"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 22, 2011

Desde junho, alta do dólar elevou dívidas de empresas em R$21,96 bi

Câmbio corroeu 57,6% do lucro bruto de 242 companhias, aponta Economatica

Estudo da Economatica com um grupo de 242 empresas de capital aberto mostra que, de 30 de junho até a última terça-feira, o endividamento em moeda estrangeira dessas companhias aumentou o equivalente a R$21,96 bilhões com a alta do dólar no período, passando de R$151,8 bilhões a R$173,7 bilhões.

Isso significa que a valorização cambial no período, de 14,4%, corroeu mais da metade - 57,6% - do lucro antes de impostos e despesas financeiras (Ebit) que essas empresas registraram, juntas, no segundo trimestre.

Se for excluída a Petrobras, cuja dívida em dólar saltou do equivalente a R$73,1 bilhões para R$83,7 bilhões, o aumento do endividamento das outras 241 companhias foi de R$11,3 bilhões.

Esse valor pode ser ainda maior, pois outras 76 empresas listadas na Bolsa de Valores ficaram fora da compilação da Economatica por não terem publicado o valor de suas dívidas em moeda estrangeira nos balanços enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Entre as excluídas estão gigantes como Vale, Gerdau, CSN e Usiminas.

Embora a valorização do dólar tenha elevado sua dívida em um valor equivalente a 86,7% do Ebit do segundo trimestre, a Petrobras não vê ameaça a sua contabilidade e se considera protegida do câmbio. Segundo o diretor financeiro da estatal, Almir Barbassa, o fato de o preço do petróleo ser cotado em dólar dá à empresa um hedge (proteção) natural, mesmo que o maior volume de suas receitas venha das vendas de derivados no mercado interno.

- O que acontece com essas flutuações são mais efeitos contábeis do que reais - disse Barbassa, para quem o dólar está próximo de seu pico, devendo recuar para um patamar entre R$1,65 e R$1,70 mais adiante.

A JBS, maior exportadora mundial de carne bovina, acumulava dívidas de US$3,8 bilhões no fim de junho e viu essa conta aumentar em quase R$600 milhões até esta semana. Mas também não se considera ameaçada. Segundo seu diretor de Relações com Investidores, Jeremiah O"Callaghan, boa parte desses débitos foi contraída nos Estados Unidos pela JBS USA, e a dívida contraída no Brasil está protegida.

- A geração da dívida e seu custo foi feita nos EUA. Para fins de contabilidade, essa dívida vai aumentar no balanço deste trimestre, mas essa variação é mais contábil - afirmou ele, lembrando que o faturamento da JBS, por ser grande exportadora, também vai aumentar com a alta da moeda americana. - Vamos receber mais reais, que compensam boa parte do aumento da dívida em dólar.

O estudo da Economatica não considera as estratégias de hedge cambial eventualmente adotadas pelas empresas.

- Essa é uma análise seca, em cima de valores do balanço do segundo trimestre - diz Einar Rivero, da Economatica.

A despeito do efeito contábil do câmbio nos balanços das empresas no trimestre corrente, a maior parte dos analistas trabalha com a perspectiva de uma acomodação do dólar à frente. Para Sidney Nehme, diretor da NGO Corretora, essa elevação das dívidas é passageira. Ele projeta o dólar a R$1,70 em dezembro:

- Há uma série de movimentos no mercado que apontam que o real voltará a se valorizar ainda este ano.

Ronaldo D"Ercole O Globo

Alta do dólar afeta outros preços e pressiona inflação.


Com o dólar em alta e mais pressão sobre os preços, a inflação deve subir mais. O gráfico abaixo fala por si: a moeda americana subiu 17% em 14 dias; ontem, mais de 4%. Em julho, estava em R$ 1,50; e agora, em R$ 1,86.

Ontem, bancos e consultorias começaram a enviar para seus clientes uma revisão total das previsões de inflação.

Acham que, se continuar nesse nível, a inflação realmente estoura a meta este ano e está comprometida para 2012.

O dólar bate em vários preços, como por exemplo, nos alimentos, mesmo aqueles que são produzidos no Brasil, como o café, porque são cotados em dólar. O país importa metade do trigo que consome - mais uma razão para subir.

O dólar afeta também outros preços: o petróleo e seus derivados ficam mais caros.

A Petrobras venderia nafta com preço mais elevado para empresas que produzem resinas plásticas. A embalagem, com isso, ficaria mais cara. Quando o petróleo sobe, sobe também o detergente, por exemplo.

A alta das matérias-primas afeta todos os outros produtos e também os alimentos, que mais sobem nos últimos tempos. O Banco Central não está atento a isso.

O Globo

Ana Arraes: roubem e depois a gente analisa



Do blog :
http://maisseriedade.blogspot.com/
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Ministro rebate acusação de uso da máquina em favor de Ana Arraes

O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, rebateu as acusações de deputados de que usou a máquina do ministério e a promessa de liberação de emendas para conseguir votos para a eleição da deputada Ana Arraes (PSB-PE) para ministra do Tribunal de Contas da União.

- Minha agenda é pública. De forma alguma houve promessa de verba em troca de voto para Ana Arraes. Além disso, o orçamento do ministério é baixo e não tenho como comprometer nada - reagiu o ministro Fernando Bezerra.

Ele ressaltou ainda que todas as liberações de emendas são feitas em sintonia com a Secretaria de Relações Institucionais, ligada diretamente ao Palácio do Planalto. Nos últimos dias, houve uma campanha intensa dos grupos políticos dos principais candidatos.

Na quarta, vários deputados e candidatos derrotados acusaram o ministro de Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, de ter prometido liberação de emendas ao mesmo tempo em que fazia campanha para Ana Arraes.

- O jogo é pesado. O Ministério da Integração (Nacional) ofereceu verba para deputados do PMDB. É preciso apurar isso - reagiu o deputado Átila Lins (PMDB-AM), que ficou em terceiro lugar com 47 votos.

Gerson Camarotti (gcamarotti@bsb.oglobo.com.br)

Recuo de moedas emergentes indica fuga de capitais



A forte queda de moedas de economias emergentes em relação ao dólar reflete mais a demanda pela moeda americana como refúgio seguro, em meio à desaceleração das economias desenvolvidas e redução do apetite causado pela crise da zona do euro, do que mudanças importantes na política cambial dos emergentes.

A avaliação é de analistas europeus, prevendo que desvalorização das divisas emergentes poderá continuar pelo resto do ano e que as moedas asiáticas tendem a ser as primeiras a se recuperar.

O que parecia uma onda de valorização persistente das moedas de emergentes acabou sofrendo uma reversão.

O real brasileiro caiu mais de 7% desde segunda-feira.

O won da Coreia do Sul perdeu 2,4% apenas na segunda-feira e a rupia da Indonésia declinou 1%.

O rublo da Rússia perdeu 11% nos últimos dois meses. O forint da Hungria e o zloty da Polônia declinaram mais de 13% contra o dólar.

A moeda americana recuperou parte de seu tradicional status de refúgio seguro. Primeiro, expectativas de mais afrouxamento monetário (QE3) pelo Federal Reserve diminuíram Segundo, isso permitiu ao dólar se beneficiar mais do menor apetite global ao risco.

E terceiro, a desaceleração da economia mundial e queda nos preços de commodities diminuíram a pressão por aperto monetário que antes causara também valorização de moedas dos emergentes.

"Não vemos nenhum desses fatores se inverter tão cedo, de forma que a pressão de baixa das moedas de emergentes pode persistir por mais algum tempo", diz Julian Jessop, chefe de economia global da consultoria Capital Economics.

No caso do real brasileiro, analistas do Barclays, de Londres, veem mais causas de preocupação. Se o mundo desenvolvido cair na recessão, os preços de commodities podem sofrer mais e o real seria afetado.

Outro ponto é sobre o montante de remessas de lucros e dividendos. Conforme o Barclays, desde 2003 o estoque de Investimentos Diretos Estrangeiros (IED) e fluxos de portfólio para o Brasil alcançaram US$ 614 bilhões em meados deste ano.

Mas, em período de estresse, as companhias estrangeiras são pressionadas a enviar mais dinheiro para as matrizes.

O banco nota que foi o que ocorreu em 2008, quando as remessas aumentaram 51% comparadas a 2007. Este ano a saída por essa conta já atingiu US$ 37 bilhões, ante com US$ 30,4 bilhões de 2010.

Para o Barclays, se a situação econômica global deteriorar, o risco é claro de o real sofrer mais pressão de baixa.

Assis Moreira Valor Econômico

AS TAXAS DO P artido T orpe.

A recriação da CPMF foi ferida de morte ontem com a votação da regulamentação da Emenda Constitucional nº 29 pela Câmara.

Mas ainda não foi a bala de prata. O PT votou a favor da ressurreição do tributo e vai insistir em avançar no bolso do contribuinte. É o partido das taxas em ação.


A proposta de criação do novo tributo chegou ao Congresso em 2008, enviada pelo governo Lula. Um destaque apresentado pelo DEM inviabilizou-o:
o texto aprovado ontem retira a base de cálculo sobre a qual incidiria a Contribuição Social para a Saúde, a reencarnação da CPMF.
Sem ela, não há imposto novo.


Dos deputados, 355 votaram contra o novo tributo e 76 a favor - quase todos do PT. Derrotados na Câmara, os petistas vão tentar emplacar a nova CPMF no Senado, justamente onde o "imposto do cheque" foi derrubado pela oposição em dezembro de 2007. Não agem isoladamente; têm o aval do governo para isso.

A presidente da República não quer se expor ao desgaste da criação de um imposto, ainda mais um tão famigerado quanto a CPMF. Ao longo das últimas semanas, ela protagonizou um jogo de idas e vindas para despistar seu desejo de contar com mais recursos em caixa. Mas as reais intenções são cristalinas: impor nova carga ao contribuinte.

"Nesta novela, Dilma Rousseff tenta ficar apenas com um papel coadjuvante, de quem faz o diagnóstico sobre a situação da saúde brasileira e suas necessidades de mais recursos para se tornar um serviço de ponta. O fato é que Dilma quer novas fontes de recursos para a saúde", analisa Valdo Cruz na Folha de S.Paulo. Não restam dúvidas quanto a estas pretensões.

Nos últimos dias, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, ocupou-se em divulgar seguidos "estudos" indicando a necessidade de mais recursos para financiar a saúde. Num deles, mostrava que a regulamentação da EC 29, tal como estava o texto, retira R$ 6 bilhões do setor, por excluir o Fundeb dos cálculos. O Senado deve corrigir isso.

Noutro, acusou parte dos estados de não cumprir o que estabelece a emenda, ou seja, a aplicação de 12% de suas receitas em saúde. E, anteontem, trouxe a público levantamento que sugere que o Brasil precisaria gastar mais R$ 45 bilhões - quase exatamente o que se arrecadava com a CPMF em 2007 - para equiparar-se aos investimentos de vizinhos como Chile e Argentina no setor.

Ou seja, o governo tenta disseminar na opinião pública a impressão de que não se melhora a saúde sem arrancar mais dinheiro dos cidadãos. Mas não mostra a menor disposição para fechar os ralos da corrupção, que drenaram pelo menos R$ 2,3 bilhões do setor nos últimos nove anos, nem para melhorar a eficiência dos gastos.

Dinheiro de impostos, convenhamos, há, e muito. Aumentos nas alíquotas de tributos como CSLL e IOF mais que compensaram a perda de arrecadação da CPMF desde 2007, mostrou a (Folha de S.Paulo) na segunda-feira. Pelas estimativas oficiais, a receita total da União deverá chegar perto de 20% do PIB até dezembro, já descontados repasses obrigatórios para estados e municípios. Um recorde absoluto.

A previsão de receita do governo federal para este ano é de R$ 997 bilhões. O valor da nova estimativa foi divulgado pelo Tesouro nesta semana e confirma todos os prognósticos de que o governo do PT, o partido das taxas, arrecada como nunca. Só em relação ao bimestre anterior (o terceiro), o aumento foi de R$ 25 bilhões.

Vejamos qual foi o comportamento da arrecadação ao longo da gestão petista. Ela só caiu em 2003 e 2009.

Nos demais exercícios, houve seguidos aumentos reais, ou seja, sempre acima da inflação:
10,6% em 2004;
5,65% em 2005;
4,48% em 2006;
11,09% em 2007;
7,68% em 2008;
e 9,85% em 2010.


Continua assim neste ano.
Entre janeiro e julho últimos, foram arrecadados R$ 67 bilhões a mais do que nos sete primeiros meses de 2010, já descontada a inflação do período.
O aumento real é de 14%. Vale lembrar que apenas cerca de 7% deste bolo vai para a saúde...


A despeito de tudo isso, a regulamentação da EC 29 é uma vitória da saúde pública. A proposta chegou ao Congresso em 2000, no bojo de uma mobilização suprapartidária liderada pelo então ministro da Saúde, José Serra.

Resta agora ao governo do PT, o partido das taxas, cumprir o que diz a lei, sem assaltar, mais uma vez, o bolso do contribuinte.


Fonte: Instituto Teotônio Vilela