"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

setembro 20, 2011

FMI reduz previsão de crescimento para o Brasil em 2011



Em seu mais recente relatório sobre a economia mundial, divulgado nesta terça-feira em Washington, o FMI (Fundo Monetário Internacional) reduziu para 3,8% a projeção de crescimento para o Brasil neste ano.

As incertezas sobre a recuperação da economia mundial também provocaram uma rodada de revisões nas expectativas para a expansão global.

De acordo com as previsões reunidas no relatório World Economic Outlook ("Perspectivas da Economia Mundial", em tradução livre), o Brasil terá o segundo menor crescimento na América do Sul neste ano, ficando atrás somente da Venezuela (com previsão de 2,8%) e abaixo da média da região, de 4,9%.

Segundo o FMI, o avanço do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro também será menor que a média prevista para as economias emergentes e em desenvolvimento (6,4%) e para o crescimento global como um todo (4%), mas ainda ficará à frente da previsão para as economias avançadas, de apenas 1,6%

A nova estimativa representa uma queda de 0,3 ponto percentual em relação à previsão anterior do FMI, de 4,1%, divulgada em junho, e está abaixo da expectativa do governo brasileiro, mas ainda acima do esperado pelo mercado.

Apesar de, oficialmente, o governo brasileiro ainda manter a expectativa de crescimento de 4,5% para o PIB (Produto Interno Bruto) neste ano, a própria presidente Dilma Rousseff já declarou recentemente que o governo faria "um esforço para chegar a 4%, quatro e pouco (%)".

O mercado é menos otimista e, o mais recente Boletim Focus (levantamento semanal do Banco Central com base em consultas ao mercado), divulgado na segunda-feira, reduziu pela sétima semana consecutiva sua projeção de crescimento para a economia brasileira, passando de 3,56% para 3,52%.

Para 2012, o FMI manteve inalterada sua projeção para o crescimento da economia brasileira, em 3,6%, ligeiramente abaixo dos 3,7% previstos pelo mercado.

Inflação

O FMI afirma que, no geral, a perspectiva para as economias emergentes voltou a ser "incerta", em parte como reflexo de um cenário mundial menos favorável, especialmente nos Estados Unidos e na Europa.

No Brasil, economistas já vêm apontando a piora no cenário externo como um dos fatores para o crescimento menor, ao lado da desaceleração na indústria, provocada especialmente pela valorização do real frente ao dólar e das medidas adotadas pelo governo para conter a inflação.

O Banco Central do Brasil espera trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5% (com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo), até o fim de 2012.

A projeção do FMI, no entanto, é de que a inflação brasileira chegue a 6,6% em 2011 - acima dos 6,46% projetados pelo mercado e levemente acima do teto da meta, de 6,5% - para retroceder a 5,2% em 2012 (abaixo dos 5,5% previstos pelo mercado).

Riscos

Assim como em relatórios anteriores, o FMI voltou a apontar riscos do rápido aumento do crédito e de preços e da forte entrada de capital estrangeiro verificados no Brasil e em muitas economias da América Latina após a crise mundial de 2008.

"É necessário manter a vigilância para limitar os riscos à estabilidade financeira", diz o relatório.

Ao citar o Brasil ao lado de outros emergentes que enfrentam problemas semelhantes, o FMI afirma que "os riscos à estabilidade financeira em todas essas economias devem ser monitorados por algum tempo, devido ao grande volume de crescimento de crédito nos últimos cinco anos".

No caso do Brasil, medidas para restringir a concessão de crédito estão entre as ferramentas usadas pelo governo para tentar controlar a inflação.

Desde 2010, o governo também já adotou diversas medidas para tentar conter o fluxo excessivo de capital estrangeiro, que provoca a valorização do real frente ao dólar e acaba reduzindo a competitividade das exportações brasileiras.

O FMI reconhece essas medidas adotadas pelo governo, mas recomenda que o Brasil e outros países também tenham como uma de suas prioridades a reversão do deficit público.

Estadão

NA REPÚBLICA MAMBEMBE : Feriado para o planejamento

É com o famoso "jeitinho brasileiro" que o
governo Dilma Rousseff pretende enfrentar os problemas e desafios advindos do Mundial de 2014.

A divulgação da Lei Geral da Copa, ontem, cinco meses após o prazo inicialmente previsto, indica que o improviso mantém-se como a principal marca dos preparativos oficiais para o torneio de futebol.


O governo petista arrumou uma forma de driblar os contratempos que a realização dos jogos deve causar a metrópoles insuficientemente preparadas para grandes eventos: decretar feriados nas datas dos jogos.

A medida visa compensar o atraso nas obras de mobilidade urbana previstas para a Copa e que, ao que tudo indica, não sairão do papel a tempo. Será uma forma de esvaziar as ruas e tentar evitar o caos no trânsito.

É assim, na base de remendos, que o Brasil do PT vai se aprontando para um evento para o qual teve quase oito anos para se preparar, mas, passados quatro anos, quase nada fez até agora. É a cultura da improvisação.

Encarregada de "planejar" os investimentos com vistas à Copa, a ministra Miriam Belchior não vê problema algum em as obras relacionadas à melhoria e expansão de linhas de trens, monotrilhos, metrôs, corredores de ônibus e vias urbanas não estarem prontas a tempo para o torneio.

"As obras de mobilidade são importantes, mas como legado. Não são essenciais para o funcionamento da Copa do Mundo. Se eu der feriado no dia do jogo, a cidade vai estar em condições de não ter trânsito para a locomoção dos torcedores", justificou ela, em sua peculiar visão do que é fazer planejamento.

Belchior diz que o importante é garantir os estádios e os hotéis, bem como os aeroportos e os portos (onde as obras hoje são também uma miragem). Ela só não explica como um visitante que eventualmente desembarque e se hospede sem problemas no país vai se locomover aos estádios sem as obras de mobilidade. Só dando feriado para o planejamento.

Conforme balanço oficial divulgado na semana passada, de um total de 49 obras de mobilidade urbana, só nove foram iniciadas até agora, o que dá menos de 20%. Das 40 restantes, três estão em fase de projeto, 27 por licitar e três encontram-se em licitação. Ou seja, o que a Copa de 2014 poderia trazer de herança bendita para os brasileiros provavelmente ficará para as calendas.

Em seus 46 artigos, a Lei Geral da Copa também traz outros pontos polêmicos.
A meia entrada para idosos foi assegurada, mas para estudantes não.

A venda de bebidas alcóolicas - cujos efeitos benéficos em termos de diminuição da violência em estádios são evidentes - será permitida nos jogos do torneio.

A atividade de ambulantes nas proximidades das arenas será proibida.
Tudo no intuito de satisfazer a Fifa.


Não é só na parte legal que os organizadores oficiais da Copa exibem improviso. Na financeira a situação é muito pior. Ninguém no governo federal sabe ao certo quanto a realização do evento vai custar ao país: as estimativas variam de R$ 23,4 bilhões a R$ 112 bilhões. Disse ontem a ministra do Planejamento a respeito: "Eu desconheço qual é o valor que vai custar a Copa do Mundo no Brasil. Não há nenhum estudo que diga isso."

A justificativa oficial para o alto grau de improvisação é que apenas em 2009 as cidades-sede da Copa foram definidas. Sim, mas era pule de dez que metrópoles como São Paulo,
Rio,
Belo Horizonte,
Porto Alegre,
Salvador,
Recife,
Fortaleza
e Brasília não teriam como ficar fora da lista.
Havia, portanto, margem suficiente para a ação preventiva do governo.


Se para a Copa, que está logo ali, a menos de mil dias, já há um rosário de demonstrações de má gestão, para as Olimpíadas de 2016 não é diferente.

Mostra
( O Globo ) hoje que uma das empresas estatais criadas especialmente para o evento - a surreal "Empresa Brasileira de Legado Esportivo Brasil 2016" - será extinta antes mesmo de ver a luz do sol. Mas não sem antes pagar meses de jetons aos integrantes de seu conselho de administração, entre eles a notável planejadora Miriam Belchior.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

EFEITO CACHAÇA! DÁ-LHE GERENTONA/FRENÉTICA/EXTRAORDINÁRIA HOJE "PRESIDENTA" : Déficit comercial da indústria cresce 50% e chega a US$ 30 bi .

O aumento do déficit reflete não só o crescimento de importações em ritmo mais acelerado que as exportações, mas também uma dependência maior dos segmentos industriais que ainda contribuem com superávits para a balança comercial.

De janeiro a agosto de 2005, dos 22 setores analisados, 13 tinham saldo comercial positivo. No acumulado dos oito primeiros meses deste ano, apenas seis contribuíram com superávit.

Desses, somente três segmentos - produtos alimentícios, celulose e metalurgia básica - responderam por 92,5% desse superávit.


Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), diz que os segmentos industriais que ainda seguram o saldo positivo são de baixo valor agregado.

"São setores que têm em básicos agrícolas ou metálicos alta representatividade na composição do preço dos produtos. Por isso, estão muito mais vulneráveis às oscilações de preços das commodities, o que torna seus saldos favoráveis ainda mais frágeis."


A concentração de superávits em poucos setores ocorreu porque segmentos que antes contribuíam para a balança comercial da indústria com saldos positivos acabaram trocando o sinal de seus resultados comerciais e hoje entram na conta apresentando déficits significativos.

O setor de produtos têxteis, por exemplo, fechou os oito primeiros meses de 2005 com superávit de US$ 413,6 milhões. No mesmo período deste ano, o segmento teve déficit de US$ 1,63 bilhão.

O setor de veículos automotores teve uma trajetória mais impressionante.
Na mesma base de comparação, o segmento passou de um superávit de US$ 4,44 bilhões em 2005 para um déficit de US$ 4,88 bilhões neste ano.


Fernando Ribeiro, economista-chefe da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), diz que o segmento de veículos teve seu saldo comercial deteriorado porque foi afetado nos últimos anos pela menor exportação de aeronaves e embarcações, que também entram no cômputo do setor.

Outros segmentos, como os setores têxtil e de confecção, que são de mão de obra intensiva, enfrentam um problema de competitividade. Essas indústrias, afirma Ribeiro, começaram a ter saldo comercial negativo porque passaram a enfrentar, tanto no mercado interno como no internacional, a concorrência de países que utilizam mão de obra barata, como Indonésia, Vietnã e Paquistão.

"Trata-se de uma questão estrutural difícil de resolver. Nos últimos anos praticamente todas as categorias têm conseguido aumentos reais. Ou seja, os salários médios reais têm crescido. Com a evolução do câmbio, os salários têm tido aumento ainda maior em dólares", diz Ribeiro.

"Também chama a atenção que alguns setores de média baixa e de baixa tecnologia, que sempre geraram algum superávit, embora pequeno, tenham passado a contribuir para a balança da indústria com saldo negativo", completa Souza. "Isso revela que o déficit não está mais restrito ao setores de maior intensidade tecnológica."


Outros segmentos que chamam a atenção são os que já tinham déficit e aprofundaram o saldo negativo. O setor de máquinas e equipamentos mostrava déficit de US$ 322,5 milhões no acumulado de janeiro a agosto de 2005. No mesmo período deste ano, o saldo negativo saltou para US$ 9,38 bilhões.

Na mesma comparação, o déficit da indústria eletrônica e de comunicações saiu de US$ 2,39 bilhões para US$ 9,88 bilhões. O saldo negativo do setor químico, de US$ 5,42 bilhões, chegou nos oito primeiros meses deste ano a US$ 17,98 bilhões.


A deterioração maior nos segmentos de máquinas e de eletrônicos, analisa Ribeiro, revela outro problema estrutural. "Esses setores são muito intensivos em inovação tecnológica, que é um ponto fraco do país."

Já na indústria química, diz, deixando à parte o segmento farmacêutico, o grande problema do Brasil é a escala de produção, que ainda traz falta de competitividade, principalmente ao setor petroquímico.


Em vários dos setores, lembra José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), a indústria nacional tem enfrentado dificuldade em razão da pressão de custos em reais - como a dos salários - e da competição com o produto importado que ficou muito mais barato em razão do câmbio.

"Na verdade o câmbio deixou evidentes os problemas estruturais da indústria brasileira." Para ele, em vários segmentos o importado já ocupou espaço e não há a curto prazo possibilidade para reversão.


Para Ribeiro, a perspectiva da indústria é manter o quadro deficitário. Para este ano, o economista projeta déficit entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões. "A tendência de déficit comercial crescente da indústria de transformação não deve mudar pelo menos no horizonte dos próximos três anos", estima.

Esse é, segundo ele, o tempo mínimo para algumas iniciativas começarem a dar os primeiros resultados. Ele dá como exemplo o plano Brasil Maior, que tem entre seus objetivos a recomposição da verticalização das cadeias produtivas e o incentivo à inovação.

Hoje, lembra Ribeiro, a taxa de investimento industrial é baixa e o quadro atual impulsiona a importação.


O economista da Funcex leva em consideração a expectativa de crescimento da economia em níveis próximos a 4% ao ano. "Isso deve manter um ritmo razoável de crescimento da demanda doméstica por importados."

Ou seja, o Brasil manterá o quadro propício ao aumento de importações, mas ainda não terá ganho competitividade necessária na exportação.
Marta Watanabe / Valor Econômico

Memória :
Em 2010
DÉFICIT/ INDÚSTRIA TRIPLICA E CHEGA A US$ 18 BI .

A HORA E A VEZ DA VOZ DAS RUAS.

Milhares de pessoas foram às ruas no feriado de 7 de Setembro protestar contra a corrupção.

Ao contrário do que estamos acostumados a ver, não foi um evento com patrocínio de movimentos "sociais" mobilizados pela esquerda; estes aderiram ao constrangedor silêncio de quem parece satisfeito com as gordas verbas estatais.

Desta vez, os grupos se organizaram de forma espontânea e apartidária pelas redes sociais. Nas palavras de uma revista, tratou-se do "despertar das consciências".


A iniciativa merece apoio daqueles cansados de tanto descaso no uso do dinheiro público. Bilhões são desviados todo ano, políticos são pegos em flagrante, mas nada acontece.

O ex-presidente Lula ajudou muito a criar este clima de anestesia geral, utilizando sua popularidade para proteger aliados corruptos. Parece que as pessoas estão finalmente acordando para o fato de que a letargia de hoje será paga com mais abusos amanhã.


Já era hora de as pessoas honestas, saturadas de tanto abuso dos governantes, partirem para alguma ação efetiva.

A pressão popular é uma arma legítima em qualquer democracia. O ideal é que este movimento se mantenha blindado contra o oportunismo político.

Desta forma ele ganha mais legitimidade, até porque o combate à corrupção é uma bandeira da sociedade contra o corporativismo político, não contra um partido específico.


A corrupção tem muitas causas, mas creio que duas merecem destaque: impunidade e concentração de poder. Quanto à impunidade, a arma mais eficaz talvez seja justamente a pressão popular, com passeatas de protesto.

Lembremos que o "mensalão" ainda nem foi julgado e corre o risco de prescrever. Os brasileiros decentes não podem aceitar tanto escárnio!


Já quanto à concentração de poder, será preciso atuar no campo das ideias, com foco no longo prazo. A mentalidade predominante no país, que desconfia do livre mercado e deposita fé quase religiosa no governo, terá que mudar.

Mas isso não ocorre num piscar de olhos. É preciso investir nas ideias, apostar no poder dos bons argumentos. Esta mudança cultural será crucial para a sustentabilidade de um modelo com menos corrupção.


A ONG Transparência Internacional possui um ranking com os países percebidos como menos corruptos por seus cidadãos. Já o The Heritage Foundation publica anualmente o Índice de Liberdade Econômica.

Não será surpresa alguma para quem compreende a teoria econômica saber que há enorme correlação entre ambos, ou seja, os países menos corruptos são também os países com maior liberdade econômica.

Nada menos que 15 países estão entre os 20 primeiros colocados de ambos indicadores.

Já o Brasil está na rabeira dos dois. E ainda culpam os "neoliberais" por nossos males!


Quanto mais recursos da economia forem canalizados para o governo central, maior será a tentação de grandes empresas tentarem capturar tais recursos por meio de propinas.

Quando o destino de um setor inteiro depende da poderosa caneta de um burocrata, parece natural supor que o preço desta caneta vai às alturas no mercado negro. Subornar governantes passa a ser bem mais lucrativo do que investir na competitividade.


Milton Friedman destacava quatro formas de se gastar dinheiro. A primeira é quando gastamos nosso dinheiro conosco, com total foco no custo e no benefício.

A segunda é gastar nosso dinheiro com terceiros, como na compra de um presente. O benefício já perde alguma importância. Já as duas últimas são as piores: gastar dinheiro dos outros com os outros e com nós mesmos.

O famoso "dinheiro da viúva", sem dono e, portanto, sem grandes preocupações com o custo. Estas são as formas estatais de gasto. Alguém ainda fica surpreso com tanto desperdício?


A verdade é que ninguém cuida tão bem de um carro alugado.

A tendência natural é cuidar melhor daquilo que nos pertence. Por isso é tão comum o descaso com a coisa pública, especialmente quando tudo importante sobre ela é decidido lá longe, em Brasília.

Em nossos condomínios ainda investimos algum tempo, pois sabemos que temos maior poder de influência. Mas com tanto poder concentrado no governo central, quanto vale o meu único voto entre tantos milhões?


Estava mesmo na hora de os brasileiros saírem às ruas contra a impunidade. Talvez seja a melhor medida de curto prazo contra a corrupção. Mas também devemos investir em ideias, para reduzir a concentração de poder no governo central. Governo obeso é um convite à corrupção.

Até agora já pagamos este ano mais de R$1 trilhão em impostos, o grosso para o governo federal. Acorda, Brasil!

Rodrigo Constantino