"Um povo livre sabe que é responsável pelos atos do seu governo. A vida pública de uma nação não é um simples espelho do povo. Deve ser o fórum de sua autoeducação política. Um povo que pretenda ser livre não pode jamais permanecer complacente face a erros e falhas. Impõe-se a recíproca autoeducação de governantes e governados. Em meio a todas as mudanças, mantém-se uma constante: a obrigação de criar e conservar uma vida penetrada de liberdade política."

Karl Jaspers

janeiro 06, 2011

UMA SÍNTESE PARA A VERDADEIRA HISTÓRIA SOBRE O ÉBRIO/PARLAPATÃO COMO "PRESIDENTE" E APRENDIZ DE DÉSPOTA INÁBIL.

Se ouvido na última pesquisa sobre o desempenho do ex-presidente Lula, eu estaria entre os 17% que o viram de regular para baixo.

Ao estudar, fui ensinado a não me iludir com aparências, e o que predomina é uma versão de ótimo e bom que não corresponde aos fatos.

É evidente que a economia esteve melhor sob Lula.
Mas dizer que foi por causa dele é outra história
.
Surfou em duas ondas muito favoráveis.


A externa, um crescimento ímpar da economia mundial, trouxe não só um melhor desempenho do produto interno bruto (PIB), mas também a superação de grave problema com que o Brasil se deparava havia muitas décadas, a tal escassez de divisas, responsável por muitas crises econômicas.

Hoje sobram reservas e a última crise, que veio em 2008, não foi por falta delas, mas por contenção do crédito e de nossas exportações.
O Brasil então escapou ao tradicional choque externo, com forte desvalorização cambial, aumento da inflação, dos juros, da dívida publica e pedido de socorro ao FMI.

A outra boa onda foi no plano interno, vinda dos governos Collor, Itamar e FHC, com renegociação da dívida externa, ajustes nas finanças públicas, inclusive privatizações, e abertura da economia, dando-lhe maior estabilidade e eficiência. Lula nunca reconheceu bem essas boas ondas.

Sofismando, toma o que veio de bom depois dele como resultado de sua ação.
Como corolário, o ruim não é com ele.

Vejo-o como um peão em rodeios.
Neles, quem monta não recebe pontos se o animal não pula.
Ora, Lula quase que só montou bichos mansos.


Quando a crise pegou, o corcoveio da economia trouxe-o ao chão, mas aí veio com a conversa fiada da marolinha.

Fez que não viu o vagalhão, que custou ao País perto de R$ 200 bilhões em crescimento perdido.


Também pode ser comparado ao comandante de um barco encalhado por uma estiagem, no leito seco de um rio. Vieram as chuvas, o barco desencalhou e o comandante diz que foi obra dele.

O número final do crescimento do PIB em 2010 deve ficar perto de 7%, e certamente se vangloriará disso, mas esquecendo o buraco de 2009, o que levará a uma taxa média próxima de 3,5% nos dois anos, ridícula se comparada à de países realmente empenhados em crescer, como a China e a Índia, a primeira, aliás, com suas importações ajudando muito o Brasil.

Ao administrar, foi um desastre na área de pessoal, contratando mais sem maiores critérios, expandindo cargos providos sem concurso - em cuja elite hoje predominam companheiros sindicalistas -, e pagando salários bem maiores que os do mercado de trabalho, agravados pela aposentadoria privilegiada, que não conseguiu resolver.

Também tornou obscuras e mais frágeis as contas governamentais, até mudando critérios de avaliação do superávit primário e expandindo fortemente a dívida bruta, além de usar boa parte do primeiro dinheiro do pré-sal para tapar buracos nessas contas.

Demonizou as privatizações, mas pouco fez para ampliar com vigor a capacidade de investimento da administração pública. Por essa e outras razões, são indispensáveis investimentos privados para a provisão de serviços públicos, mas relutou em fazer isso.
Um caso emblemático está de novo nas manchetes, o crônico estrangulamento dos principais aeroportos, que não conseguiu resolver em dois mandatos.

O nome disso não é competência.
Ao sair, disse que foi fácil governar, mas a facilidade veio das duas ondas citadas, e também porque não enfrentou seriamente gravíssimos problemas.

Como na infraestrutura, na saúde, na segurança e na previdência, entre outros. Também disse que pode ensinar a governar, mas quem precisa de ajuda é porque está difícil. Colocar gente no Bolsa-Família é fácil, com a economia gerando mais impostos, mas promover bolsistas via educação e trabalho é difícil, e não teve a mesma atenção.
(...)

Vangloria-se de suas raízes humildes, de seu passado de operário, mas hoje se vê como um iluminado, bem acima dos que o elegeram e o endeusaram.

Fiel mesmo às suas origens, Harry Truman, ao deixar o governo nos EUA, em 1953, saiu dirigindo seu carro, acompanhado apenas pela esposa

Original/Íntegra : Lula, nem ótimo nem bom

Roberto Macedo -
ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP, É VICE-PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE SÃO PAULO

BALANÇA DESCALIBRADA.

Em meio ao turbilhão da posse do ministério do novo governo, passou meio despercebida a divulgação, no início da semana, de um dos principais indicadores econômicos do país:
os resultados da balança comercial em 2010.

O destaque foi o patamar alcançado pelas exportações, que atingiram US$ 202 bilhões, recorde histórico, com providencial ajudinha das vendas da Petrobras ao exterior nos últimos dias do ano.

O que à primeira vista pode parecer um desempenho venturoso esconde algo bem perverso. Como as importações cresceram num ritmo muito mais vigoroso que o das exportações brasileiras, o saldo comercial despencou e foi a US$ 20,3 bilhões. Com queda de 20% em relação a 2009, representou o pior resultado do governo Lula. Mas deve piorar.
As previsões de mercado captadas pelo boletim Focus do Banco Central prognosticam superávit comercial de apenas US$ 8 bilhões para este ano.

Se confirmada, será a pior marca para o indicador em uma década.
Em 2010, enquanto as exportações avançaram 31%, as importações cresceram 42%.
A previsão oficial é de que as exportações se expandam 13% neste ano - ou seja, pouco mais de um terço do avanço anotado em 2010.
Em contrapartida, com menor crescimento do PIB as importações tendem a crescer menos desta vez.

O mais grave é a diferença entre a composição (e, portanto, o valor) daquilo que o país compra e do que vende:

no primeiro caso, produtos sofisticados e mais bem acabados, como automóveis, máquinas e equipamentos; no segundo, matérias-primas, alimentos e commodities em geral, mais baratos por natureza. Pela primeira vez desde 1978, o Brasil exportou mais commodities do que produtos manufaturados.

No ano passado, a participação das matérias-primas na pauta saltou de 40,5% para 44,6%, enquanto os bens manufaturados fizeram caminho inverso, caindo de 44% para 39,4% do total embarcado.


Visto numa perspectiva mais ampla, a reversão é ainda mais impressionante:

no início do século, manufaturados perfaziam 57% das exportações brasileiras. Ocorre que, na época da maior bonança financeira mundial, o Brasil engatou os vagões do seu comércio exterior na locomotiva chinesa e relegou a segundo plano mercados para onde tradicionalmente exportou bens de maior valor agregado, como os Estados Unidos e a União Europeia.

Como resultado, cultivamos hoje uma relação quase colonial com a potência emergente da Ásia.
A china, para onde seguiram 15% das exportações brasileiras no ano passado, consome avidamente matérias-primas, alimentos e commodities minerais brasileiras.
Processa-as e nos vende de volta bens acabados como aço, eletrônicos e até café torrado e moído - não esquecer que o Brasil é o maior produtor mundial da bebida. .

Pendurado no vigor chinês, o Brasil também está cada vez mais dependente da escalada das cotações internacionais - minério de ferro e açúcar, por exemplo, estão em pico histórico - para não ver seu saldo comercial escorregar para o vermelho.


Até outubro, segundo a
Funcex, enquanto o valor exportado pelo país aumentara 20% no ano, a quantidade embarcada crescera apenas 8%. O comércio internacional é uma das principais alavancas para o desenvolvimento econômico de uma nação.

O que parece claro é que, nos últimos anos, o aproveitamento que o Brasil vem fazendo deste empuxo tem estado aquém do potencial exportador do país. Com o mercado de consumo interno em ebulição, a preferência tem sido por importar como nunca.
Pode sair caro.

O Iedi já vê o ano de 2010 como "um divisor de águas, por simbolizar uma penetração ímpar das importações industriais capaz de deslocar a produção nacional e deprimir o potencial de crescimento da indústria e da economia (brasileira) como um todo".
Efeito cristalino disso pode ser visto no total de empresas brasileiras que exportam e importam.


Enquanto o universo das importadoras cresceu 33% nos anos Lula, atingindo 34.033 até 2009 (os dados consolidados de 2010 ainda não estão disponíveis), o de exportadoras subiu apenas 5,4%, para 19.823.
Há evidências de todos os tipos à vista para que o novo governo aja e não continue a entregar o ouro do nosso comércio exterior para nossos concorrentes mais diretos.

Perseverar nesta linha não é um negócio da China.
Fonte: ITV /