Ministério da Ciência e Tecnologia nada fez.
Só discursou e fez promessas.

E as realizações?
Nenhuma.

Mercadante lembra Venceslau Braz.
Durante o quadriênio Hermes da Fonseca, Venceslau foi um vice-presidente sempre ausente da Capital Federal. Vivia pescando em Itajubá. Quando foi alçado à presidência da República, o poeta Emílio de Menezes comentou sarcasticamente:


"É o único caso que conheço de promoção por abandono de emprego."

Mercadante é um versão século XXI de Venceslau.

O sistema federal de ensino superior está parado e vive uma grave crise. O que ele faz? Finge que nada está acontecendo. Quando resolve se manifestar, numa recaída castrense, diz que só negocia quando os grevistas voltarem ao trabalho.

A crise econômica mundial também não mereceu a atenção devida. Como o governo só administra o varejo e não tem um projeto para o país, enfrenta as turbulências com medidas paliativas. Acha que mexendo numa alíquota resolve o problema de um setor. Sempre a política adotada é aquela mais simples. Tudo é feito de improviso.

É mais que evidente que o modelo construído ao longo das últimas duas décadas está fazendo água (e não é de hoje). É necessário mudar. Mas o governo não tem a mínima ideia de como fazer isso. Prefere correr desesperadamente atrás do que considera uma taxa de crescimento aceitável eleitoralmente.

É a síndrome de 2014. O que importa não é o futuro do país, mas a permanência no poder.

Na política externa, se é verdade que Patriota não tem os arroubos juvenis de Amorim, o que é muito positivo, os dez anos de consulado petista transformaram a Casa de Rio Branco em uma espécie de UNE da terceira idade. A política externa está em descompasso com as necessidades de um país que pretende ter papel relevante na cena internacional.

O Itamaraty transformou-se em um ministério marcado por derrotas. A última foi na Rio+20, quando, até por ser a sede do evento, deveria exercer não só um papel de protagonista, como também de articulador. A nossa diplomacia perdeu a capacidade de construir consensos.

Assimilou o "estilo bolivariano", da retórica panfletária e vazia, e, algumas vezes, se tornou até caudatária dos caudilhos, como agora na crise paraguaia.

O governo Dilma parece velho, sem iniciativa.
Parodiando o poeta:
todo dia ele faz tudo sempre igual.

E saber que nem completou metade do mandato.
Pobre Brasil.

Marco Antonio Villa

TRANSFERÊNCIA DE RENDA, OU "VOTO CABRESTEADO"? BOLSA FAMÍLIA JÁ REGISTRA BENEFÍCIO DE ATÉ R$ 1.332

O benefício mais alto do Bolsa Família, que começou a ser pago este mês, chega a R$ 1.332, valor superior a dois salários mínimos (R$ 1.244). A quantia é repassada a uma única família formada por 19 pessoas.

O novo teto do Bolsa Família é resultado do Brasil Carinhoso, programa lançado em maio pela presidente Dilma Rousseff para tirar da miséria famílias com crianças de até 6 anos.


Os dados foram obtidos pelo GLOBO pela Lei de Acesso à Informação. Até o mês passado, o valor máximo de referência a repasses do programa era de R$ 306 por mês. O novo teto, logo, é 4,3 vezes maior. O Serviço de Informações ao Cidadão destacou que, no Bolsa Família de junho, só 1% dos beneficiários do Brasil Carinhoso ganhou acréscimo superior a R$ 325.

Como o Brasil Carinhoso atinge 2 milhões de lares, isso significa que cerca de 20 mil benefícios serão acrescidos em valores maiores do que R$ 325, ou seja, acima do antigo teto pago pelo Bolsa Família até mês passado (R$ 306).

O Brasil Carinhoso tem como objetivo retirar da miséria cerca de 2 milhões de famílias com crianças de até 6 anos cuja renda própria declarada, somada ao benefício do Bolsa Família, não seja suficiente para assegurar rendimento mensal acima de R$ 70 por pessoa. A linha de miséria estabelecida pelo governo é de R$ 70; quem sobrevive com menos do que isso por mês é considerado extremamente pobre.

Com o Brasil Carinhoso, o governo elevou os repasses do Bolsa Família, de modo a garantir que esse grupo de 2 milhões de famílias extremamente pobres receba parcela extra que permita ultrapassar a linha da miséria. Desse modo, o valor do novo benefício varia conforme a renda declarada e o número de pessoas em cada família.

O Bolsa Família paga, em média, R$ 115 por família. Dentre o público do Brasil Carinhoso, esse valor subiu para R$ 237.

O Ministério do Desenvolvimento Social já havia divulgado que o acréscimo mínimo propiciado pelo Brasil Carinhoso seria de R$ 2 por mês, no caso das famílias em que tal quantia é suficiente para assegurar uma renda por pessoa maior do que R$ 70 mensais.

A pasta também já havia anunciado que, na média do total de 2 milhões de famílias contempladas, o acréscimo do Brasil Carinhoso seria de R$ 80 - na verdade, ficou em R$ 84.


Mas o ministério ainda não tinha tornado público o teto do benefício, o que só fez ontem, em resposta a pedido feito com base na Lei de Acesso à Informação.

O Serviço de Informações ao Cidadão do Ministério do Desenvolvimento Social esclareceu que o novo teto de R$ 1.332 considera tanto a parcela do benefício tradicional do Bolsa Família quanto o acréscimo relativo ao Brasil Carinhoso. Levando em conta só a nova parcela referente ao acréscimo do Brasil Carinhoso, o maior novo repasse é de R$ 1.102.

A família beneficiária dessa transferência tem 19 pessoas. O ministério não informou, porém, se essa família é a mesma contemplada com o maior repasse total de R$ 1.332.

O novo benefício de superação da extrema pobreza na primeira infância, criado pelo Brasil Carinhoso, leva a sigla de BSP e começou a ser pago no último dia 18. "Não há limite máximo para o valor do BSP. Esse valor depende do número de pessoas da família e da distância que essa família está da linha de extrema pobreza. São considerados extremamente pobres aqueles com renda familiar per capita igual ou inferior a R$ 70 por mês.

Fazem jus ao novo benefício famílias com pelo menos uma criança de 0 a 6 anos que, mesmo após o recebimento dos benefícios iniciais do Bolsa Família, não conseguirem ultrapassar a linha de extrema pobreza", diz o texto enviado ao GLOBO.

Dirigido a 13 milhões de famílias - quase 50 milhões de pessoas - , o Bolsa Família tem orçamento superior a R$ 16 bilhões para 2012. A previsão é que os novos repasses do Brasil Carinhoso consumam R$ 1,3 bilhão neste ano, totalizando custo anual de R$ 2,1 bilhões em 2013.

Há duas semanas, O GLOBO mostrou que pesquisa do governo indicava que os beneficiários do Bolsa Família preferiam trabalhos informais com temor de perder o benefício caso tivessem a carteira assinada. Os repasses são proporcionais ao número de crianças e jovens em cada lar. O teto de R$ 306 é pago a quem é miserável, tem pelo menos 5 crianças de até 15 anos ou uma gestante e dois jovens de 16 e 17 anos.

O teto pode ser maior, no caso de famílias que herdaram benefícios pagos antes da criação do Bolsa Família ou no caso de quem é contemplado por programas de transferência de renda estaduais ou municipais. Mas nada que se aproxime do novo teto de R$ 1.332.

Demétrio Weber O Globo