"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

maio 25, 2012

E NO EMBALO(DA HORA) DO TUDO 100/200/300% "PREPARADO", MAS, SEM "MARQUETINGUE" : Navio que não navega


O navio João Cândido vai ao mar hoje.
Em outros tempos, o governo petista estaria fazendo a maior algazarra para marcar o "feito histórico".

No entanto, depois de uma trajetória marcada por vexames, o petroleiro tornou-se símbolo de um fracasso do qual a presidente Dilma Rousseff agora quer distância.


Há dois anos, ela e Lula estiveram em Ipojuca (PE) para "inaugurar" o navio - na quarta ida do então presidente ao estaleiro. Na ocasião, não faltaram fanfarras, discursos ufanistas e júbilos, parte da extemporânea e ilegal campanha da então candidata - as imagens são reveladoras.

Naquele 7 de maio de 2010, o João Cândido tocava as águas pela primeira vez. Deveria começar a navegar oceanos quatro meses depois. Mas só agora, três anos e oito meses após o início de sua construção, o petroleiro está sendo entregue.

Não se sabe ao certo se o navio irá, de fato, singrar os mares: o portento que foi transformado pelo discurso do PT no "símbolo do renascimento da indústria naval" brasileira - como dizia uma das peças de campanha de Dilma em 2010 - mal consegue boiar.

O João Cândido é desconjuntado, defeituoso, torto. "O navio teve de ser retirado da água, sob o risco de afundar. Uma boa parte da embarcação também teve de ser desmontada, especialmente em função dos problemas de soldagem.

Os problemas estruturais são tamanhos que chegou-se a considerar a hipótese de perda total da embarcação", publicou o Valor Econômico em março.


Imagine a situação: o João Cândido vai ao mar e, por infelicidade, ou justamente em consequência de toda a irresponsabilidade envolvida na sua construção, naufraga com sua carga de 1 milhão de barris de petróleo.

Impossível calcular a dimensão de tamanho desastre, humano e ambiental, de vidas e de óleo ao mar.


Os problemas enfrentados pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), onde o João Cândido foi construído, se devem, em parte, à sanha politiqueira do PT. Para caber no cronograma eleitoral, a construção do estaleiro e a montagem do navio tiveram de ser feitas concomitantemente, de forma atabalhoada.

Foi o caminho mais curto para o desastre.


As condições de trabalho, que já seriam difíceis para quem jamais montara sequer uma lancha, tornaram-se sofríveis. Os empregados - o EAS chegou a contar com 11 mil e hoje tem metade disso - trabalhavam sob temperaturas desumanas, agravadas pelo sol inclemente e pelo calor emanado dos equipamentos de solda, o que aumentava o tempo gasto em algumas operações em até oito vezes.

Na base do improviso, o EAS naufragou num oceano de prejuízos.
Em 2011, fechou seu balanço com R$ 1,47 bilhão no vermelho - as receitas não cobriram sequer gastos com mão de obra e materiais.

Horrorizados, os sócios coreanos pularam fora, e agora o estaleiro busca no exterior parceiros que entendam do assunto - construir navios não é com a Camargo Correa, nem com a Queiroz Galvão, as construtoras remanescentes no negócio.


Este seria um problema privado, não fosse um detalhe:
o estaleiro só existe graças às benesses do BNDES.

O EAS tem 22 navios encomendados pela Transpetro para entrega até 2016. A carteira soma R$ 7 bilhões, dos quais 90% financiados pelo banco oficial. Apenas com os primeiros três petroleiros que constrói, a empresa perdeu dinheiro suficiente para fabricar um navio (R$ 333 milhões), conforme reconheceu no balanço de 2011.

Sem condições de começar pagar o que deve, o EAS já pediu mais prazo para o BNDES.


O naufrágio do João Cândido é parte de uma malsucedida estratégia voltada a ressuscitar, na marra, a indústria naval brasileira, levada a cabo por Lula e mantida por Dilma. À base de uma política de reserva de mercado, que exige conteúdos nacionais mínimos, sai caríssimo produzir embarcações no país.

A operação só para em pé com muito dinheiro público.


O João Cândido, por exemplo, deverá custar R$ 495 milhões, ou mais de 53% acima da previsão inicial, segundo mostrou o Jornal do Commercio. Prometido para até o fim deste ano, o segundo navio a ser fabricado pelo EAS, o Zumbi dos Palmares, vai sair 24% mais caro que o estimado, isto é, R$ 424 milhões.

Já outro produto do estaleiro, a P-55 encareceu 20% e custou R$ 1 bilhão. Trata-se de outro vexame. Entregue em dezembro passado, a plataforma ainda não funciona e terá de sofrer reparos no Rio Grande do Sul antes de finalmente começar a produzir.

Com isso, a Petrobras, que a contratou, teve de postergar a extração de 180 mil barris diários de petróleo para o fim de 2013, deixando de faturar pelo menos US$ 15 milhões por dia.


Onde quer que se olhe, os resultados da política petista para o setor naval ainda são uma miragem. Dos oito novos estaleiros previstos, destinados a construir equipamentos necessários à exploração do pré-sal, somente três funcionam, ainda que precariamente, como é o caso do EAS.

"A única certeza que se tem ao começar um projeto de construção é de que não vai acabar no prazo", disse um presidente de estaleiro a
O Estado de S.Paulo, em março.

Em junho de 2010, Lula publicou no Zero Hora artigo intitulado "Indústria naval renasce das cinzas". Nele, afirmava:
"A retomada da indústria naval é irreversível.(...)Os reflexos desta verdadeira explosão da indústria naval estão se espraiando por toda a economia e beneficiando, direta ou indiretamente, todos os brasileiros."

Como o navegar impreciso do João Cândido atesta, é possível que, nunca antes na história deste país, o ex-presidente tenha se equivocado tanto.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela
Navio que não navega

E NO PAÍS ONDE TUDO É 100/200/300% "PREPARADO"...NA BERLINDA : ‘The Economist’ questiona se Eike conseguirá entregar projetos


Em reportagem publicada na edição que chega às bancas hoje, a revista The Economist traz um perfil de duas páginas do empresário brasileiro Eike Batista.

Ao classificá-lo como "vendedor do Brasil", a revista questiona se ele conseguirá mesmo entregar todos os projetos onde está envolvido, nos setores de recursos naturais e infraestrutura.


Para a revista, o passado de vendedor de seguros porta a porta foi seu "batismo de fogo". Desde então, partiu para vários negócios diferentes ao longo dos anos e construiu um império, como descreve a Economist.

Em poucos anos, o empresário já criou e listou na Bovespa cinco empresas: MPX (geração de energia), MMX (mineração), LLX (logística), OGX (petróleo e gás) e OSX (construção naval).

A sexta companhia virá com a cisão da MPX e surgimento da CCX, formada pelos ativos de mineração de carvão na Colômbia. Há ainda outras quatro empresas não-listadas nos setores de entretenimento, metais preciosos, tecnologia da informação e imóveis.


A revista inglesa aponta que poucas companhias conseguiram dar lucros e que algumas foram a mercado quando não eram muito mais do que ideias.
"Mas o potencial de venda transformou Batista no brasileiro mais rico e no sétimo mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões.


Isso é mais do que Mark Zuckerberg do Facebook."Segundo a publicação, o império da EBX reflete as forças e as fraquezas do Brasil. De um lado, ele extrai os abundantes recursos minerais. De outro, entra na construção de portos, estradas e trens em razão da falta de infraestrutura no País.

Conforme a revista, críticos dizem que o empresário é "um vendedor muito bom para ser verdade" e também "a única pessoa além de Bill Gates a fazer bilhões com o PowerPoint". "Ele já fez o suficiente para convencer os investidores a lhe darem mais tempo", aponta a publicação britânica. "Mas, cedo ou tarde, o vendedor do Brasil terá de entregar."

Resposta:

Eu sempre entrego os projetos, diz Eike em resposta à Economist

O empresário Eike Batista disse hoje que "sempre entrega os seus projetos" em resposta à reportagem da The Economist. Ao classificá-lo como "vendedor do Brasil", a publicação questiona se ele conseguirá mesmo entregar todos os projetos onde está envolvido, nos setores de recursos naturais e infraestrutura.

"Um exemplo de que eu entrego todos os projetos é a OGX. Já estamos produzindo petróleo", retrucou ele, durante conversa com a imprensa.

Batista afirmou que "a referência no setor de petróleo não é a Shell, mas a OGX". Disse ainda que, em breve, "a marca EBX também será referência".

Ainda sobre a OGX, Eike disse que a companhia não errou um furo sequer durante as perfurações e que isso é entregar resultado. A empresa teve 92% de acerto. "Arriscamos US$ 5 bilhões em pesquisa, mas como temos conhecimento, diminui-se o nível de risco", afirmou Batista.

Aline Bronzati e Daniela Milanese, da Agência Estado

E NO brasil maravilha SOB A "GARANTIA" DOS 100/200/300%"PREPARADO"... Inadimplência do consumidor sobe para 7,6% em abril


A inadimplência das famílias voltou a subir em abril, segundo dados do Banco Central (BC), divulgados nesta sexta-feira. De março para abril, a taxa subiu 0,2 ponto percentual, para 7,6%, atingindo o mesmo nível do início do ano.

Esse patamar é o maior desde dezembro de 2009, quando ficou em 7,7%. No caso das empresas, a inadimplência ficou estável em 4,1%.

O aumento no número de calotes acima de 90 dias é percebido principalmente no crédito pessoal e para veículos, que atingiu um recorde. No início dessa semana, o governo anunciou um pacote para estimular o consumo de automóveis depois de um pedido do setor.

- Estamos atentos à inadimplência, principalmente neste nível alto, mas a expectativa é que cai lá na frente - disse o chefe do departamento econômico do Banco Central, Túlio Maciel que considera que a inadimplência ficou praticamente estável com pequenas oscilações.

Reportagem publicada nesta semana pelo jornal O GLOBO mostrou que em abril, só as dívidas financeiras representavam em média 45% da renda anual, segundo projeção do economista Simão Silber, da Universidade de São Paulo (USP), com base em dados do Banco Central (BC).

No mês em que os bancos públicos começaram a liderar um movimento de queda dos juros a pedido da presidente Dilma Rousseff as instituições financeiras diminuíram as taxas cobradas dos cliente e começam a repassar a queda da taxa básica (Selic) promovida pelo BC desde agosto do ano passado.

Já a taxa média de juros cobrada das famílias caiu 2,3 pontos percentuais para 42,1% ao ano. As empresas pagaram uma taxa média anual de 26,3%, com redução de 1,4 ponto percentual em relação a março.

Com isso, a taxa geral (empresas e pessoas físicas) ficou em 35,3% ao ano em abril, queda de 2 pontos percentuais em relação a março.


Já a taxa do cheque especial despencou quase 11 pontos percentuais. Em abril, os juros desse crédito chegaram a 174% ao ano. Na média, os juros de empréstimos para pessoas físicas caíram de 44,4% ao ano para 42,1% ao ano no mês passado.

Maciel explicou que os bancos estão mais cautelosos na hora de conceder crédito, mas que no mês passado voltaram a ampliar o crédito com custo menor.

O spread bancário - a diferença entre a taxa de captação e a de aplicação onde o banco lucra - cobrado da pessoa física caiu de 35,1 pontos percentuais para 33,2 pontos percentuais no mês passado.

Desde 2009 - no auge da crise financeira internacional - não havia uma queda tão grande do custo financeiro do país.


O Globo

Mais
A inadimplência nos financiamentos para a compra de veículos por pessoas físicas bateu novo recorde em abril, informou nesta sexta-feira,25, o Banco Central. A taxa de atrasos acima de 90 dias passou de 5,7% em março para 5,9% no mês passado. Desde dezembro, a inadimplência já subiu 0,9 ponto porcentual.

O BC informou também que os empréstimos com atrasos entre 15 e 90 dias, indicador utilizado para antecipar a tendência da inadimplência, recuou de 8,6% em março para 8,5% em abril, ainda acima dos 7,6% registrados em dezembro do ano passado.

Outra linha de crédito que registrou aumento da inadimplência em abril ante março foi o crédito pessoal, cuja taxa passou de 5,3% para 5,5%. Nos empréstimos para aquisição de bens, os atrasos também cresceram, de 12,9% para 13,4% na mesma base de comparação.

Entre as linhas detalhadas pelo BC, apenas o cheque especial registrou queda na inadimplência, de 10,6% em março para 10% em abril, menor taxa desde outubro de 2011 (9,5%).

Crédito

As operações de crédito para compra de veículos destinadas às pessoas físicas caíram 0,3% em abril ante março, segundo o BC. Com esta retração, o total de financiamentos para compra de carros concedido pelo sistema financeiro caiu para R$ 200,691 bilhões no mês passado, o menor valor desde novembro de 2011, quando o total era de R$ 199,590 bilhões.

Segundo o BC, a contração do mercado no mês passado aconteceu no segmento de arrendamento mercantil - o chamado leasing -, cujo estoque caiu 5% no mês, para R$ 22,606 bilhões. No crédito direto ao consumidor, a carteira cresceu 0,3%, para R$ 178,085 bilhões.

O BC também informou que as operações de crédito para o setor habitacional cresceram 2,3% em abril ante março e alcançaram R$ 222,646 bilhões. No acumulado em 12 meses, o segmento cresceu 42,9%.

Prazo

O prazo dos empréstimos para aquisição de veículos voltou a cair em abril e retornou ao menor nível desde agosto de 2009. A média do estoque de financiamentos recuou de 519 dias em março para 515 dias no mês passado, de acordo com o BC. É o 10º mês seguido de queda. Em agosto de 2009, estava em 513 dias.

O recorde para esse indicador foi registrado em dezembro de 2010 (568 dias), mês em que o BC anunciou medidas macroprudenciais de restrição a operações com prazos acima de 60 meses.

Na segunda-feira, o governo anunciou novas medidas para impulsionar o crédito para veículos e ampliar prazos. Foi mantida, no entanto, a restrição a operações acima de cinco anos.

A taxa de juros para esses empréstimos recuou pelo segundo mês seguido, de 26,5% em março para 26% ao ano em abril, menor patamar desde dezembro de 2010 (25,2% ao ano). O recuo se deve, em parte, à redução no spread bancário de 17,3 pontos porcentuais para 17,1 pontos, na mesma comparação.

Esse spread ainda é o maior desde janeiro, quando a taxa estava em 16,6 pontos. O spread representa a diferença entre o custo de captação dos bancos e o que é efetivamente cobrado do cliente.

Estadão

É A HORA DO brasil maravilha 100/200/300% "PREPARADO"? : Crise europeia provoca queda em investimentos produtivos e saída de estrangeiros da bolsa.


O agravamento da crise global e a recente alta do dólar no Brasil começam a fazer efeito nas contas do País com o exterior.

Dados preliminares de maio mostram queda na entrada de investimento produtivo, saída de estrangeiros da bolsa e a redução da oferta de crédito para as empresas no exterior.


O Banco Central afirma que são movimentos pontuais e não há motivos para preocupação. Analistas, porém, dizem que é preciso ter cuidado.

Enquanto cresce a expectativa de que a Grécia pode deixar o euro e o dólar opera acima de R$ 2, empresas, bancos e investidores sinalizam mudança de algumas estratégias para o Brasil.

O primeiro efeito aparece na queda do Investimento Estrangeiro Direto (IED), aquele voltado ao setor produtivo, como a construção de novas fábricas.

Projeção do BC aponta para entrada de US$ 3 bilhões em maio, redução de 36% ante abril e valor 24% menor que em maio do ano passado. Confirmado, será o menor valor desde janeiro de 2011.

Longe das fábricas, outra consequência aparece na Bolsa de Valores. Até 22 de maio, estrangeiros já haviam vendido US$ 1,75 bilhão em ações brasileiras, mais do que compraram. A saída é a maior desde novembro de 2008, no auge da crise iniciada naquele ano, quando US$ 1,76 bilhão cruzou a fronteira de volta aos países de origem.

As remessas de lucros e dividendos também refletem o cenário atual. Depois da escalada no ano passado, quando o dólar mais baixo era favorável ao envio de dinheiro para as matrizes no exterior, o fluxo líquido já caiu 44% nos quatro primeiros meses do ano.

Flutuações

Apesar dos números, o chefe adjunto do departamento econômico do BC, Fernando Rocha, disse que não há preocupação. "Como toda variável econômica, há flutuações no mês a mês", respondeu ao ser questionado sobre a queda do investimento. Explicação semelhante foi dada para a saída da bolsa.
"São oscilações mês a mês, não há indicação de uma fuga."


O mercado, porém, tem uma análise mais crítica. "Estrangeiros parecem mais reticentes com o País. O menor crescimento da economia, a redução dos juros e a falta de clareza com a política cambial têm mudado a percepção", disse o analista da Tendências Consultoria, Silvio Campos Neto.

O economista-chefe do Credit Suisse Brasil, Nilson Teixeira, citou como outro efeito a queda do crédito para as empresas. Até o dia 22, as companhias conseguiram financiamento no exterior suficiente para cobrir 93% das dívidas no período.

Ou seja, o crédito não foi suficiente para pagar todas as contas.


"A queda é atribuída principalmente ao aumento do IOF nos empréstimos com menos de cinco anos, em meio ao aumento das incertezas globais", disse Teixeira, em relatório.

Fernando Nakagawa e Adriana Fernandes, de O Estado de S. Paulo